Negócios

Ele voltou a morar com os pais aos 40 para economizar e abrir uma startup de "geomarketing"

Negócio já conta com cerca de 7.000 usuários ativos e se prepara para ir ao mercado e captar dinheiro para escalar

João Caetano, da Mapfry: “O tempo da empresa não é o tempo das pessoas” (Mapfry/Divulgação)

João Caetano, da Mapfry: “O tempo da empresa não é o tempo das pessoas” (Mapfry/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 19 de agosto de 2024 às 11h56.

FLORIANÓPOLIS (SC)* - O movimento de deixar de ser funcionário para virar empreendedor sempre é desafiador. Tem gente que entende logo que seu lance é empreender e faz isso já no início da carreira. Há, porém, quem prefira ganhar alguma experiência no mercado até entender que chegou a hora de cuidar do seu próprio negócio.

Foi essa segunda opção a que viveu o carioca João Caetano. Ele deixou a carreira como executivo de geomarketing na Geofusion, empresa brasileira consolidada neste setor de marketing por geolocalização, para tocar um negócio na área. 

Ele criou uma startup chamada Mapfry, focada em ajudar pequenos e médios negócios a tomarem decisões estratégicas (como onde abrir a loja) com 40 anos de idade. O movimento, porém, não teve glamour algum. 

“O tempo da empresa não é o tempo das pessoas”, disse Caetano em entrevista à EXAME durante o Startup Summit, festival de inovação realizado em Florianópolis na última semana. “O tempo das pessoas é o de moradia e de alimentação. Mas o negócio não tem fome nem sono. Ele pode ficar sem faturar um mês que continuará lá. Já a pessoa não. Ajustar o tempo da minha vida ao tempo do negócio foi bastante doloroso”.

Para fazer esse ajuste, Caetano teve que abdicar de algumas coisas. Entre elas, a moradia. Para economizar, decidiu voltar a morar com os pais por um tempo, enquanto esperava o negócio prosperar. 

“Meus pais foram super amorosos e entenderam o que eu estava fazendo. Eu mostrei para eles a foto da garagem do Bill Gates e falei que todo mundo fez isso na garagem da mãe, só que eles tinham 18 anos, eu tenho quase 40”, diz. Os pais logo aceitaram o empreendedor de volta.

Agora, quase quatro anos depois da abertura da startup, a realidade já é outra. Morando sozinho novamente, Caetano viu seu negócio começar a vingar. Hoje, já conta com cerca de 7.000 usuários ativos e se prepara para ir ao mercado e captar dinheiro para escalar.

Quer saber de um novo negócio, de uma aquisição, de um empreendedor ou empreendedora de sucesso direto de seu WhatsApp? Participe do nosso canal e fique bem informado!

Como funciona a Mapfry

A Mapfry é uma plataforma de geomarketing. Na prática, empresas podem acessar o site da startup para tomar decisões se baseando em geolocalização.

Por exemplo, se uma pizzaria quer abrir uma nova unidade em um bairro de São Paulo, pode acessar a plataforma e ver informações sobre quantas pizzarias têm na região, quais outros restaurantes por aí e qual é a média da renda das pessoas.

A maioria dos dados são puxados por levantamentos como o do censo demográfico.

“É uma intenção do Censo que esse uso seja dado para as informações, para aumentar o conhecimento competitivo e levar mais ofertas de produtos e serviços para as pessoas”, diz. “O que reunimos é o cenário competitivo de demanda e oferta numa escala de quarteirões, que é justamente a escala usada pela maior parte das empresas”. 

O diferencial da Mapfry em relação a outras plataformas de geomarketing é o acesso. Normalmente, o serviço é caro e usado por grandes grupos econômicos. Já a startup criada por Caetano visa atingir também donos de pequenas lojas e comércios na cidade. Os planos para usar a startup começam por pouco mais de 500 reais por mês.

“Normalmente, clientes usam a plataforma uma vez e caem fora. Por isso, nossos concorrentes cobram valores altos. Nosso objetivo é fazer o cliente usar sempre nossa plataforma, e faturar na recorrência”, diz. 

Além de Caetano, que é executivo sênior de tecnologia e geomarketing, os sócios da startup são Maurilio Soares, estatístico e mestre em demografia pela Unicamp, e Ryu Ogawa, head de engenharia e desenvolvedor de sistemas full stack. Eles se conheceram quando trabalhavam juntos da Geofusion.

Hoje, a Mapfry atende empresas como:

  • Majô Beauty Club
  • 300 Franchising
  • Oliver’s Pizza
  • Marketing Bag
  • Vox 2 You
  • Suporte Smart
  • Drogalider

No próximo ano, a plataforma também deve entrar nos mercados de Portugal e Estados Unidos. O faturamento não é divulgado.

A Mapfry foi uma das 1.000 startups que participaram do Startup Summit, evento promovido pelo Sebrae Santa Catarina e pela Aassociação Catarinense de Tecnologia (Acate). Durante três dias, os participantes puderam fazer conexões e negócios para ajudar a alavancar suas startups, bem como assistir a palestras sobre inovação e competitividade.

*A reportagem viajou a convite da Startup Summit

Acompanhe tudo sobre:Startupsestrategias-de-marketing

Mais de Negócios

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'

Martha Stewart diz que aprendeu a negociar contratos com Snoop Dogg

COP29: Lojas Renner S.A. apresenta caminhos para uma moda mais sustentável em conferência da ONU