Gustavo Steglich, da Platinum Log: "Peguei o dinheiro do futebol, pegamos dois caminhões, e deu muito certo já no início" (Platinum Log/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 26 de janeiro de 2024 às 11h50.
Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 16h14.
O gaúcho Gustavo Steglich pôde realizar um sonho de muitos meninos e meninas por aí: o de ser jogador profissional de futebol. Na sua carreira, passou pela base do Inter, pelo Joinville - cidade que virou sua estadia - e por times menores da Europa, como o Piacenza, na Itália, e o espanhol Lorca Deportiva.
“Com 21 anos, vi que ia ser um jogador da série B, da série C, e que não ia longe”, diz. “Foi quando conheci meu sócio e decidi investir o que eu tinha ganhado em campo para montar uma transportadora”.
Os dois tinham identificado uma boa oportunidade de negócio. Morando em Joinville, no norte de Santa Catarina, ouviram reclamações sobre a falta de transportadoras para o porto de São Francisco do Sul, a 40 quilômetros da cidade em que moravam. Decidiram, então, criar uma operação para atender a essa demanda. Assim surgiu a Platinum Log.
“Peguei o dinheiro do futebol, pegamos dois caminhões, e deu muito certo já no início”, afirma Steglich. “Em pouco mais de dois anos, estávamos com 20 caminhões. Foi quando entramos nessa parte de armazenagem, num terreno ao lado do porto, e nos achamos”.
Hoje, a Platinum é uma empresa que oferece serviços de logística, que vão da armazenagem ao transporte. São cerca de 800 funcionários. Treze anos depois de sua fundação, contabiliza 11 centros de distribuição nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Em 2023, faturaram 200 milhões de reais.
A meta para esse ano é aumentar em 50% o faturamento, atingindo os 300 milhões de reais em receita. Para isso, há um novo plano de expansão no radar, com a entrada mais estruturada no Nordeste. A empresa vai abrir por ali, mais especificamente em Pernambuco, um novo centro de distribuição - o primeiro da companhia na região.
A principal estratégia da Platinum Log é tentar reduzir a cadeia de fornecedores do cliente, concentrando tudo na empresa em si. Ou seja, ela oferece desde transporte para entrega, até armazenagem e gestão de estoque.
Para se ter uma ideia, em caso de alguns e-commerces, a Platinum Log organiza tudo para a empresa que é sua cliente: pega a mercadoria no porto, estoca e, depois, entrega na casa do consumidor final.
Na lista de clientes da Platinum Log há desde indústrias até varejistas físicos e lojas 100% digitais. Só na Black Friday, movimentaram 1,8 bilhão de reais em mercadorias.
“E como temos tecnologia para fazer entregas direto na casa do cliente final, temos toda uma cadeia de transportadoras que trabalham conosco”, diz Steglich. “A gente integra tudo isso no nosso sistema e conseguimos fazer entregas rápidas”.
Quando Steglich trocou os campos pelas estradas, consequentemente fez uma aposta num mercado que deve atingir, mundialmente, 6,55 trilhões de dólares até 2027, com uma taxa média de crescimento anual de 4,7%.
Só no Brasil, o mercado de logística está avaliado em 99,68 bilhões de dólares e deve atingir 129,34 bilhões de dólares até 2029, de acordo com a consultoria Mordor Intelligence. Entre todos os tipos de destino, o doméstico é o maior contribuinte para o mercado. Na indústria, a manufatura é a maior usuária final do mercado brasileiro de frete e logística.
Apesar desse potencial de crescimento, há desafios, lógico. No radar mais eminente, está o futuro da mobilidade urbana - e consequentemente do transporte. Novos veículos estão cada vez mais elétricos e menos dependentes do petróleo. Substituir a frota, porém, requer grandes investimentos, que podem não ser absorvidos por todos os players do setor.
Além disso, há variações de mercado que também exigem resiliência do setor. Durante a pandemia, o boom do e-commerce potencializou operações e fez com que muitas transportadoras e empresas no geral (como varejistas) investissem altos valores em logística. Depois, veio o arrefecimento do setor, aumento na taxa de juros e baixa na demanda. Receita certeira para fazer alguns negócios do setor logístico empacarem no meio do caminho.
A Platinum Log, porém, não empacou. Pelo contrário, cresceu. Segundo Steglich, o caminho para o crescimento passou por investimento em tecnologia. Durante a pandemia, a empresa fez uma aquisição para acelerar sua plataforma de gerenciamento de pedidos. Com isso, conseguiu integrar serviços de entrega - e permitiu que seus clientes gerissem também a logística por essa plataforma.
“Nós visualizamos que após a primeira aquisição da companhia, os processos de TI são fundamentais para o crescimento da operação”, diz. “Ao longo de 2023 investimos uma grande quantia para aperfeiçoar todos os serviços da Platinum Log e pretendemos neste ano complementar ainda mais a aplicação nesta área”.
Estar presente em novas praças também é uma das metas da Platinum Log. O próximo destino é o Nordeste. A empresa abrirá por ali um centro de distribuição em Pernambuco. “A reforma tributária vai ajudar a ter plano de centro de distribuição avançado em vários Estados”, diz. “Até então, os centros logísticos ficavam onde havia melhores benefícios fiscais, mas agora todos Estados estarão na mesma página”.
Para faturar 300 milhões de reais neste ano, a aposta também passa pelo crescimento de clientes já estruturados e novos contratos.
“Se a gente repetir o desempenho de dezembro sem fazer mais nada, já atingiremos 260 milhões de reais em faturamento”, afirma. “Mas vamos ter novos centros de distribuição e investir ainda mais em logística. Cerca de 5% do nosso faturamento bruto vai para investimentos em TI. Tudo isso vai suportar nosso crescimento”.