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Ele conquistou o Vale do Silício com apps. Agora está de volta ao Brasil para fazer R$ 10 milhões

Estúdio de desenvolvimento de aplicativos Atomsix nasceu em 2020 atendendo nomes como Google, Samsung e Microsoft

Guilherme Ferreira, da Atomsix: "Comecei como freelancer, mas depois que fiz um projeto premiado para a Mercedes-Benz, minha caixa de mensagens explodiu. Empresas como Google e Microsoft começaram a me procurar" (Atomsix/Divulgação)

Guilherme Ferreira, da Atomsix: "Comecei como freelancer, mas depois que fiz um projeto premiado para a Mercedes-Benz, minha caixa de mensagens explodiu. Empresas como Google e Microsoft começaram a me procurar" (Atomsix/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 09h01.

No mundo das startups, o caminho costuma ser previsível: primeiro, conquistar o mercado local. Depois, sonhar alto e mirar no exterior. O catarinense Guilherme Ferreira fez o contrário.

Seu estúdio de desenvolvimento de aplicativos, a Atomsix, nasceu em 2020 atendendo nomes como Google, Samsung e Microsoft. Não foi um crescimento gradual. Desde o início, o catarinense conquistou o Vale do Silício inteiro.

"Comecei como freelancer, mas depois que fiz um projeto premiado para a Mercedes-Benz, minha caixa de mensagens explodiu. Empresas como Google e Microsoft começaram a me procurar", diz Ferreira.

No ano passado, a Atomsix faturou 6 milhões de reais. Para este ano, a meta é chegar a 10 milhões de reais. O plano? Voltar para casa.

A empresa, que tem sede nos Estados Unidos e no Brasil, aposta agora no mercado nacional para crescer. "O Brasil tem um potencial enorme e muita demanda por inovação. Queremos trazer para cá o que aprendemos no Vale do Silício", afirma Ferreira.

Qual é a história de Guilherme Ferreira

O primeiro site que Guilherme Ferreira criou não foi para uma grande empresa, mas para sua própria banda, quando tinha 16 anos.

Ele aprendeu programação sozinho, estudando livros da biblioteca da escola técnica onde estudava, em Florianópolis. O site fez sucesso entre amigos, e logo outras bandas começaram a pedir para ele criar páginas também. Sem querer, o hobby virou trabalho.

Anos depois, Ferreira passou por empresas de tecnologia na capital catarinense, mas foi em 2013 que sua carreira mudou de patamar. Um amigo o indicou para um projeto nos Estados Unidos. "Nunca tinha saído do Brasil. Nem passaporte eu tinha", lembra. O projeto deu certo e abriu portas para novos clientes internacionais.

Em 2015, veio a grande virada. A Mercedes-Benz precisava de um designer para trabalhar em um aplicativo no Vale do Silício. Ferreira foi recomendado e passou meses em São Francisco desenvolvendo o projeto. O app foi premiado pela Apple como um dos "Aplicativos do Ano".

O reconhecimento fez com que Ferreira começasse a ser abordado por gigantes como Google, Meta e Microsoft.

"Meu LinkedIn foi de 450 para 20 mil conexões em semanas", conta. Com a demanda aumentando, ele decidiu abrir uma empresa. Assim nasceu a Atomsix, em 2020, junto com seu sócio, Gustavo Novloski.

Desde então, a empresa se especializou no desenvolvimento de aplicativos, plataformas digitais e branding, sempre com um foco forte em design e experiência do usuário.

Qual é a estrutura da Atomsix hoje

Hoje, a Atomsix tem mais de 40 funcionários e escritórios em Florianópolis e Orlando, nos Estados Unidos. A operação americana é focada em negócios e relacionamento com clientes internacionais, enquanto o time no Brasil cuida do desenvolvimento dos projetos.

A empresa trabalha com grandes corporações e startups que querem criar ou aprimorar seus produtos digitais. "A gente não faz só aplicativos. Criamos experiências digitais completas, desde o branding até o design e desenvolvimento", afirma Ferreira.

Um dos cases mais marcantes da Atomsix foi o desenvolvimento da interface da Drata, uma plataforma de compliance que se tornou um unicórnio avaliado em 2 bilhões de dólares. Outro projeto de destaque foi o aplicativo Jurafuchs, voltado para educação jurídica, que ganhou o prêmio Apple Editor’s Choice.

No Brasil, a empresa também tem clientes relevantes. Um exemplo é a Portonave, um dos maiores portos do país, para quem a Atomsix desenvolveu um sistema que reduziu drasticamente o tempo de espera na entrada de caminhões. "Antes, as filas eram quilométricas. Hoje, eles estão batendo recordes de movimentação", conta Ferreira.

Qual é o tamanho do mercado

O mercado global de desenvolvimento de software está em forte expansão.

Estima-se que o setor alcance 515 bilhões de dólares em 2025 e chegue a 1,4 trilhão de dólares em 2029.

O crescimento vem sendo impulsionado pela digitalização dos negócios e pelo aumento do uso de inteligência artificial.

No Brasil, o setor também avança. O país é o segundo maior desenvolvedor de aplicativos do mundo e movimentou 4,5 bilhões de dólares em 2023. O problema? Falta de profissionais qualificados. O Brasil deve ter um déficit de 530 mil profissionais de tecnologia até 2025.

"A dificuldade de encontrar talentos é um dos nossos maiores desafios", diz Ferreira.

Quais são os planos futuros

O plano da Atomsix para os próximos anos é claro: crescer no Brasil sem perder a força no mercado global.

Para isso, a empresa aposta em dois movimentos estratégicos: ampliar a carteira de clientes nacionais e continuar desenvolvendo produtos inovadores para gigantes internacionais.

O foco será o desenvolvimento de soluções em inteligência artificial e experiência do usuário, além de expandir parcerias com fundos de investimento que financiam startups.

"Temos trabalhado com empresas que saíram do zero e viraram unicórnios. Queremos replicar esse sucesso no Brasil", afirma Ferreira.

Com o mercado de tecnologia em expansão e uma carteira de clientes cada vez mais diversificada, a Atomsix busca consolidar sua presença no país e bater sua meta de 10 milhões de reais em faturamento este ano. Para 2026, os planos são chegar aos 15 milhões de reais em receita.

"Agora é a hora de trazer o que aprendemos lá fora e aplicar aqui dentro", afirma o fundador.

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