Operário trabalha na montagem de aeronave na sede da Embraer, em São José dos Campos: acordo com American Airlines não inclui recompra de jatos antigos (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2013 às 16h14.
São Paulo - A Embraer disse nesta quinta-feira que o contrato para a venda de até 150 novos aviões E175 para a American Airlines (AA) não inclui acordo de recompra de jatos antigos da frota da companhia aérea norte-americana, uma preocupação de alguns analistas pelo efeito que isso teria nas margens da empresa brasileira.
Importantes companhias aéreas dos Estados Unidos anunciaram, desde o fim de 2012, grandes encomendas de aeronaves na faixa de 70 lugares para substituição e renovação de suas frotas de jatos regionais menores. Mas pelo menos um desses contratos previa a recompra de aeronaves antigas da companhia aérea pela fabricante.
A Embraer anunciou nesta manhã uma encomenda firme da AA por 60 aviões E175 e opções de compra para outras 90 aeronaves do mesmo modelo.
A canadense Bombardier, principal rival da Embraer, fechou há um ano acordo para venda de até 70 aviões à Delta Air Lines, assumindo o compromisso de receber de volta 60 aviões usados de 50 passageiros que foram fabricados por ela.
Desde então, cada anúncio de venda de jatos regionais a empresas aéreas dos EUA levanta temores entre analistas em relação às contrapartidas oferecidas pelas fabricantes para assegurarem os novos contratos.
A Bombardier também recebeu nesta quinta-feira um pedido firme da AA, porém menor, envolvendo 30 aviões CRJ900, com mais 40 opções.
Antes do acordo com a AA, a Embraer fechou neste ano vendas nos EUA para Republic Airways, United Airlines e SkyWest. A assessoria de imprensa da Embraer disse que nenhum desses negócios contempla a devolução de jatos antigos para a fabricante.
O analista Stephen Trent, da Citi Research, escreveu em relatório que havia o risco de a Embraer ter concordado em recomprar aviões antigos de 50 assentos, o que envolveria custos extras para a fabricante.
Descontos?
A preços de tabela, o pedido firme da AA à Embraer tem valor estimado de 2,5 bilhões de dólares, podendo superar os 6 bilhões de dólares com o exercício das opções de compra.
A equipe do banco Itaú BBA liderada pelo analista Renato Salomone estima que a encomenda firme da AA à fabricante brasileira é de 1,5 bilhão de dólares, considerando preços similares aos estimados pela casa nos últimos negócios do setor de aviação regional nos EUA.
O analista Trent, da Citi Research, também acredita em descontos expressivos. Entre outras razões, ele lembra que a AA já encomendou indiretamente 47 aviões E175 à Embraer via Republic Airways mais cedo neste ano.
Procurada, a Embraer disse que não comenta sua política de preços para clientes específicos e divulga apenas os preços de tabela de seu portfólio de produtos.
Para o banco BTG Pactual, o desconto de preço nas grandes encomendas e o aumento da relevância do E175 na composição das entregas de jatos da Embraer devem pesar sobre as margens do segmento de aviação comercial da empresa no curto prazo.
O E175 tem valor unitário inferior ao E190, de 100 passageiros e que nos últimos anos respondeu pela maioria das entregas da fabricante na aviação comercial.
O BTG Pactual recomenda a compra das ações da Embraer, enquanto Itaú BBA e Citi Research têm posição neutra.
As ações da Embraer chegaram a subir 6,3 por cento no começo do pregão na Bovespa, reagindo ao anúncio do pedido da AA, mas a alta reduziu a força na segunda metade do pregão. No fechamento preliminar, os papéis da empresa tinham alta de apenas 0,40 por cento, a 17,76 reais, enquanto o Ibovespa exibia oscilação negativa de 0,06 por cento.