Renato Fairbanks, presidente da Iugu: ambição para 2025 é aumentar as "fintechzinhas" (Iugu/Divulgação)
Repórter
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 07h17.
O mercado financeiro brasileiro está em plena transformação, impulsionado pelo avanço das fintechs e pela digitalização acelerada de serviços. Dados do Banco Central mostram que o Brasil já ultrapassou a marca de mil instituições de pagamento reguladas, um reflexo do aumento da competição em um setor antes dominado por grandes bancos.
Nesse cenário, empresas enfrentam o desafio de simplificar processos financeiros e melhorar a eficiência. É aí que entra a Iugu. Fundada em 2012, na cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul, a empresa começou na garagem da mãe do fundador, Patrick Negri. Ele havia acabado de vender sua parte como sócio de uma agência digital. Com uma carteira de 700 clientes, foi lá que Negri percebeu a dificuldade que era emitir e controlar as cobranças.
Inspirado pelo sucesso das big techs como Google e Facebook na época, sabia que queria ter uma empresa de tecnologia e passou a pesquisar sobre o tema. Foi aí que descobriu a oportunidade de atender empresas de serviços, um segmento pouco explorado na época. O foco inicial da Iugu acabou sendo a automação de cobranças recorrentes das empresas.
No primeiro ano, Negri conheceu Renato Fairbanks. Na época, o executivo atuava como membro do conselho do Burger King e buscava oportunidades como investidor-anjo. Ele acabou sendo o primeiro investidor da Iugu e assumiu a cadeira de presidente em 2020. Negri ficou como diretor de tecnologia, área na qual atua até hoje.
Hoje, oferece diversas ferramentas de automação financeira e até a opção de criar a própria. Os principais clientes são Conta Azul, Isaac, Contabilizei, Alice e Pier Seguradora.
Em 2023, a receita da Iugu cresceu impressionantes 73%, saltando de 93 milhões para 161 milhões de reais. Esse desempenho garantiu o 8° lugar no ranking EXAME Negócios em Expansão, na categoria de empresas com faturamento entre 150 e 300 milhões de reais.
A história da Iugu começa com uma dor do mercado: muitas empresas encontravam dificuldades para gerenciar processos financeiros de forma eficiente, perdendo tempo e recursos. "Empresas queriam crescer, mas enfrentavam dificuldades operacionais com processos ineficientes. Nossa missão foi automatizar essas operações e desbloquear o potencial dos nossos clientes", explica Renato Fairbanks, presidente da Iugu.
Um dos primeiros marcos foi a mudança para São Paulo, em menos de um ano após a fundação. "Estar no eixo onde os investimentos aconteciam foi crucial para nosso crescimento. O Brasil passava por uma retomada no setor de tecnologia, especialmente com a onda de soluções na nuvem", diz o executivo.
A plataforma de gestão para clínicas odontológicas Clinicorp, por exemplo, conseguiu aumentar o volume total de transações processadas em 45% entre 2023 e 2024 graças à API da Iugu, que automatizou a jornada de venda e cobrança dos clientes da empresa.
Já a Eduzz, plataforma de conteúdo educacional, precisava de uma instituição de pagamento regulamentada pelo BC para agilizar a distribuição de pagamentos aos profissionais que produziam conteúdo por lá. Encontrou a Iugu em 2020 e até hoje tem uma parceria com a fintech.
Na época, a empresa tinha um volume alto de cancelamento das compras online, conhecida como "chargeback", que acontece quando o titular do cartão de crédito aciona o estorno. O volume alto de chargeback gerou multas que, claro, custavam para a Eduzz. Com ajuda da Iugu, o índice teve uma redução de 42% em 2022 — caiu de 1,66% para 0,97%.
O primeiro produto da empresa foi uma solução para cobranças recorrentes, que automatiza assinaturas e garante receitas previsíveis. Desde então, a Iugu expandiu seu portfólio com ferramentas como o Split, que automatiza a divisão de pagamentos entre múltiplos participantes de uma transação, e o Iugu BaaS, que permite que empresas desenvolvam seus próprios produtos financeiros sem precisar enfrentar a complexidade regulatória.
A infraestrutura da Iugu também permite que empresas criem suas próprias fintechs ou automatizem operações financeiras com facilidade. Com isso, seus clientes podem oferecer serviços como carteiras digitais, cashback e até linhas de crédito, sem enfrentar os desafios regulatórios e operacionais que esse setor exige.
O diferencial da Iugu está na flexibilidade de suas APIs. Elas são como portas de um aplicativo que permitem que agentes externos (outro aplicativo, por exemplo) se conectem ao sistema original.
"Nossa tecnologia se adapta às demandas dos clientes, permitindo que eles construam fluxos financeiros únicos, sem precisar mudar seus modelos de negócio para encaixar em sistemas pré-definidos", explica Fairbanks.
Para 2025, a empresa planeja modularizar ainda mais seus produtos, permitindo que clientes construam suas próprias "fintechzinhas". "Queremos ser a infraestrutura de todas as empresas que buscam crescer sem se preocupar com a complexidade dos processos financeiros", conclui o CEO.
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.
Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas brasileiras que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023.
A análise considerou os negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.
Após uma análise detalhada das demonstrações contábeis das empresas inscritas, a edição de 2024 do ranking foi lançada no dia 24 de julho. São 371 empresas de 23 estados brasileiros que criam produtos e soluções inovadoras, conquistam mercados e empregam milhares de brasileiros.