Negócios

Ela saiu de casa aos 12 anos para ser babá e hoje fatura R$ 400 mil com agricultura sustentável

Em Sorriso, região médio-norte de Mato Grosso, Elizane da Silva produz alimentos de forma sustentável e pretende crescer 30% em 2025

Elizane da Silva, proprietária da Chácara Raio de Sol: "O que fiz foi aumentar minha visão sobre o empreendedorismo e entender o que gostaria de fazer” (Divulgação)

Elizane da Silva, proprietária da Chácara Raio de Sol: "O que fiz foi aumentar minha visão sobre o empreendedorismo e entender o que gostaria de fazer” (Divulgação)

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 27 de janeiro de 2025 às 09h39.

Assim como muitos brasileiros, a rondoniana Elizane da Silva, começou a trabalhar cedo. Ela saiu de casa aos 12 anos para realizar serviços gerais e de babá em uma casa de famíli depois, aos 14, atuou em uma livraria do comércio local. Mas o que realmente fazia seus olhos brilharem era o empreendedorismo. “Observar como algumas pessoas conseguiam transformara e ideias em negócios de sucesso sempre foi minha paixão”, conta. Até que aos 18 anos, com a maternidade, decidiu investir na área para ter mais liberdade de agenda e tempo com o filho.

Depois de três empresas – uma loja de roupas, um orquidário e um centro automotivo –, teve a ideia de transformar parte da Chácara Raio de Sol, que era apenas voltada ao lazer, em uma área de produção sustentável de alimentos. Atualmente, a propriedade localizada em Sorriso, uma cidade de 120 mil habitantes na região médio-norte de Mato Grosso, consegue colher 600 quilos de pimentão verde por semana, e produzir 10 toneladas de tomates e 45 de melões, por safra. Além disso, conta com estufas automatizadas que permitem monitorar e controlar as condições de cultivo, como temperatura, umidade, iluminação e dióxido de carbono, e um selo de origem com todas as informações sobre a produção.

Em 2024, alcançou um faturamento em torno de R$ 400 mil e iniciou um projeto para o plantio de abacaxi. Assim, a expectativa é crescer 30% em 2025. “Muitas pessoas perguntam porque as empresas anteriores não deram certo, se tive algum problema, mas nunca quebrei. O que fiz foi aumentar minha visão sobre o empreendedorismo e entender o que gostaria de fazer”, diz. Segundo ela, a aposta sempre foi reinvestir o que havia conquistado no novo negócio.

Pesquisas e capacitações para o início da empresa

A ideia de começar a produzir alimentos foi pautada na vontade de atuar com algo sustentável e em um lugar mais calmo e revigorante. “O espaço sempre me trouxe paz e tranquilidade, o que muitas vezes não temos na correria da cidade. Mas, antes, não acreditava que seria possível ter lucro com uma pequena propriedade, já que todas ao meu redor eram de grande porte”, diz. No entanto, depois de uma análise de mercado, uniu a experiência que acumulou nos negócios anteriores e ao lado do marido Rodrigo Bernardi, que é agrônomo, iniciou a empresa.

Já que o setor era totalmente diferente dos que havia atuado, buscou capacitações, como as Missões Técnicas oferecidas pelo Sebrae de Mato Grosso, que possibilitam o contato com culturas empresariais de outros lugares, incluindo São Paulo e Brasília, por exemplo. A iniciativa oferece desde palestras sobre gestão financeira e parte técnica, até networking e acesso às inovações no setor agrícola. “Esse apoio foi fundamental para desenhar e viabilizar o negócio. Tive acesso a informações precisas para ser mais assertiva e chegar ao meu propósito principal, que é ser economicamente viável, ecologicamente correto e socialmente justo”, afirma.

Elizane realizou também pesquisas de mercado detalhadas diretamente com o público-alvo, elaborou um plano de negócios de curto, médio e longos prazos, e recorreu a ferramentas como a análise SWOT, que é usada para identificar forças, oportunidades, fraquezas e ameaças.

Colaboração e resiliência para expandir

Para a produtora rural o sucesso da empresa está diretamente ligado ao trabalho em equipe e às parcerias. “Ninguém faz nada sozinho. É como uma roda em que um precisa do outro para fazer girar”, diz. Hoje, a Chácara Raio de Sol fornece para os supermercados da região e, em parceria com o Clube Amigos da Terra (CAT) de Sorriso, desenvolveu um selo de origem. “Por meio de um QR Code, o consumidor consegue conhecer a história e os métodos de cultivo da propriedade”, conta.

Há também o fornecimento de produtos para elaboração de merendas escolares por meio da Cooperriso, cooperativa de produtores de agricultura familiar.Mas como todo empreendimento, problemas acontecem e Elizane precisou de muita determinação e resiliência para driblá-los. Em 2023, por conta de um período de ventos muito fortes, as três estufas foram derrubadas causando um grande prejuízo financeiro. No entanto, ela sempre olha o copo mais cheio e tem como lema “um dia de cada vez”. “Foi uma fase muito difícil, mas nunca pensei em desistir. No mesmo ano tantas outras coisas boas aconteceram e sabia que era mais fácil recuperar o que havia perdido do que começar algo do zero. Até porque a empresa estava dando certo, tinha clientes e estava alinhada com o que acredito”, diz.

Fora isso, sempre trabalhou com uma margem de sobra, o que a ajudou na retomada, e também recorreu ao Programa de Valorização da Pequena Produção Rural (Provape), que possui linhas de crédito com juros baixos.

Para as mulheres, deixa um conselho: “Busque capacitação e pessoas que compartilhem do mesmo propósito que o seu, e acredite em seus sonhos, sem esperar a validação de ninguém. Sempre haverá alguém dizendo que não vai dar certo. Hoje, quando olho para trás, vejo que tudo valeu a pena, cada batalha, cada noite de preocupação. Faço o que acredito e amo”, finaliza.

Acompanhe tudo sobre:hub-especialhub sebraeConstruindo futuros

Mais de Negócios

Startups enfrentam onda de falências com retração de investimentos, e 2025 promete ser desafiador

O que é equity? Entenda como funciona a participação acionária em startups

38 franquias baratas para empreender a partir de R$ 2.500 sem abrir mão dos finais de semana

Cimed fatura R$ 3,6 bi em 2024, bate recorde em dezembro e mira mercado do Ozempic