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Em meio à crise no setor petrolífero, Petrobras reforça foco em inovação

Em entrevista à EXAME, o gerente executivo de P&D da companhia enaltece a importância das parcerias para inovar, mais recentemente com startups

 (Alaor Filho/Agência Petrobras/Divulgação)

(Alaor Filho/Agência Petrobras/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 30 de novembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 30 de novembro de 2020 às 11h18.

Ambientes inóspitos abaixo de lâminas d'água de mais de 2.500 metros: a exploração no pré-sal definitivamente não é para qualquer um. E em um cenário de cortes de investimentos em toda a indústria petrolífera global, diante dos desdobramentos da pandemia do novo coronavírus, a Petrobras garante que continuará investindo em inovação.

"A indústria de petróleo é muito tradicional, mas a exploração offshore, onde estamos inseridos, envolve altíssimo nível de inovação. Fundamentalmente, a Petrobras é uma empresa de tecnologia", afirma Juliano Dantas, gerente executivo do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, em entrevista à EXAME.

O momento é delicado para todo o setor. No caso da Petrobras, a empresa anunciou na semana passada um corte nos investimentos para o período de 2021 a 2025 de aproximadamente 30% em relação ao programa anterior. O foco, segundo a companhia, continuará sendo majoritariamente a exploração e produção no pré-sal.

Dantas explica que os investimentos da companhia em capacidade computacional têm sido cruciais para garantir os avanços. A Petrobras vem há décadas fazendo estudos de reservatórios, mas com novas tecnologias -- que incluem os chamados supercomputadores -- é possível utilizar algoritmos mais poderosos e desenvolver softwares capazes de entregar soluções mais assertivas. Somente em 2019, foram investidos 2,26 bilhões de reais em pesquisa e desenvolvimento de soluções tecnológicas.

O executivo cita como exemplo a rocha "gêmea", uma reprodução computacional idêntica à rocha de petróleo explorada no fundo do mar: com ela, é possível simular acontecimentos do dia a dia da empresa, o que permite antecipar soluções e até prevenir problemas mais graves.

Inteligência articial, segundo Dantas, é um dos elementos amplamente usados. Analisar, em nível molecular, como a rocha reage à exploração do petróleo também é uma das formas de inovação que a companhia vem desenvolvendo.

Além dos muros

O executivo reforça que, além da parceria tradicional com fornecedores e universidades para desenvolver soluções inovadoras, a Petrobras vem ampliando esse escopo. "Estamos trabalhando em parceria com as startups, que são nativas no conceito de transformação digital. Elas trabalham de forma ágil, com foco em produto e não em projeto. A Petrobras abraçou muito bem esse conceito."

A companhia iniciou, no ano passado, uma ação que visa atrair startups para dentro da Petrobras,  no âmbito do programa Conexões para Inovação. São lançados desafios ao mercado, de maneira aberta, e empresas podem ser inscrever e, caso selecionada, a startup recebe um investimento de 500 mil a 1 milhão de reais para desenvolver um plano para solucionar o problema em questão. 

Em 2020, foram 317 inscritos e 18 startups selecionadas. "Estamos ampliando muito esse relacionamento, que definitivamente é de ganha-ganha."

Dantas garante que, mesmo em um horizonte de transição energética, o petróleo continuará sendo extremamente demandado nas próximas décadas e esse é um dos motivos pelos quais jovens empreendedores continuam se interessando em se conectar com a companhia.

Nesta segunda-feira, 30, a empresa promove a primeira edição do Starting Up, evento inédito focado no setor de petróleo que debaterá as últimas tendências do ecossistema de startups, cases de inovação e desafios para o futuro da indústria. O acesso será gratuito e acontecerá no âmbito da Rio Oil & Gas, maior evento da área no Brasil. "Com essas parcerias, todos ganham. Nossa ambição é ser uma plataforma para que essas startups ganhem o mundo."

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