Leonardo e Paula Afonso, da Papapá: nós temos planos no futuro próximo de criar outra marca própria e especialista em alimentos para crianças (Papapá/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 28 de junho de 2023 às 08h00.
Última atualização em 29 de junho de 2023 às 10h39.
Uma viagem de fim de ano ao Brasil despertou um senso de oportunidade em Leonardo e Paula Afonso. O casal morava na Austrália com o filho Bernardo, à época com alguns meses de vida e em fase de introdução alimentar, e teve dificuldades de encontrar alimentos saudáveis e sem conservantes para bebês por aqui, algo com o qual o pequeno já estava familiarizado.
Dois anos depois, no começo de 2021, a Papapá era lançada no mercado brasileiro e fazia a sua primeira entrega de produtos. Neste meio tempo entre a viagem e a chegada dos produtos às gôndolas, Afonso saiu da multinacional de alimentos em que trabalhava como diretor executivo de supply chain e, o casal retornou ao Brasil, estabelecendo residência em Curitiba, no Paraná, o estado natal.
“Levou dois anos para o desenvolvimento da marca e dos produtos”, afirma Afonso. Para colocar a Papapá no mercado, o casal observou também um movimento global. Cada vez mais os pais procuram por marcas com produtos orgânicos e sem conservantes, motivo pelo qual ganharam espaço no setor empresas como a americana Plum Organics e a britânica Ellas’s Kitchen.
“Quando olhamos para essas novas marcas, percebemos que elas só faziam alimentos para bebês, tinham todo o portfólio ligado ao conceito de saudável e eram fundadas por pais e mães, com uma linguagem humanizada”, diz. “Isso foi suficiente para me convencer que havia uma grande oportunidade no Brasil pelo tamanho do mercado e por não ter acontecido ainda”.
Os dois investiram R$ 1,5 milhão no negócio e a Papapá entrou no mercado com a oferta de papinhas diversas, explorando sabores que vão de maçã e ameixa a banana, mirtilo e quinoa.
Ainda em meados de 2021, a empresa ganhou um reforço no caixa com a captação de uma rodada de 5 milhões com Alphonse Voigt e Antonio Maganhotte Junior, sócio-fundadores da Ebanx, entre outros investidores-anjo. O valor ajudou na montagem de time, desenvolvimento de novos produtos e na ampliação dos canais de distribuição.
Além das papinhas, a Papapá tem incrementado o portfólio com snacks para bebês, categoria nova e bem incipiente no país. E, nos últimos dias, apresentou a “papapasta”, linha de macarrão para bebês, e a “La Chef”, com refeições prontas para bebês. “Eu vejo uma curva de crescimento ainda mais acelerada com a gente fechando esse gap de portfólio oferecendo refeições salgadas também”, afirma Afonso.
Com previsão de crescer 400% neste ano, repetindo o ritmo do ano passado, a empresa está em todos os estados e em mais de 4 mil pontos de venda. 70% do faturamento de 12 milhões em 2022 veio das lojas físicas e 30% do digital. O desafio é de ampliar a densidade em regiões mais distante do centro-sul. Os principais mercados hoje são Paraná, São Paulo e Santa Catarina.
Enquanto a marca vai conquistando mercado, a família também tem crescido. O Bernardo, hoje com quase seis anos, ganhou dois irmãos, o Rafael, de 3 anos, e a Sara, com apenas 3 meses. E, à medida que as crianças crescem, acompanhar a evolução pode ser tornar uma nova dor de cabeça – ou oportunidade.
“A gente tem planos no futuro próximo de estender a linha, não como Papapá. Talvez com outra marca própria e especialista em alimentos para crianças, dando sequência logo que novas dores vão aparecendo com o crescer dos filhos”, diz Afonso. O projeto ainda está em desenvolvimento e deve ficar para o próximo ano.