A preocupação da Boeing e da Airbus em desenvolver aviões cada vez maiores, como o recém-lançado A380, e a menor competitividade da canadense Bombardier deixaram a Embraer numa situação bastante confortável. De acordo com analistas, a fabricante brasileira de jatos não tem praticamente concorrentes e tende a assumir a liderança do mercado mundial de aeronaves regionais em que a Bombardier ainda é a maior empresa.

"A boa notícia para a Embraer é que a empresa, provavelmente, liderará o mercado pelos próximos cinco ou seis anos sem praticamente nenhum rival", afirmou, ao jornal americano The New York Times, Ronald Epstein, analista da Merril Lynch em Nova York.

O passo que poderá levar a Embraer a dominar o mercado de vôos regionais é o lançamento, neste ano, do modelo 190, que integra uma família de jatos modernos capazes de transportar de 70 a 118 passageiros.

Com ele, a empresa brasileira poderá explorar um nicho praticamente ignorado pelos demais fabricantes de aeronaves. A Bombardier, sua concorrente direta, ainda baseia suas vendas em atualizações de seu velho modelo de 50 lugares, agora adaptado para 86 passageiros.

Os canadenses estão investindo 2 bilhões de dólares para criar uma nova família de jatos com capacidade para atender de 110 a 135 passageiros. Os primeiros aviões, porém, só devem alçar vôo em 2010.

Enquanto isso, os primeiros Embraer 190 entrarão em operação comercial em outubro, comprados pela companhia americana JetBlue, baseada no mesmo conceito de baixos custos da brasileira Gol. A empresa assinou pedidos firmes de compra de 100 aeronaves modelo 190, com entrega prevista até 2011. A JetBlue também mantém outras 100 opções de compra.

A Embraer (28ª no ranking de Melhores & Maiores 2004) estima que a demanda por esses jatos ultrapasse os 5 800 aparelhos nas próximas duas décadas. Até o momento, a empresa já recebeu 343 pedidos firmes de compra.

O Embraer 170, modelo anterior da empresa, também continua bem aceito no mercado. Com capacidade para 72 passageiros, o avião é usado por companhias como a US Airways, Alitalia e Cirrus. A Comair, braço da Delta Airlines para vôos regionais, também pretende adquirir 25 aeronaves do modelo 170. A Comair chegou a afirmar, na imprensa, que os aviões da Embraer eram "vitais" para o futuro da companhia.

Tanta receptividade do mercado também rende frutos financeiros. A companhia brasileira encerrou 2004 com recordes de faturamento e de lucro. A receita líquida da Embraer atingiu 10,231 bilhões de reais 55,7% maior que a de 2003. Já o lucro líquido, de 1,256 bilhão, mais do que dobrou em relação ao ano anterior. No final do exercício, a empresa possuía uma carteira de pedidos firmes de 10,1 bilhões de dólares.