Piero Contezini, presidente executivo do Asaas: "somos um grande laboratório de hipóteses" (Asaas/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 21 de setembro de 2024 às 09h30.
Qual é a receita para crescer? Para algumas empresas, é ter um caixa bem controlado. Para outras, é conseguir expandir sem alavancar de maneira excessiva. Há também quem defenda que é necessário equilibrar eficiência operacional com inovação constante. A lista é grande: otimização de processos internos, capacidade de adaptação a mudanças, sustentabilidade a longo prazo, e por aí vaí.
No Asaas, uma fintech voltada a pequenas e médias empresas de Joinville, cidade catarinense a 183 quilômetros de Florianópolis, a receita para crescer foi transformar a operação num grande laboratório de testes. É o que diz o presidente executivo e fundador, Piero Contezini.
“O principal motivo de crescer é que somos fanáticos em fazer teste”, afirma. “Toda empresa é executada como um grande laboratório. Fazemos testes de produtos, de lançamentos. Anunciamos produtos diferentes para bases diferentes e vemos qual tem mais engajamento. Toda empresa, de conselho até a galera mais operacional possível, entende que o negócio roda com base em testes”.
É nesse modelo, de tentativa, erro e acerto, que a fintech faturou 216,9 milhões de reais em 2023 - um crescimento de 82% frente a 2022. Com isso, foi a sétima empresa que mais cresceu entre aquelas que faturam de 150 a 300 milhões de reais no ranking EXAME Negócios em Expansão 2024, o maior anuário de empreendedorismo do país.
Para 2024, com o lançamento de novos produtos e aumento de clientes, a empresa deve crescer, novamente, numa taxa de 60%. Para além do crescimento de faturamento, comemora outro dado importantíssimo para qualquer empresa: um lucro contábil o ano inteiro.
“Atingimos o break even em maio do ano passado, mas neste ano estamos com um feito melhor: tivemos lucro todos os meses, e vamos gerar caixa e lucro contábil o ano inteiro”, diz Piero Contezini. “Isso significa que estamos a caminho de abrir o capital da companhia”.
“Nosso maior trabalho, atualmente, está relacionado em construir um negócio que possa fazer IPO”.
O Asaas é uma conta digital para pequenas e médias empresas fundada em Joinville. O principal foco da fintech é automatizar processos de gestão financeira, principalmente cobranças.
Na prática, uma empresa passa as informações de cobrança à startup, que utiliza tecnologia para cobrar os clientes. Além de cobrar em si, toda a gestão do dinheiro pode ser feita dentro do Asaas. Assim, quando o cliente paga, o dinheiro cai na conta da empresa no Asaas.
A cobrança é feita por ligações automáticas, envios de SMS e e-mail. Quando a pessoa é cobrada, ela pode escolher como quer pagar: no Pix, no boleto, no cartão de crédito ou no débito.
Há outros serviços, como emissão de nota fiscal e antecipação de recebíveis do cartão de crédito. O principal cliente é a empresa de pequeno e médio faturamento, com receitas de até 5 milhões de reais.
“Mas atendemos todos os tipos, inclusive pessoas físicas”, diz Diego Contezini, irmão de Piero. “Se quiser cobrar o churrasco dos vizinhos, pode utilizar a plataforma. Coloca quanto cada um precisa pagar, e a gente envia as opções de pagamento. Vamos avançar em tudo que podemos para não ter qualquer outro fornecedor”.
Hoje em dia, a empresa tem cerca de 166.000 clientes ativos.
A receita do Asaas vem de duas formas diferentes:
O Asaas foi criada em família, pelos irmãos Diego e Piero Contezini. E a tecnologia está mesmo na veia: o pai mexia com computação desde a época do cartão perfurado. “A gente brincava de esconde-esconde naqueles computadores gigantes”, diz Diego.
A paixão pela tecnologia aflorou cedo e seguiu ao longo da vida. Se formaram na área e atuaram em negócios como a fábrica de software, que deu origem, depois, ao Asaas.
“Tivemos a sorte que quiseram dar dinheiro para aquilo que éramos apaixonados em fazer, que é a tecnologia”, diz.
O fechamento de Pequenas e Médias Empresas (PMEs) no Brasil está aumentando. No último ano, mais de 2,1 milhões de PMEs encerraram suas atividades, um aumento de 25,7% em relação a 2022, conforme o Mapa de Empresas publicado pelo Governo Federal.
O Asaas, como prestador de serviços para PMEs, tem especial atenção nesses dados e preparou um relatório completo para identificar padrões importantes no mercado. Entre os dados que levantaram, olhando o histórico de PMEs do Brasil, estão:
“O impacto vem de várias frentes. Há aumento de imposto e de taxa de juros. Isso estrangula o poder de crescimento de todos os negócios, mas principalmente das PMEs, que não conseguem ter caixa para se manter”, afirma. “Inclusive, nossa solução de crédito não é de longo prazo, mas sim, de antecipar os recebíveis que estão prestes a ser pagos. Isso alivia o juro e coloca o dinheiro no caixa”.
Piero também analisa que a educação financeira é fundamental para garantir que as empresas passem pelo “vale da morte”, os 12 primeiros meses de operação.
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.
Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas brasileiras que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023.
A análise considerou os negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais. Após uma análise detalhada das demonstrações contábeis das empresas inscritas, a edição de 2024 do ranking foi lançada no dia 24 de julho.
São 371 empresas de 23 estados brasileiros que criam produtos e soluções inovadoras, conquistam mercados e empregam milhares de brasileiros.