Cálculos preliminares da empresa indicam que ela terá um corte anual de receita em torno de R$ 8 bilhões para ajudar a reduzir a conta de luz. (TIAGO QUEIROZ)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2012 às 08h20.
São Paulo - Em menos de três anos, a Eletrobras saiu da condição de candidata a Petrobras do setor elétrico a uma empresa em crise. A estatal tinha a ambição de crescer rapidamente, até mesmo fora do País. Mas, com o pacote de energia recém-anunciado pelo governo, se tornou o principal instrumento na campanha pela redução das tarifas de energia.
A empresa terá perdas bilionárias e, no lugar dos planos de expansão, prepara medidas para cortar fortemente os custos. Estuda até mesmo a adoção de um plano de demissão incentivada.
Cálculos preliminares da empresa indicam que ela terá um corte anual de receita em torno de R$ 8 bilhões para ajudar a reduzir a conta de luz. Além disso, a Eletrobras calculava que o governo teria de pagar uma indenização de R$ 30 bilhões por investimentos em usinas e linhas de transmissão.
O governo, porém, se dispôs a pagar R$ 14 bilhões, ou R$ 16 bilhões a menos do que o esperado pela empresa. A companhia apelou para a criatividade dos funcionários para tentar equilibrar as contas.
Eles apresentaram um pacote com 50 sugestões de medidas que poderão aumentar as fontes de receita ou reduzir os custos. Apesar dos esforços, entre as medidas em análise pela diretoria está até mesmo a de incentivo às demissões.
Os sinais apontam para um encolhimento do Sistema Eletrobras. Em setembro, a direção de Furnas, uma de suas principais subsidiárias, anunciou um programa de desligamento voluntário para reduzir em 28% o quadro de empregados. Para quem tinha planos de cruzar fronteiras e buscar uma internacionalização ao estilo da Petrobras, essa é uma mudança drástica de rota.
No dia a dia, enquanto aguarda pela aprovação das novas regras de atuação no Congresso, a Eletrobras recorre ao ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, para tentar sensibilizar a presidente Dilma.
Ao contrário da presidente da Petrobras, Graça Foster, executiva com acesso direto à Presidência, José Carvalho da Costa Neto, responsável pela Eletrobras, não negocia diretamente com Dilma. Tanto que, segundo fontes, Costa Neto não foi informado com antecedência sobre o teor das novas regras e se surpreendeu com a linha-dura adotada pelo governo.