Negócios

Ela criou uma startup para mudar o jeito de nascer no Brasil — e já impactou 1,5 mil famílias

Lettycia Vidal é fundadora da Gestar, plataforma que conecta profissionais de saúde e famílias em busca de condutas mais humanizadas do pré-natal ao pós-parto

Lettycia Vidal, fundadora da Gestar: plataforma conecta famíias a profissionais de saúde "humanizados" (Gestar/Divulgação)

Lettycia Vidal, fundadora da Gestar: plataforma conecta famíias a profissionais de saúde "humanizados" (Gestar/Divulgação)

A empreendedora carioca Lettycia Vidal tem uma história não rara entre fundadores de empresas. O incentivo inicial para a criação de seu primeiro empreendimento veio de uma dor pessoal. Ou quase isso. Hoje ela é líder da Gestar, uma plataforma que conecta profissionais de saúde a gestantes e famílias em busca de uma relação mais harmoniosa com o pré-natal, o parto e os primeiros anos de vida de um bebê.

A ideia surgiu após alguns anos ouvindo relatos de amigas e parentes — incluindo sua própria mãe — que haviam sido vítimas de violência obstétrica, uma realidade que faz parte da rotina de uma em cada quatro mulheres no Brasil.

Assine a Empreenda, a nova newsletter semanal da EXAME para quem faz acontecer nas empresas brasileiras!

O incômodo ao ouvir tantas histórias e perceber que, na grande maioria das vezes, as mulheres sequer sabiam que haviam sido vítimas de violência, despertou em Lettycia a vontade de mudar o cenário obstétrico do país — uma ideia que ganhou ainda mais força durante um intercâmbio estudantil no México.

“A realidade daqui impressionava negativamente as mulheres de lá”, conta. “A conclusão que eu tive era de que a violência obstétrica estava normalizada por aqui, mas não deveria ser assim, pois em outros países isso estava longe de ser algo comum”.

De volta ao Brasil ela criou a Gestar como resultado de um trabalho de conclusão de curso que ouviu inúmeras mulheres e médicos da área. No entanto, três anos se passaram até que a ideia de fato saísse do papel, num processo que envolveu aceleração e mentorias de plataformas de apoio ao empreendedorismo feminino como a B2Mammy.

A Gestar funciona hoje como uma espécie de marketplace do parto humanizado. Pela plataforma, gestantes e tentantes podem se conectar com profissionais gabaritados e que seguem condutas igualmente humanizadas em seus trabalhos. Na lista estão obstetras, ginecologistas, fisioterapeutas, pediatras, entre outros. A própria Gestar se encarrega da curadoria dos médicos antes do registro na plataforma, com análise de certificados e até entrevistas, quando necessário.

Também pela plataforma, famílias podem agendar consultas de forma gratuita, enquanto médicos podem divulgar seus trabalhos com um portfólio que inclui galeria de fotos, inclusão em grupos de WhatsApp e páginas personalizadas, a depender da categoria do plano escolhido para assinatura.

LEIA TAMBÉM

Theia capta R$ 30 milhões para popularizar o parto humanizado

Com inteligência artificial, startup detecta câncer de mama precocemente

Segundo Lettycia, atualmente são mais de 220 profissionais cadastrados, em mais de 20 especialidades, dentro e fora do Brasil. Entre as usuárias, há brasileiras que vivem em outros países, como Suécia, Austrália, Nova Zelândia e Turquia. “Já impactamos mais de 1,5 mil famílias, e isso é só o começo”, diz.

A ambição da empreendedora e sua sócia Giovana Milani, é ter cerca de 1,1 mil profissionais cadastrados até o final deste ano. Também estão nos planos um rebranding e uma nova plataforma que inclui também novas funcionalidades que podem ajudar profissionais a automatizar ainda mais suas rotinas de atendimento.

A intenção é também passar a atuar no B2B, com um projeto de treinamentos e especializações para hospitais e maternidades. “Queremos mostrar como o atendimento pode ser ainda mais humanizado e respeitoso, do pré-parto ao pós-parto, em todas as instituições de saúde”, diz.

Para dar conta desse crescimento, a Gestar deve aproveitar o investimento recebido pela iniciativa Google for Startups, que aconteceu em 2021. A empresa não divulga o valor recebido, mas, segundo Lettycia, o recurso mais valioso está no apoio estratégico. “Estamos crescendo com o smart money e orientações do Google. Sabemos que ainda vamos longe”.

Acompanhe tudo sobre:Aladas-na-ExameEmpreendedorismoempreendedorismo-femininoEXAME-no-Instagram

Mais de Negócios

Futuro com robôs e regulamentação da IA: veja os destaques do 1° dia de Web Summit

Startup do Recife quer ser o primeiro serviço centralizado para mulheres grávidas

Como o grupo da Leroy Merlin quer faturar R$ 3 bilhões com atacarejo de construção no Brasil

Esta agência de conteúdo carioca começou com R$ 300 e hoje fatura R$ 3 milhões