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Empresa do Recife quer dificultar a vida do fraudador — e acaba de captar R$ 155 milhões para isso

Esse é o segundo aporte na empresa, que está avaliada em cerca de 900 milhões de reais

André Ferraz, da Incognia: startup foi criada depois que primeiro negócio do empresário viu a receita cair 95% por causa da pandemia (Incognia/Divulgação)

André Ferraz, da Incognia: startup foi criada depois que primeiro negócio do empresário viu a receita cair 95% por causa da pandemia (Incognia/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 10h01.

Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 15h41.

A digitalização de serviços como os de banco e de varejo facilitou a vida de muita gente. Pessoas começaram a fazer na palma da mão algo que, antes, exigia uma ida a uma agência ou a uma loja. Por outro lado, esse processo também deu a criminosos novos caminhos para aplicarem golpes na população, com as fraudes digitais.

Vazamentos de dados, por exemplo, podem permitir que golpistas abram contas em nome de outras pessoas e tomem crédito. Também pode facilitar a criação de contas em marketplaces para aplicar golpes em outras pessoas usando o nome de um inocente. 

Um estudo realizado pela empresa AllowMe aponta que, a cada 10 contas abertas em instituições financeiras, duas são suspeitas de fraude.

Para atacar esse tipo de crime, bancos e outras empresas se mobilizaram e colocaram uma série de validações para abertura de contas, saques e até mesmo para fazer Pix. São verificações como reconhecimento facial e checagens de documentos.

A Incognia, empresa que nasceu em Recife e hoje tem sede nos Estados Unidos com escritórios em Pernambuco e em São Paulo, atua nessa área, mas com um tipo diferente de verificação: usando geolocalização

“No momento que o fraudador tentar abrir a conta, nosso sistema, integrado ao aplicativo do banco, vai pedir informação de localização. A Incognia checa se o local onde a conta está sendo aberta bate com o endereço da pessoa”, diz André Ferraz, CEO e cofundador da Incognia. “E mais, conseguimos ver se aquele celular de onde a conta está sendo aberta já chegou, em algum momento, a ser usado na residência da pessoa. Com isso, conseguimos fazer a validação”. 

Com essa tecnologia, a Incognia acaba de anunciar uma nova captação de investimento de 31 milhões de dólares (cerca de 155 milhões de reais), liderada pela Bessemer Venture Partners, com participação da FJ Labs e investidores atuais, incluindo Point72, Prosus, Valor Capital e Unbox Capital. 

O dinheiro será usado para desenvolver ainda mais a tecnologia da companhia e acelerar a expansão global.

Qual é a estrutura da Incognia

A Incognia, criada em 2020, tem hoje cerca de 130 funcionários divididos em escritórios nos Estados Unidos, onde fica parte da equipe de vendas, em Recife, onde fica boa parte do time de tecnologia, e em São Paulo, onde há marketing, vendas e atendimento. 

Essa equipe desenvolve a tecnologia que, hoje, atende cerca de 370 milhões de pessoas em 30 países. 

A empresa não divulga o faturamento, mas diz que está na casa dos oito dígitos, em dólares. Com o novo aporte, ela passa a ser avaliada em 181 milhões de dólares - cerca de 900 milhões de reais. 

Esse é o segundo aporte que a startup recebe. O primeiro, de 15 milhões de dólares, foi na metade de 2022. Desde lá, a empresa triplicou a receita. 

“A Incognia está emergindo como líder de mercado no combate à fraude em diversos segmentos, o que é fundamental no cenário atual, à medida que os fraudadores se tornam cada vez mais sofisticados”, diz Charles Birnbaum, sócio da Bessemer Venture Partners.

A tecnologia da Incognia inclui a capacidade de detecção de técnicas de adulteração da integridade dos dispositivos, como o uso de emuladores, e é à prova de falsificação de localização, entregando para os usuários uma experiência de uso segura e sem fricção. 

Como a Incognia nasceu

A Incognia começou como um projeto universitário. Seus fundadores faziam ciências da computação na Universidade Federal de Pernambuco e começaram a desenvolver uma tecnologia de geolocalização para ser mais detalhada que o GPS. A ideia era que essa tecnologia pudesse detalhar espaços fechados, como lojas, andares e apartamentos. O ano era 2012.

“Depois de várias tentativas frustradas em transformar isso num produto comercial, desenvolvemos uma solução de marketing baseado em geolocalização, em 2014”, diz Ferraz. “A gente dava insumos para os varejistas físicos medirem quantas pessoas entravam na loja depois de ver uma publicidade na rua”.

Com a pandemia, lojas físicas fechadas e pouca gente na rua, a receita deste negócio caiu 95%. No mesmo tempo, porém, a digitalização dos negócios tiveram um salto. Foi quando entenderam que poderiam usar a tecnologia de geolocalização para ajudar na prevenção a fraudes. 

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