Negócios

Ela deixou uma multinacional para fundar uma edtech que fatura R$ 8 milhões

Laila Martins é sócia da Saber em Rede, que atua na captação de alunos para instituições de ensino; já são 70 universidades parceiras e 100 mil estudantes ingressados

Laila Martins, sócia da Saber em Rede: “Uma ideia sem execução não representa nada. Converse, troque opiniões e esteja aberto também a críticas”

Laila Martins, sócia da Saber em Rede: “Uma ideia sem execução não representa nada. Converse, troque opiniões e esteja aberto também a críticas”

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 14h00.

Até 2017, a baiana Laila Martins seguiu uma carreira tradicional no mercado corporativo. Formada em Direito, entrou em uma multinacional como trainee, foi estagiária e analista, mas ao longo dos anos percebeu que não fazia o que realmente gostava.

“Atuava na área de M&A, que engloba fusões e aquisições de empresas, e tinha pouco espaço para inovar. O papel do advogado, na maior parte das vezes, é apontar riscos e até barrar projetos. E eu gosto de assumir riscos e resolver problemas”, diz. Decidiu, então, fazer uma pós-graduação focada em Negócios, no Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) para migrar de área.

Durante a formação teve seu primeiro contato com o mundo das startups e se apaixonou. O divisor de águas responsável pela transição de carreira para o empreendedorismo aconteceu no último semestre, durante o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Ela optou por desenvolver um plano de negócios para uma empresa fictícia, ideia que foi compartilhada com Alaide Barbosa, uma colega que fazia pós-doutorado em Engenharia na Escola Politécnica da USP. Juntas decidiram transformar o projeto acadêmico em algo real.

Esse foi o início do Saber em Rede, maior rede de captação de alunos para Instituições de Ensino Superior (IES) do Brasil, que conquistou o primeiro lugar no Ranking 100 Open Scaleups e foi reconhecida pela Exame Negócios em Expansão como uma das empresas que mais cresceu no Brasil em 2024.

Atualmente, conta com 300 mil embaixadores, R$ 14 milhões pagos em comissões, 70 universidades parceiras e 100 mil alunos ingressados. Com um crescimento médio anual de 150%, tem a perspectiva de alcançar um faturamento de R$ 10 milhões em 2025, um aumento de 25% em relação ao ano anterior, que foi de R$ 8 milhões. Um dos principais projetos em andamento é a implementação de inteligência artificial para aprimorar o treinamento dos afiliados, tornando-os mais preparados e eficientes na captação de alunos.

Da faculdade para o mercado

O TCC foi como um MVP (Mínimo Produto Viável), no qual o investimento inicial é mais baixo – apenas referente aos recursos necessários para testar o projeto e adaptá-lo, se for necessário, para validar a ideia. Laila ficou à frente da elaboração do plano de negócio, que envolveu análise de marca, finanças e modelo de gestão; e Alaide, que é desenvolvedora, da parte tecnológica.

O primeiro grande teste ocorreu em parceria com uma faculdade. “Fiquei cerca de 30 dias na instituição fazendo testes, captando embaixadores e ouvindo as pessoas envolvidas. Foi aí que percebemos que existia um negócio promissor”, explica Laila. Segundo ela, o timing também foi fundamental: o mercado educacional enfrentava desafios devido à redução do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), e as universidades buscavam soluções inovadoras para captação de alunos.

O negócio ganhou tração e, em 2018, foi selecionado para o programa Startup SP, do Sebrae, recebendo mentoria e apoio para estruturá-lo. “O programa nos ajudou a organizar a empresa, potencializou nosso networking e nos deu confiança como empreendedoras”.

No mesmo ano, passou em um processo seletivo no Cubo Itaú, onde é residente até hoje. A entrada no maior hub de startups da América Latina fez a dupla participar mais ativamente do ecossistema, conhecer investidores e ter acesso às principais inovações.

Olhar atento às demandas do mercado

Para Laila, a proposta de valor da Saber em Rede é o grande diferencial. De maneira prática, ela explica, a companhia beneficia todos os envolvidos. De um lado, permite que qualquer pessoa empreenda e ganhe renda extra representando IES parceiras como agentes que geram novas matrículas.

Esses afiliados atuam por meio da uma plataforma, que oferece treinamentos e recursos para captar estudantes, como criar campanhas de marketing personalizadas e acompanhar estratégias em tempo real.

De outro, as IES conseguem atingir um público mais diversificado e capilarizado, que talvez não fosse impactado por campanhas tradicionais, e os alunos captados não só acessam os cursos das melhores faculdades do país, mas também têm suporte especializado e benefícios, como descontos ou isenção de taxas de matrícula.

Decida e ajuste depois, se necessário

Apesar do sucesso da empresa, Laila ressalta que é preciso ter em mente que empreender é um desafio constante, especialmente para mulheres que se deparam com o machismo e, muitas vezes, esperam estar 100% prontas para dar o primeiro passo. “Isso raramente acontece, principalmente se estiverem inovando. Por isso, é fundamental trabalhar a autoconfiança e seguir, mesmo diante da incerteza. Isso significa que é necessário confiar na própria capacidade e tomar as decisões com base nas informações disponíveis no momento. “Se a escolha for errada, é possível corrigir e aprender com a experiência”.

Outro conselho é não ter medo de expor ideias. “Uma ideia sem execução não representa nada. Converse, troque opiniões e esteja aberto também a críticas”, afirma. A empresária ressalta que com coragem, propósito claro e olhar atento às tendências é possível transformar desafios em oportunidades e construir um negócio de sucesso com impacto real na sociedade.

 

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