Negócios

Ele montou um "data center de cogumelos". Agora, recebe aporte de R$ 1,6 mi para consolidar negócios

Empresa começou em 2016 produzindo alimentos em fazendas de ambientes controlados

Rodrigo Meyer, da MightyGreens: empresa quer quintuplicar faturamento até o final do ano (MightyGreens/Divulgação)

Rodrigo Meyer, da MightyGreens: empresa quer quintuplicar faturamento até o final do ano (MightyGreens/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 11 de julho de 2023 às 17h17.

Última atualização em 11 de julho de 2023 às 17h36.

Dizer que a área da tecnologia da informação (TI) é uma fonte praticamente inesgotável de possibilidades de negócios é quase como entrar no lugar-comum. Os empreendedores que fundaram a MightyGreens, startup do Rio de Janeiro que produz alimentos em fazendas urbanas verticais, porém, deram um passo além: saíram da área de desenvolvimento de data centers tradicionais para construir um “data center de plantas”.

“Projetávamos data centers modulares para países como a Venezuela, que tinha uma demanda forte porque não havia uma estrutura robusta de tecnologia. Lá, conhecemos um CEO de banco que se tornou nosso amigo, chamamos ele para trabalhar conosco e vimos a dificuldade que tinha para conseguir alimentos. Foi quando começamos a pensar em alternativas e encontramos as fazendas em ambientes controlados, os data centers de plantas”, afirma o cofundador e COO da MightyGreens, Rodrigo Meyer.

O projeto começou em 2016. Nos últimos tempos, foca em produzir cogumelos, atendendo uma demanda do varejo carioca. A fazenda vertical que a empresa tem hoje, no bairro São Cristóvão, fica em uma área de 100 metros quadrados de produção, com capacidade produtiva de 6 toneladas mensais.

O desenvolvimento do negócio vem sendo acompanhado pela Raio Capital, uma venture capital carioca criada em 2021 que faz agora seu segundo aporte na startup, de 1,6 milhão de reais. O primeiro, no ano passado, foi de 720.000 reais, para ajudar a MightyGreens a se estruturar. Agora, são novos 1,6 milhão de reais, que serão usados para consolidar a operação.

“Ano passado, eles precisavam de condições de produção e de fornecedores, o que conseguiram. Hoje, estão homologados em grandes redes de supermercados do Rio de Janeiro. Agora, precisam de capital de giro para acelerar a compra de insumos, porque no varejo, há um prazo entre a venda e receber por ela”, diz Bruno Teixeira, CEO da Raio Capital.

O interesse de Teixeira pelo negócio também está atrelado ao fato dos fundadores virem da área de TI.

“A primeira coisa que nos chamou a atenção foi que são pessoas da tecnologia, que já tinham experiência em ambientes controlados. No data center, assim como no agro, tem que cuidar da temperatura, da umidade. A segunda foi que eles primeiro escolhem o produto olhando a viabilidade econômica, para depois desenvolver a tecnologia. Eles olham o que está faltando naquele mercado. E terceiro, que a tecnologia que a empresa desenvolveu permite que haja uma produção eficiente”, afirma Teixeira.

Com o novo aporte, a estratégia da empresa é quintuplicar o faturamento até o final do ano. Os números brutos de receita, porém, não são divulgados.

O que são fazendas em ambientes controlados

As fazendas em ambientes controlados são como data centers de plantas. Elas ficam normalmente em uma área urbana, onde a produção de alimentos é controlada com ajuda de tecnologia e infraestrutura.

Cogumelos ficam em uma fazenda urbana vertical de 100 metros quadrados (Rodrigo Meyer)

“Eliminamos as incertezas da natureza. Entendemos o que queremos produzir, como cogumelos ou microverdes e preparamos o ambiente para que ele tenha a melhor qualidade e produtividade possível. Controlamos luz, vento, água, umidade e temperatura. Não temos chuva, calor, inverno ou verão. Temos previsibilidade”, diz Meyer.

No início, produziram micro verdes, e com a tecnologia de ambiente controlado, conseguiram reduzir o tempo de produção de duas semanas para 3,5 dias. Hoje, o foco da empresa é no cultivo de cogumelos, a partir, principalmente, da demanda da rede de varejo Supermercados Zona Sul, uma das maiores do Rio.

Quais são os próximos passos da empresa

O foco da empresa ainda é atender o mercado do Rio de Janeiro. Para o curto prazo, já estão desenvolvendo um projeto de cultivo de manjericão para uma fábrica de produção de molho pesto. Neste momento, estudam o clima de Génova para replicar os produtos de lá. Também planejam licenciar a tecnologia:

“No projeto do manjericão, a gente vai montar o galpão para o cliente gerir. Vamos fazer controle de todas essas variáveis, desenvolver todo sistema, mas o galpão será dele”, diz o CEO da MightyGreens, Natale Papa Junior.

Além disso, estão negociando a entrada em novas redes de varejo. Acabaram de entrar no Grupo Pão de Açúcar e preparam terreno para ingressar, também, no Carrefour. Por fim, há mais uma rodada de investimento prevista para o ano que vem, com foco em expansão. Na mira, há o mercado de regiões como o Nordeste, além de São Paulo.

Acompanhe tudo sobre:StartupsVenture capitalAlimentos

Mais de Negócios

COP29: Lojas Renner S.A. apresenta caminhos para uma moda mais sustentável em conferência da ONU

Ele quase devolveu o dinheiro aos investidores, mas conseguiu criar um negócio que vale US$ 100 mi

Com chocolate artesanal amazônico, empreendedora cria rede de empoderamento feminino

Na maior Black Friday da Casas Bahia, R$ 1 bilhão em crédito para o cliente