A distância entre as fortuna dos bilionários deve aumentar. Os papéis da Tesla abriram em forte queda nesta quinta (JIM WATSON/Getty Images)
Repórter de Negócios
Publicado em 2 de março de 2023 às 11h52.
Última atualização em 2 de março de 2023 às 17h21.
O retorno de Elon Musk como o homem mais rico do mundo durou pouco. Em 28 de fevereiro, o índice de bilionários Bloomberg apontou que o fundador da Tesla e da SpaceX tinha reconquistado a posição, perdida em dezembro do ano passado para Bernard Arnault, dono do conglomerado de luxo LVMH responsável por marcas como Dior, Tiffany & Co. e Louis Vuitton.
Dois dias depois, Arnault figura de novo como o homem mais rico do mundo, de acordo com a indicador. A flutuação das riquezas diz respeito à variação dos preços dos principais ativos que compõem o portfolio patrimonial dos dois bilionários.
No caso de Musk, a Tesla. As ações da companhia acumulavam mais de 90% até o fechamento desta quarta-feira, 1º de março, mesmo fechando o dia em queda. A expansão ao longo dos primeiros meses do ano contribuiu para que a fortuna do bilionário crescesse quase 50 bilhões de dólares, após grandes perdas em 2022.
Do outro lado, o francês Arnault tem na LVMH o seu principal ativo, com ações negociadas na Bolsa de Paris. No ano, os papéis registram alta de 14% e garantiram ao bilionário um crescimento de 24,1 bilhão desde o início do ano.
Segundo a Bloomberg, a diferença entre a fortuna dos dois bilionários está em cerca de dois bilhões de dólares. Arnault tem US$ 186 bilhões e Musk, US$ 184 bilhões.Pela abertura da Nasdaq, onde os papéis da Tesla são negociados, a distância entre os dois devem aumentar - e muito. As ações da montadora iniciaram o dia com queda de mais de 6%, com valor em torno de US$ 189 dólares. Na quarta, tinham encerrado o pregão valendo cerca de US$ 202.
Nascido em Roubaix, na França, em março de 1949, Arnault é filho de integrantes de grandes indústrias da região e desde adolescente teve interesse pelo ambiente dos negócios. A educação do empresário foi de primeira classe, com passagens pelo liceu de Roubaix e o liceu de Faidherbe em Lille e, mais tarde, pela Ecole Polytechnique, concluindo o curso de engenharia em 1971.
Aos 22 anos, Arnault deu início na sua trajetória profissional na Ferret-Savinel, empresa de engenharia criada pelo pai e que migrou para o setor imobiliário. Com a morte do patriarca, o executivo reposicionou a empresa para o mercado de luxo e logo fez a primeira aquisição, a Financiére Agache.
Conhecido por sua gana de vencer e estratégia agressiva nos negócios, Arnault ganhou alguns apelidos que ajudam revelar a jornada construída pelo atual dono do posto de homem mais rico do mundo.
Entre eles:
O primeiro, “O Exterminador do Futuro”, surgiu logo que entrou no mercado de luxo, na década de 1980. Ele disputou a licitação pelo Boussac, conglomerado que detinha a marca Christian Dior, e pouco tempo depois de assumir o negócio, demitiu nove mil funcionários e se desfez da maior parte dos ativos da empresa, mantendo a marca Dior.
A conquista do comando da LVMH veio como resultado de uma outra batalha travada pelo executivo, quando ganhou denominações como “o lobo do cashmere” e “Maquiavel das Finanças”, referência a Nicolau Maquiavel, autor do clássico “O Príncipe”.
Em 1989, ele assumiu empresa, resultado da fusão entre a empresa de moda Louis Vuitton e o produtor de bebidas Moët Hennessy, em 1987. Arnault tinha investido no negócio e passou a discordar da gestão de Henry Racamier, reconhecido por vitalizar a Louis Vuitton. Por dentro, mexeu as peças, tirou Racamier do poder e o expulsou do conselho.
A última jogada em que a estratégia de Arnault pode ser acompanhada de perto foi na aquisição da Tiffany & Co. Após a LVMH e a joalheria americana anunciarem um acordo para a transação, veio a pandemia, perda de valor de mercado e trocas públicas de acusações entre as duas companhias. A discussão rendeu a economia de alguns milhões de dólares para a LVMH e os seus acionistas – US$ 420 milhões, precisamente.
Além da fama de negociador ferrenho, Arnault também se notabilizou por seu empenho à filantropia e às causas ligadas ao meio ambiente.
Em 2019, ele doou aproximadamente US$ 11 milhões para ajudar no combate às queimadas na Amazônia. Na pandemia de Covid-19, o bilionário francês transformou parte de algumas de algumas instalações de fabricação de perfumes para a produção de 12 toneladas de álcool em gel, doadas a hospitais de Paris.
De acordo com os dados da Bloomberg, os Estados Unidos concentram o maior número de bilionários no top 10. Na lista, apenas Arnault e Carlos Slim, do México, são de outros países. Musk, apesar de ter nascido na África do Sul, aparece como americano por ter se naturalizado.
Veja lista com os dados atualizados em 02 de março:
1. Bernard Arnault - US$ 186 bilhões
2. Elon Musk - US$ 184 bilhões
3. Jeff Bezos - US$ 116 bilhões
4. Bill Gates - US$ 113 bilhões
5. Warren Buffett - US$ 106 bilhões
6. Larry Ellison - US$ 100 bilhões
7. Steve Ballmer - US$ 88,1 bilhões
8. Carlos Slim - US$ 86,5 bilhões
9. Larry Page - US$ 85,1 bilhões
10. Sergey Brin - US$ 81,4 bilhões