Apresentação do modelo KC-390 da Embraer em 21 de outubro para a imprensa e convidados (Nelson Almeida/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2014 às 14h46.
São Paulo - A Embraer, a terceira fabricante mundial de aviões comerciais, divulgou nesta quinta-feira perdas no valor de US$ 10,7 milhões no terceiro trimestre, devido à queda do real, uma cifra que contrasta com a registrada no mesmo período de 2013.
A Embraer teve que pagar um imposto de renda maior durante o terceiro trimestre deste ano em relação ao do ano passado.
"O aumento desse gasto se deveu principalmente em razão do efeito da variação cambial", assinalou a empresa em uma nota.
A publicação dos resultados coincide com uma greve indefinida por aumento salarial de 10.000 dos 13.000 trabalhadores da empresa.
"É uma greve histórica. É a primeira vez desde a privatização de 1994 que acontece uma greve por tempo indeterminado na Embraer", disse o sindicato em uma nota.
A greve, iniciada na tarde de quarta-feira, paralisou toda a produção na fábrica de São José dos Campos, no interior de São Paulo, segundo o sindicato. Os trabalhadores rejeitam o reajuste de 7,4% proposto pela empresa.
Problemas de câmbio
A Embraer deixou de pagar um maior imposto de renda durante o terceiro trimestre de 2014 em relação ao mesmo período do ano passado, o que afetou seu resultado.
"O aumento desse gasto se deveu principalmente ao efeito de variação cambial", afirmou a empresa em nota.
Entre ambos os períodos o real se desvalorizou 11% em relação ao dólar.
Além disso, a companhia entregou menos aviões neste período: 19 aviões comerciais e 15 executivos em comparação a 19 aviões comerciais e 25 executivos do terceiro trimestre de 2013.
Nos primeiros nove meses do ano, a Embraer entregou um total de 62 aviões comerciais e 64 executivos.
As receitas líquidas no terceiro trimestre de 2014 totalizaram 1,239 bilhão de dólares, 3,8% a menos em relação ao mesmo período do ano passado.
"A queda se deveu principalmente à combinação de um menor número de entregas de aviões executivos e comerciais", comentou a empresa.
Boas notícias na defesa
A queda nas receitas pela venda de aviões comerciais e executivos, no entanto, foi compensada em parte por forte alta de 29% nas receitas do setor de defesa, que a Embraer está empenhada em fortalecer. Estas receitas foram de 346,2 milhões de dólares.
Os pedidos de entrega (backlog) do terceiro trimestre foi de 22,1 bilhões de dólares, um valor recorde. No mesmo período de 2013, o backlog havia sido de 17,8 bilhões de dólares.
As receitas do setor de Segurança e Defesa foram os únicos que cresceram no período. Continua sendo, entretanto, a segunda fonte de receita depois da aviação comercial.
No final de outubro a Embraer apresentou seu novo avião de transporte militar KC-390, que a empresa espera transformar em uma alternativa ao norte-americano Hércules.
O projeto desse avião, o maior construído pela indústria aeronáutica brasileira, é de 4,6 bilhões de reais (cerca de 1.800 de dólares no câmbio atual) financiados pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Em maio, a Embraer assinou um contrato para vender à FAB 28 aviões KC-390 nos próximos 10 anos.
Por enquanto, a empresa só informou que há vários países com a intenção de comprar 32 aeronaves, sem dar mais detalhes.
A Embraer, com sede em São José dos Campos, a 80 km de São Paulo, é a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo atrás da Boeing e da Airbus.
Em 2013, a Embraer informou um lucro líquido anual de 342 milhões de dólares, 1,7% menor que 2012.