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Ele perdeu o emprego dos sonhos e decidiu empreender no setor de limpeza. Hoje, fatura R$ 67 milhões

Num mercado dominado por terceirizadas e contratos frágeis, a franquia Jan-Pro aposta em processos padronizados e eficiência americana para crescer no Brasil

Matheus Freitas, da Jan-Pro: “É fácil crescer rápido. O difícil é crescer direito” (Jan-Pro/Divulgação)

Matheus Freitas, da Jan-Pro: “É fácil crescer rápido. O difícil é crescer direito” (Jan-Pro/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 1 de abril de 2025 às 08h34.

Setor de limpeza comercial pode não parecer o mais glamouroso — mas tem gente ganhando muito dinheiro com ele. E rápido. Num mercado dominado por terceirizadas e contratos frágeis, uma franquia com processos padronizados e eficiência americana está fazendo barulho no Brasil.

A Jan-Pro, rede especializada em limpeza e desinfecção de ambientes corporativos, já soma 427 franquias ativas no país. À frente da operação nacional está Matheus Freitas, que começou como franqueado unitário e hoje é sócio da marca no Brasil. A rede fechou 2024 com 67,5 milhões de reais em faturamento e mira 80 milhões de reais em receita neste ano.

A história ganha ainda mais força quando se entende de onde Matheus saiu. Ele cresceu numa vila operária em Bento Rodrigues, no interior de Minas, cercado pelo universo de uma gigante da mineração. Estagiou na empresa, sonhava com a vaga de trainee e com uma carreira longa por lá. Até que um acidente trágico com a barragem da região de Mariana destruiu a vida de centenas de pessoas — e também seus planos.

“Vi meu pai, com mais de 30 anos de casa, e eu, recém-formado, perdendo tudo de uma hora pra outra. Ali entendi que precisava ter controle do meu próprio futuro”, afirma.

Foi essa frustração que empurrou Matheus para o empreendedorismo. Ao lado do pai, começou a pesquisar franquias. Pensaram até em comprar um caminhão para retirada de entulho. Acabaram optando pela Jan-Pro, uma rede americana de limpeza comercial, que à época buscava franqueados no Brasil. Começaram pequenos. Sete anos depois, compraram os direitos da franqueadora nacional. “Cheguei querendo comprar uma microfranquia. Hoje sou um dos cinco sócios da operação brasileira”, diz.

A meta da Jan-Pro é chegar a 80 milhões de reais em faturamento até o fim de 2025 e cobrir todos os estados do país nos próximos três anos.

O foco está no Centro-Oeste e no Nordeste, com expansão prioritária em Brasília, Goiânia e Recife.

“A demanda já existe. O desafio é encontrar o perfil certo para liderar cada nova regional”, diz Matheus. “A gente não vende só uma franquia — precisa de alguém que queira ser CEO da operação local.”

De estagiário em marketing a dono da franqueadora

A conexão de Matheus com o mundo corporativo começou cedo. Ainda adolescente, sonhava seguir os passos do pai e conquistar uma vaga na área administrativa de uma grande companhia do setor de mineração. Estudou comércio exterior, conseguiu um estágio em marketing e tudo parecia encaminhado para o programa de trainee da empresa.

O rompimento da barragem virou sua vida de cabeça para baixo.

“Foi um choque. Mas também um gatilho: entendi que não dava para depender de uma grande empresa para construir estabilidade.”

Sem experiência como empresário, viu nas franquias uma forma de começar com alguma estrutura. Um amigo de Florianópolis, que já era franqueado da Jan-Pro, ajudou na decisão. Matheus comprou uma master franquia regional em Belo Horizonte e, anos depois, foi convidado pela franqueadora americana a assumir o contrato nacional da marca no Brasil.

“A antiga franqueadora estava saindo do país. Eu e outros quatro master franqueados nos juntamos para comprar a operação. Foi em 2020, em plena pandemia. Tava todo mundo com medo, mas sabíamos que limpeza ia ser prioridade.”

Limpeza com padrão e tecnologia

A Jan-Pro atua com limpeza comercial — ou seja, atende empresas, e não residências. Os serviços vão desde escritórios pequenos até indústrias e grandes contratos. Mas o diferencial está na padronização dos processos e na tecnologia.

“No Brasil, muita empresa ainda terceiriza a limpeza como quem aluga mão de obra. Só troca o uniforme. A gestão continua ruim, a limpeza é feita com produtos domésticos e sem nenhum controle de qualidade”, afirma Matheus. “Nosso modelo é outro. Temos equipamentos profissionais, produtos biodegradáveis, treinamento padronizado e foco em eficiência.”

Segundo ele, o uso de tecnologia permite reduzir o tempo e o custo da limpeza — mesmo que o custo por hora pareça mais alto. “A gente gasta menos água, tem menos atrasos e entrega um ambiente mais saudável. O custo-benefício no fim é melhor.”

A franquia da Jan-Pro tem três níveis: micro, gerencial e empresarial. Cada franqueado atende diferentes portes de clientes, com demandas variadas. Mas para isso funcionar, a rede precisa de uma estrutura robusta nas regiões onde atua.

Por isso, a empresa trabalha com um modelo em camadas: além das franquias unitárias, existem master franqueados regionais que dão suporte local. Atualmente, a rede conta com 16 escritórios regionais que apoiam os franqueados em 14 estados.

“A expansão depende de achar pessoas com perfil para tocar uma operação regional. Não adianta vender franquia em uma cidade se não tem estrutura de apoio ali. Nosso modelo exige isso”, diz Matheus.

Concorrência informal e guerra de preços

O mercado de limpeza no Brasil é competitivo — mas também muito informal. Muitas empresas terceirizadas funcionam com estrutura precária, contratos frágeis e pouca preocupação com gestão.

“É comum ver empresas desaparecendo do dia pra noite, deixando cliente e funcionário na mão.”

A Jan-Pro se posiciona justamente como o oposto disso. O modelo de franquia, segundo Matheus, dá estabilidade e consistência à operação. “Temos processos, treinamento e padronização. A gente não tá aqui pra ser o mais barato — estamos aqui pra ser a melhor opção em qualidade.”

E a estratégia vem funcionando. A rede fechou 2024 com 67,5 milhões de reais em faturamento e está presente em estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Pará e Amazonas.

Para 2025, o desafio é manter o ritmo de crescimento — e garantir que a expansão não sacrifique o padrão de qualidade. “É fácil crescer rápido. O difícil é crescer direito”, diz Matheus.

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