Embraer: entre abril e junho deste ano, a fabricante entregou 26 aeronaves comerciais e 25 executivas (Paulo Whitaker/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de agosto de 2019 às 08h41.
Última atualização em 14 de agosto de 2019 às 09h34.
A Embraer registrou um lucro líquido atribuído aos acionistas da empresa de R$ 26,1 milhões entre abril e junho deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 485,0 milhões anotado em igual período de 2018.
O lucro líquido foi de 7,2 milhões de dólares, surpreendendo expectativas de analistas que esperavam Analistas esperavam, em média, prejuízo de 29 milhões de dólares, de acordo com dados Refinitiv.
Investidores têm monitorado a capacidade de resultados da empresa no futuro, uma vez que a Embraer está em processo de venda de 80% de sua divisão de aviação comercial, historicamente a mais lucrativa, para a Boeing, que deve ser concluída até o final deste ano.
Após a transação, a empresa brasileira terá de contar apenas com suas divisões restantes, jatos executivos e contratos de defesa, para impulsionar a última linha do balanço.
Já pelo critério ajustado, a companhia contabilizou prejuízo líquido de R$ 57,6 milhões, ante uma perda de R$ 21,4 milhões reportada um ano antes. Esse parâmetro exclui o imposto de renda e contribuição social diferidos no período.
Segundo a companhia, impostos resultantes de ganhos ou perdas em ativos não monetários — contabilizados no fluxo de caixa consolidado — totalizaram R$ 160,8 milhões no segundo trimestre de 2018, R$ 83,7 milhões negativos no segundo trimestre de 2019 e R$ 69,1 milhões também negativos no primeiro trimestre deste ano.
Além disso, o critério também exclui o impacto pós-imposto da provisão relacionada a itens especiais, que somou R$ 302,8 milhões no segundo trimestre de 2018 - neste ano, não houve reconhecimento de itens especiais no balanço da companhia.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) totalizou R$ 259,6 milhões no segundo trimestre, alta de 98,5% frente aos R$ 130,8 milhões registrados um ano antes. A margem Ebitda, por sua vez, ficou em 4,8%, aumento de 1 9 ponto porcentual (p.p.) sobre o segundo trimestre de 2018.
O resultado operacional (Ebit) atingiu R$ 101,1 milhões positivos, ante resultado negativo de R$ 92,4 milhões reportado um ano antes. Na mesma base de comparação, a margem Ebit atingiu 1,9%, contra 2,0% negativos observados no segundo trimestre de 2018.
A receita líquida da Embraer mostrou alta de 19,4%, passando de R$ 4,523 bilhões no segundo trimestre de 2018 para R$ 5,402 bilhões.
Os números de 2018 foram reapresentados por causa da adoção das normas contábeis IFRS 15 e IFRS 9.
Entre abril e junho deste ano, a fabricante entregou 26 aeronaves comerciais e 25 executivas (19 jatos leves e seis grandes), comparado aos 28 jatos comerciais e 20 executivos (15 leves e cinco grandes) entregues um ano antes.
Ao final do trimestre, a carteira de pedidos firmes atingiu US$ 16,9 bilhões acima dos US$ 16,0 bilhões vistos ao final de março. "A Embraer atingiu book-to-bill acima de 1 vez em todas as suas unidades de negócio, liderado pelas vendas no segmento de Aviação Executiva" destaca a empresa.
Por fim, a Embraer reafirmou todo o seu guidance, tanto financeiro quanto de entregas, para o ano de 2019.
A fabricante brasileira observa que, a partir de 26 de fevereiro deste ano, os resultados de Aviação Comercial e serviços relacionados passaram a ser apresentados como operações descontinuadas, devido à aprovação dos acionistas da parceria estratégica entre a Embraer e a Boeing.
"É importante ressaltar que a Companhia continua a apresentar seus resultados financeiros com 100% dos ativos, passivos e resultados financeiros do segmento de Aviação Comercial e seus serviços relacionados, e as estimativas financeiras e de entregas da Embraer para 2019 permanecem baseadas nessas premissas", diz a empresa.
O segmento de Aviação Comercial da Embraer representou 45,7% da receita consolidada da Embraer no segundo trimestre deste ano, abaixo da fatia de 60,5% verificada há um ano.
Segundo a empresa esse movimento reflete o menor número de entregas, o que também levou a uma redução de 9,9% da receita líquida da divisão entre os trimestres.
Na contramão, a maior quantidade de jatos executivos entregues fez com que a receita líquida da Aviação Executiva aumentasse 51,8%, para R$ 1,162 bilhão. Já a fatia do segmento na receita total da fabricante passou de 16,9% para 21,5%.
Em informe de resultados, a empresa destaca que todas as suas unidades de negócio atingiram um "book-to-bill" (relação entre pedidos recebidos e entregas faturadas) acima de 1 vez durante o trimestre, sobretudo devido à "demanda contínua do mercado, principalmente pelos novos jatos Praetor e pela família de jatos Phenom na Aviação Executiva".
Em Defesa & Segurança, a receita líquida aumentou mais de sete vezes em relação ao segundo trimestre de 2018, atingindo R$ 766,8 milhões. Com isso, a participação do segmento na receita total foi de 14,2%, ante 2,1% vistos um ano antes.
A empresa observa que, no segundo trimestre de 2018, a divisão sofreu impacto das revisões da base de custos no contrato de desenvolvimento do jato militar KC-390 - o que levou a um ajuste negativo das receitas reconhecidas em períodos anteriores, já que os contratos de defesa são geralmente contabilizados pelo porcentual de conclusão.
O primeiro KC-390 deverá ser entregue à FAB no segundo semestre deste ano. "A campanha de ensaios em voo, focada nas funcionalidades militares, segue em ritmo acelerado, tendo ultrapassado a marca de 2.250 horas de voo", relata a Embraer.
Por fim, as receitas de Serviços & Suporte cresceram 8,9% em relação ao ano anterior, para R$ 1,001 bilhão no trimestre, representando 18,5% da receita consolidada da companhia, comparado a 20,3% no segundo trimestre de 2018.