KC-390 da Embraer: é o menor valor desde a metade de 2006, quando o backlog estava em pouco mais de 10 bilhões de dólares (Divulgação/Embraer)
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2012 às 20h08.
São Paulo - A carteira de pedidos da Embraer, um indicativo da receita futura da empresa, caiu em junho ao menor nível em seis anos, atestando a fraqueza da demanda por aviões comerciais na Europa em crise e o ainda paralisado mercado norte-americano.
Terceira maior fabricante de jatos civis do mundo, a Embraer encerrou o segundo trimestre com encomendas a entregar (backlog) de 12,9 bilhões de dólares, contra 14,7 bilhões de dólares três meses antes.
É o menor valor desde a metade de 2006, quando o backlog estava em pouco mais de 10 bilhões de dólares.
A Embraer não fechou nenhuma venda na aviação comercial de abril a junho deste ano, de acordo com informações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
No fim de maio, o presidente-executivo da companhia, Frederico Curado, disse à Reuters que há campanhas de vendas nos Estados Unidos no radar, demonstrando confiança de que negócios a serem fechados lá compensem parcialmente o jejum no continente europeu.
A expectativa de Curado, na ocasião, era que a Embraer terminasse 2012 com backlog estável em relação ao visto no fim do ano passado, quando estava em 15,4 bilhões de dólares.
A carteira de pedidos engloba aviação comercial, executiva e defesa, com a primeira respondendo por cerca de dois terços do total.
A empresa tinha em junho 200 aviões comerciais para entregar a clientes, a maioria do modelo Embraer 190 de 100 passageiros. Isso representa cerca de dois anos de produção, abaixo da média histórica recente de três anos.
No segundo trimestre, a Embraer entregou 55 aviões -35 comerciais e 20 executivos, segundo divulgou nesta terça-feira.
No acumulado do primeiro semestre, as entregas totalizaram 89 aviões -56 comerciais e 33 executivos. A meta para o ano é de 105 a 110 jatos comerciais e de 90 a 105 executivos.
Defesa - A Embraer vem buscando reduzir sua dependência da aviação comercial. A maior aposta é no segmento militar, menos suscetível aos altos e baixos da economia global e com orçamentos mais estáveis de governos.
A empresa brasileira tem se aproximado da Boeing na área de defesa e nesta terça-feira, pela manhã, disse que a gigante norte-americana fornecerá sistemas de armamento para seu Super Tucano .
O avião de treinamento e combate leve é a maior esperença da Embraer para ingressar no importante mercado norte-americano, com Washington tendo o maior orçamento de defesa do mundo.
A Embraer disputa pela segunda vez uma licitação promovida pela Força Aérea dos EUA para aviões a serem usados no Afeganistão. A primeira concorrência, que tinha sido vencida pela fabricante brasileira, foi cancelada em meio a questionamentos da rival Hawker Beechcraft.
Além do Super Tucano, que já foi selecionado por 10 clientes em três continentes, a Embraer está desenvolvendo o cargueiro KC-390, seu projeto mais ambicioso no momento e que será o maior avião já fabricado no Brasil.
A Boeing também vai cooperar com o KC-390 por meio do compartilhamento de conhecimentos técnicos e avaliação de possível estratégia conjunta de vendas com a Embraer de aeronaves de transporte militar de médio porte.