Eletrobras: SEC exige que todas as empresas estrangeiras que tenham ações negociadas em bolsa nos Estados Unidos apresentem o relatório (Tiago Queiroz)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2015 às 21h43.
São Paulo - A Eletrobras informou na noite desta quinta-feira que não conseguirá enviar ao órgão regulador dos mercados dos Estados Unidos formulário conhecido como "20-F", relativo a informações financeiras da companhia de 2014, até sexta-feira, diante de problemas gerados pelas investigações da Operação Lava Jato e por auditor da hidrelétrica de Jirau.
Segundo a empresa, o prazo para entrega do documento à Securities and Exchange Comission (SEC) já tinha sido prorrogado de 30 de abril para 15 de maio. "Neste momento, não é possível indicar uma data específica para o seu arquivamento, estando a administração da companhia empenhada em seu arquivamento o mais breve possível", informou a estatal em comunicado ao mercado.
A estatal já apresentou o balanço do ano passado para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil, e programou para a sexta-feira a divulgação de seus números relativos ao primeiro trimestre deste ano.
A SEC exige que todas as empresas estrangeiras que tenham ações negociadas em bolsa nos Estados Unidos apresentem o relatório anual. A disponibilização dos dados costuma ser exigência de contratos com credores.
A situação assemelha-se à da Petrobras, que no final de abril afirmou que vai entregar o formulário 20-F à SEC até 15 de maio, sob risco de ver credores pedirem a antecipação de vencimentos de dívidas.
O atraso no envio da papelada pela Eletrobras à SEC ocorreu porque o auditor da Energia Sustentável do Brasil Participações, responsável pela hidrelétrica de Jirau, não se considerou independente de acordo com as regras norte-americanas, atrasando o balanço de 2014 Eletrobras que deveria incluir os números da usina.
Além disso, a Eletrobras afirmou que o atraso ocorreu por denúncia relacionada à Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Segundo a estatal, a denúncia envolve depoimento do ex-presidente-executivo da Camargo Corrêa, que teria afirmado que consórcio de empresas contratadas para montar a usina nuclear Angra 3 fez pagamentos ao presidente-executivo da subsidiária Eletronuclear.
"Estamos atualmente no processo de contratação de uma empresa independente especializada para conduzir uma investigação externa sobre estas alegações", afirmou a Eletrobras no comunicado ao mercado.
Procurada, a Eletrobras esclareceu que vai entregar até sexta-feira à SEC os números do resultado da empresa no ano passado, mas com uma ressalva de que faltarão ainda informações de gestão relacionadas a Jirau e à Eletronuclear.