Grab virou um super app da Malásia com o esforço de Anthony Tan, cofundador e CEO da empresa. (Grab/Reprodução)
Redator na Exame
Publicado em 8 de outubro de 2024 às 11h28.
Anthony Tan, cofundador e CEO do Grab, traçou um caminho marcado por intensas jornadas de trabalho e desafios ao construir um super app que revolucionou a mobilidade urbana e os serviços digitais no Sudeste Asiático. Filho caçula de uma das famílias mais ricas da Malásia, Tan poderia ter seguido os passos da família na Tan Chong Motor, mas decidiu seguir sua própria trajetória. Através do Grab, fundado em 2012, ele transformou a mobilidade e integrou uma gama de serviços em uma única plataforma. As informações são da CNBC.
Tan conheceu Hooi Ling Tan, cofundadora do Grab, durante seu período de estudos na Harvard Business School, onde ambos participaram de um concurso de startups. A ideia inicial surgiu durante uma conversa sobre os desafios enfrentados pelo sistema de táxis na Malásia, conhecido pela insegurança e pela falta de confiabilidade. Determinados a melhorar essa realidade, os dois colegas desenvolveram um plano de negócios que lhes garantiu o segundo lugar no concurso e um prêmio de US$ 25 mil (cerca de R$ 137.500). Esse montante foi o ponto de partida para a criação do Grab, inicialmente chamado MyTeksi.
O início da operação foi modesto. O primeiro escritório, localizado em Kuala Lumpur, era uma pequena sala sem ar condicionado e ventilação adequada. Tan e sua equipe precisaram usar seus próprios celulares para acessar a internet e conseguir trabalhar. Com fundos limitados, Tan investiu seus próprios recursos, além do prêmio do concurso e do apoio financeiro de sua mãe, que se tornou a primeira investidora individual do Grab. A partir daí, começou uma rotina exaustiva em busca de motoristas e parcerias que sustentassem o crescimento da empresa.
Para atrair motoristas ao novo aplicativo, Tan passava dias e madrugadas em postos de gasolina e bares, interagindo diretamente com taxistas e tentando convencê-los a aderir ao Grab. Ele distribuía café pela manhã, tentando captar o interesse dos motoristas antes do início de seus turnos. Esse esforço pessoal foi essencial para que a plataforma se consolidasse e para que o Grab se tornasse a escolha preferida de transporte na região.
A expansão do Grab não foi isenta de obstáculos. Com o crescimento da plataforma, a empresa rapidamente diversificou suas operações para incluir entregas de alimentos, serviços financeiros e até microfinanciamentos para motoristas, ajudando-os a adquirir smartphones e ingressar na economia digital. Em 2018, o Grab deu um passo importante ao adquirir as operações do Uber no Sudeste Asiático, consolidando sua posição de liderança no mercado local. Essa transação também garantiu ao Grab uma presença ampliada em vários países da região e fortaleceu sua infraestrutura.
Apesar das críticas e desafios regulatórios, o Grab se firmou como um ator essencial na infraestrutura do Sudeste Asiático. Atualmente, o super app está presente em oito países, servindo mais de 35 milhões de usuários e oferecendo cerca de 13 milhões de oportunidades de trabalho temporário. Esses números refletem o impacto significativo da empresa na região, não apenas em termos econômicos, mas também na inclusão digital e financeira de milhões de pessoas. O Grab oferece microcréditos e serviços bancários digitais, contribuindo para que um maior número de pessoas possa acessar serviços financeiros essenciais.
Tan reconhece que o diferencial do Grab reside no entendimento profundo das necessidades locais. Ele e sua equipe trabalham para oferecer um ecossistema de serviços que abrange desde transporte até soluções financeiras, com foco na resolução de problemas específicos de cada comunidade atendida. O sucesso da empresa é visto como um exemplo de como a tecnologia pode ser utilizada para promover mudanças sociais positivas, criando oportunidades para aqueles que, de outra forma, teriam acesso limitado ao mercado formal de trabalho.
Em meio a esse crescimento, a empresa continua a enfrentar desafios, especialmente em relação a questões antitruste e críticas quanto à sua atuação monopolista em certos mercados. No entanto, a trajetória do Grab demonstra como é possível transformar uma ideia em uma solução abrangente e adaptada às necessidades de um público diversificado. Atualmente, a empresa está avaliada em mais de US$ 14 bilhões (aproximadamente R$ 77 bilhões), e Anthony Tan se mantém firme em sua missão de expandir o Grab para novos horizontes, mantendo o foco na inovação e na melhoria constante dos serviços oferecidos.