Linhas de transmissão da Eletrobras: usina Sinop foi licitada pelo governo no leilão de energia nova A-5 em agosto passado (Adriano Machado/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2013 às 19h15.
Rio - O diretor financeiro e de Relações com Investidores da Eletrobras, Armando Casado, admite a possibilidade de que a estatal assuma a fatia de 51% da Alupar no consórcio vencedor da concessão do projeto da usina Sinop, licitada pelo governo no leilão de energia nova A-5 em agosto passado. "Não descartamos isso. Temos a concessão, e não descartamos nenhuma possibilidade", afirmou o executivo, que participou nesta terça-feira, 01, de evento da Fundação Coge sobre o setor elétrico brasileiro.
Embora reconheça que tornar a usina Sinop um projeto 100% da Eletrobras traria dificuldades usuais de um empreendimento puramente estatal, Casado afirmou que o fato de o consórcio ter assinado boa parte dos pré-contratos antes do leilão com fornecedores de equipamentos e construtoras garantiria agilidade na implementação da hidrelétrica. "O que resta é algo marginal. Não seríamos impactados por essa questão das licitações públicas", afirmou. A Eletrobras, por meio da Eletronorte e da Chesf, detém 49% de participação na usina.
Além disso, o executivo disse que a alternativa não traria dificuldades no que diz respeito à contratação de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Para um projeto de leilão, não existe impedimento", justificou. Casado admitiu que, se a estatal ficar sozinha em Sinop, obviamente terá que aumentar o montante do capital próprio no empreendimento, algo não previsto inicialmente.
Apesar da análise, Casado ponderou que a Eletrobras não tem uma "opinião formada" sobre o futuro da estrutura societária de Sinop e que há muito tempo para se chegar a uma solução sobre o tema. Vale lembrar que, pelas regras do leilão, a Alupar só poderá abandonar o consórcio após a assinatura do contrato de concessão, prevista para março do ano que vem. Se a empresa deixar o consórcio com a Eletrobras antes disso, as duas empresas perdem a concessão. Nesse caso, o projeto seria assumido pela segunda melhor oferta da licitação, que foi a do consórcio formado por Cemig e pela francesa EDF.
O executivo deixou claro que, caso a solução adotada seja a troca da Alupar por outra empresa, a Eletrobras terá voz ativa na escolha do futuro parceiro. A companhia escolhida terá que passar por um processo de diligência, no qual serão avaliadas a capacidade técnica, de financiamento e de investimento. "Vamos realizar uma análise muito profunda. Para se associar à Eletrobras, tem que cumprir tais requisitos", argumentou o executivo.
Casado reconheceu que a Alupar preenchia todos os pré-requisitos exigidos pela Eletrobras, mas que a companhia decidiu abandonar o projeto logo após o resultado do leilão. Recentemente, o diretor-presidente da Alupar, Paulo Godoy, afirmou que a empresa desistiu de construir e operar a hidrelétrica por ter uma relação custo-benefício muito baixa.