Existem cerca de 7 bilhões de aparelhos conectados à internet no mundo e esse número deve chegar a algo entre 20 bilhões e 50 bilhões nos próximos anos (Mastercard/Divulgação)
Natália Flach
Publicado em 5 de julho de 2019 às 11h24.
Última atualização em 11 de julho de 2019 às 16h40.
São Paulo - Em 2014, Ajay Banga, presidente da bandeira de cartões MasterCard, assumiu em público o compromisso de incluir financeiramente 500 milhões de pessoas até 2020. Assim que desceu do palco, que ele dividia com Christine Lagarde, sua amiga e diretora do Fundo Monetário Internacional (agora candidata a liderar o Banco Central Europeu), dois funcionários da companhia o questionaram com olhos arregalados “de onde o senhor tirou esse número?”. “Da minha cabeça”, respondeu, sem graça.
Cinco anos depois - e um ano para o fim do prazo -, já são 400 milhões de pessoas que passaram a ter um meio para pagar, receber e transferir dinheiro, por meio do mercado financeiro. Ou seja, se tornaram parte dessa indústria e podem controlar suas finanças com mais acurácia e até investir.
Esse feito é consequência de parcerias com diferentes atores da indústria (e de outros segmentos) e, claro, do desenvolvimento tecnológico. Na África, por exemplo, uma companhia instalou painéis solares em casas que não tinham luz elétrica. Também fez parcerias (incluindo a MasteCard) para que as famílias pudessem abrir contas digitais para comprar mais energia, caso precisassem. Por mais que a infraestrutura tecnológica pudesse ser complexa, para essas pessoas, a aplicação era simples: bastava posicionar a câmera do celular em frente a um QR code para comprar energia quando julgassem necessário.
”Inclusão se tornou uma palavra da moda, mas o importante é dar as mesmas oportunidades para todos. Isso é inclusão”, afirma Banga, em evento da MasterCard, nesta sexta-feira (5), em São Paulo. “O meu medo é a tecnologia aumentar a desigualdade. Atualmente, 2 bilhões de pessoas não têm carteira de identidade nem conta bancária. Imagina quando tivermos 5G instalado e a geladeira ou o tênis tiver acesso a dados? A distância entre aqueles que têm acesso à internet e aqueles que não têm vai aumentar.”
Atualmente, existem cerca de 7 bilhões de aparelhos conectados à internet no mundo e esse número deve chegar a algo entre 20 bilhões e 50 bilhões nos próximos anos. Os celulares serão super máquinas muito velozes, graças ao 5G. “Dados são o novo petróleo. Com a diferença de que o petróleo pode acabar um dia e os dados vão aumentar exponencialmente”, afirma.
É nesse contexto que a MasterCard quer se posicionar: não apenas como bandeira de cartão de crédito, mas como ator do ecossistema de pagamentos e que está migrando para se tornar uma empresa de tecnologia. Nesse sentido, fez diversas aquisições nos últimos três a quatro anos. Isso significa que estão cada vez mais integrados em open banking, APIs, biometria e segurança na internet.
“A grande tendência é digital: prover acesso, segurança e experiência ao usuário. É nessa linha que estamos seguindo”, diz Carlo Enrico, presidente da MasterCard na América Latina.