Túlio Matos, um dos fundadores da fintech iCred: 200 milhões de reais do FGTS antecipados a 600.000 clientes em oito meses (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 20 de outubro de 2022 às 06h12.
Última atualização em 5 de outubro de 2023 às 18h37.
A fintech nordestina iCred captou 100 milhões de reais por meio de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, FIDC, uma modalidade de investimento no qual titulares de cotas têm rendimentos atrelados a recursos advindos de uma empresa.
É a primeira captação do tipo na empresa fundada há oito meses. No primeiro ano de operação, a fintech espera receita de 30 milhões de reais.
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O negócio da iCred é emprestar dinheiro a trabalhadores formais com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Desde abril de 2020, por causa da pandemia, cotistas do FGTS podem receber parte da quantia guardada ali, antecipadamente, por meio do Saque Aniversário FGTS.
A iCred opera o sistema de antecipação de recursos com uma plataforma feita dentro de casa. A premissa ali é simplificar a burocracia ao máximo para aprovação quase imediata da antecipação.
Para isso, a plataforma utiliza inteligência artificial no cruzamento de informações de diversos bancos de dados públicos de pessoas físicas.
A tecnologia rastreia os recursos em até 3 minutos, de acordo com dados da empresa, a análise toma até 3 minutos.
Enviada por Pix, a quantia antecipada costuma cair na conta dos beneficiários logo na sequência.
Em oito meses de funcionamento do sistema, a iCred antecipou 200 milhões de reais em recursos no FGTS.
Ao total, 1,2 milhão de pessoas fizeram simulações na plataforma da iCred. Metade resgatou recursos pelo sistema.
Por trás da tecnologia está o baiano Túlio Matos, um dos fundadores da iCred e, talvez, um dos maiores especialistas em tecnologias para políticas públicas de concessão de crédito no país.
Nascido em Salvador, Matos começou a carreira em negócios da família em Nordestina, município de 13.000 habitantes a 259 quilômetros de Salvador.
Ele e a família passaram as últimas duas décadas trabalhando em várias etapas do crédito consignado, uma das linhas mais populares em cidades pequenas e médias muito distantes da sofisticação da Faria Lima.
Matos entrou no crédito consignado aos 17 anos como vendedor de produtos de porta em porta — os famosos pastinhas.
De lá para cá, com o apoio do pai de Túlio, Júlio César, e de três irmãos, a família Matos ampliou — e muito — o envolvimento nesse tipo de financiamento.
Hoje eles são sócios da GVN, uma promotora de crédito sediada em Juazeiro, também no norte da Bahia, cujo negócio é indicar clientes a uma rede de 15 bancos com alguma linha de financiamento de crédito consignado.
Após 17 anos de operação, a GVN tem operação nacional tocada por mais de 1.200 profissionais de vendas associados.
Embora a escala da GVN seja impressionante, trata-se de um negócio num setor em mudança acelerada.
"Cada vez mais os bancos estão com tecnologias aguçadas para chegar ao mesmo lead que a gente gera para eles", diz Túlio.
"Resolvi, então, investir em tecnologia para conseguir chegar ao cliente deles."
Com isso em mente, nos últimos anos Túlio fincou pé em Aracaju para desenvolver com programadores da Universidade Federal de Sergipe uma tecnologia de inteligência artificial para simplificar a análise de dados cadastrais de pessoas interessadas em aproveitar linhas de crédito geridas pelo governo federal.
"Foi o embrião do que é hoje a iCred", diz. "Estamos, assim, preparando a rede de associados para atuar em outras frentes de negócios."
Uma das principais apostas neste momento é a do cross-selling com produtos financeiros de outras empresas, como os seguros da fintech goiana EQ.
Até o fim do ano, a iCred lançará novos serviços:
“Estamos muito felizes pelo crescimento e pela confiança que as pessoas estão depositando na gente", diz Túlio.
"Essa primeira rodada nos deixou animados porque conseguimos uma boa captação com casas de primeira linha. Estamos completando outro fundo warehouse, logo teremos uma segunda série e uma debênture que irá ao mercado. Isso amplia nossas opções de funding e permite lançarmos novos produtos”, diz Túlio.
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