Negócios

Em busca do 4º presidente em 5 anos, BRF tenta reverter perda

No cardápio de medidas estão redução de custos, contratação de novos executivos e o lançamento de uma terceira marca

BRF: Ministério da Agricultura divulgou lista de países e blocos que compraram de alvos da Carne Fraca nos últimos 60 dias / Germano Luders/Exame (Germano Luders/Exame)

BRF: Ministério da Agricultura divulgou lista de países e blocos que compraram de alvos da Carne Fraca nos últimos 60 dias / Germano Luders/Exame (Germano Luders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de novembro de 2017 às 11h43.

Última atualização em 6 de julho de 2018 às 11h44.

São Paulo - Afundada numa crise de gestão, que levará a companhia a ter seu quarto presidente em cinco anos, a BRF - maior exportadora mundial de frango - tenta acelerar mudanças para recuperar o espaço perdido por Sadia e Perdigão e reverter o enorme prejuízo acumulado nos últimos trimestres - de outubro de 2016 até junho deste ano, o rombo beirou R$ 1 bilhão.

No cardápio de medidas estão redução de custos, contratação de novos executivos e o lançamento de uma terceira marca para atrair o consumidor de classe C. Especialistas e fontes próximas à empresa ouvidos pelo Estado receiam, porém, que os esforços sejam insuficientes para levar a empresa de volta ao azul em 2017. No primeiro semestre, as perdas foram de R$ 448 milhões.

Nas contas de Bradesco e Santander, por exemplo, mesmo se os resultados do terceiro e do quarto trimestre forem positivos, a BRF poderá ter prejuízo no fim do ano - ainda que muito menor que o de R$ 372 milhões apresentado em 2016.

A seu favor, a BRF tem o fim da "tempestade perfeita" que se abateu sobre a empresa no início do ano, diz Gabriel Vaz de Lima, analista do Bradesco BBI. A Operação Carne Fraca, que apurou esquema de pagamento de propina a fiscais sanitários, lançou dúvidas inicialmente sobre a qualidade dos produtos da empresa. Com embargos à carne brasileira e clientes temerosos, a BRF teve queda na demanda e viu dispararem gastos com transporte e armazenamento de produtos.

A empresa também convivia com pressão nos custos causada pela alta do preço do milho, usado na alimentação dos frangos de Sadia e Perdigão, em 2016. Esses efeitos agora começam a se dissipar com a gradativa melhora nas exportações e estrutura de custos mais equilibrada na cadeia de produção.

"Conjunturalmente, o cenário está muito favorável à empresa", afirma Ronaldo Kasinsky, analista do Santander. "Mas há dúvida sobre a capacidade execução. Vai acertar na gestão ou seguirá no processo de tentativa e erro?".

Pressão

O temor de que problemas de gestão minem a recuperação da companhia, manifestado por analistas como Kasinsky, é compartilhado pelos fundos de pensão Petros (dos funcionários da Petrobrás) e Previ (Banco do Brasil), que são os principais acionistas da BRF, com 22% da companhia.

O anúncio de que o atual presidente, Pedro Faria, ficará até o fim do ano no cargo foi apenas a última de uma longa lista de trocas no alto comando da BRF. Desde 2013, quando a gestão do fundo de private equity Tarpon e do empresário Abilio Diniz teve início, foram cerca de 20 mudanças de executivos apenas nas vice-presidências da empresa - a conta é muito maior se consideradas diretorias e gerências. Na área financeira, por exemplo, foram cinco diretores em quatro anos - o último, Lorival Nogueira Luz Junior assumiu em setembro. Há outras áreas críticas como marketing e RH, ambas em seu quarto executivo desde então.

Descontentes com os resultados, os fundos têm pressionado por mudanças. Na administração, além de ajudarem a forçar a queda de Faria, contribuíram para a demissão do vice-presidente de integridade, José Roberto Pernomian, que tem condenações na Justiça. Ambos tinham apoio e eram alinhados ao empresário Abilio Diniz, presidente do conselho de administração da BRF.

Tensão

Segundo pessoas próximas à empresa, o clima nas reuniões do conselho tem sido pesado. O pedido de renúncia de um dos conselheiros independentes, Carlos Parcias, feito no fim de outubro, foi interpretado por pessoas próximas à companhia como mais um sinal de desgaste. Ele alegou motivos pessoais.

"Há dificuldade em entender quem está dando as cartas. E isso deixa todos confusos, sem saber se a situação se estabilizou ou não", diz Kasinsky.

Por meio de nota, a BRF afirmou que não concederia entrevista por estar em período de silêncio em função da divulgação dos resultados, marcada para quinta-feira. A Petros afirmou que se reserva ao direito de não comentar assuntos estratégicos da companhia. A Previ não comentou o assunto.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:BRFPrejuízoPresidentes de empresaReestruturação

Mais de Negócios

Guga e Rafael Kuerten apostam em energia e imóveis nos 30 anos do Grupo GK

Eles acharam uma solução simples para eliminar as taxas na hora da compra

Quem são os bilionários mais amados (e odiados) dos EUA?

Esta empresa já movimentou R$ 100 milhões ao financiar condomínios em crise