Mariana Marques e o mascote da healthtech Boon: consultoria para um uso racional do plano de saúde (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 23 de setembro de 2024 às 13h59.
Última atualização em 24 de setembro de 2024 às 08h56.
Os planos de saúde no Brasil estão numa encruzilhada. Por um lado, eles nunca estiveram tão presentes. Em 2023, mais de 50,5 milhões de brasileiros tinham algum seguro saúde.
É o maior número desde 2014, quando o setor entrou numa crise de quase uma década em função da perda de postos de trabalho com carteira assinada.
Com mais gente assegurada, os planos bateram recordes de atendimentos. Ao total, foram mais de 1,7 bilhão de procedimentos como exames e internações no ano passado.
É uma alta de 18,5% sobre 2019, o último antes da pandemia, segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, uma das fontes mais confiáveis do setor.
(Entre 2020 e 2022, os números foram prejudicados porque muita gente postergou a ida ao médico por causa da quarentena.)
Tudo isso provocou um salto nas despesas. Mesmo com a inflação geral em queda desde 2022, as despesas dos brasileiros com saúde seguem crescendo num ritmo de dois dígitos.
Em 12 meses até setembro de 2023, a alta chegou a 12,7%, segundo o IESS. No mesmo período, o IPCA foi de 5,2%.
Em meio a empresas e planos de saúde às voltas com despesas em alta, a empreendedora paulistana Mariana Marques criou um negócio em expansão ao ajudar todas as pontas do ecossistema a reduzir esses custos.
Marques é fundadora da Amarq, uma consultoria dedicada a ajudar grandes empresas a encontrar o seguro saúde mais adequado às necessidades dos seus funcionários.
Entre os principais serviços da Amarq é o de corretagem de planos de saúde, uma expertise de Marques após fazer carreira em empresas como o plano de saúde NotreDame (hoje NotreDame Intermédica) e na gestora de saúde e benefícios corporativos Admix.
Em quase 25 anos de corretagem, 11 deles já como sócia da Amarq, Marques viu repetidas histórias de empresas cujos funcionários usaram os planos de saúde sem pensar no tamanho da conta.
De tanto ver a despesas médicas dos clientes da Amarq saltar de um ano para o outro, em função de um uso desmedido do seguro saúde, Marques percebeu a falta de uma nova abordagem para o tema.
Aí surge o Boon, uma healthtech também fundada por ela em fevereiro deste ano com a proposta de usar tecnologia para:
A startup nasceu em fevereiro deste ano a partir de uma série de pilotos realizados com a carteira de 100.000 vidas da Amarq desde o início da pandemia.
"Um dos maiores desafios hoje no mercado de saúde é a integração de dados que envolvem a operadora e seguradora de saúde com os dados dos prontuários médicos, o que cria um abismo no cuidado das pessoas", diz Marques.
"Se não temos esses dados integrados, não conseguimos fazer uma gestão de saúde eficiente para as empresas, o que resulta no aumento nos custos com saúde, que é o que vemos atualmente no mercado."
Um dos principais serviços do Boon é o de acompanhamento de doentes crônicos, um problemaço brasileiro: quase 1 em 3 brasileiros tem diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica, segundo relatório de 2023 do Vigitel, uma pesquisa do Ministério da Saúde conduzida por telefone.
"Os estudos do setor apontam que pessoas com doenças crônicas podem aumentar em 7 vezes os custos com despesas médicas das empresas", diz Marques.
"Atuar nos fatores de risco pode eliminar 80% das doenças cardiovasculares e diabetes tipo II, e 40% dos vários tipos de câncer, o que consequentemente diminui os custos das empresas."
Após a contratação do Boon, o time da healthtech realiza um mapeamento de saúde dos funcionários dos clientes para entender o perfil populacional e depois estratifica o risco da população.
Então, encaminha as pessoas para o benefício que mais se encaixa para o usuário. "Tudo isso com jornadas personalizadas construídas dentro do WhatsApp", diz Marques. "O objetivo é aumentar o engajamento dos benefícios contratados."
As empresas que contratam o Boon ganham 10 benefícios: telemedicina, programas de cuidado voltado para pessoas com doenças crônicas, nutrição e Gestantes, além de acesso ao Wellhub (antigo Gympass), psicoterapia, apoio social, jurídico e financeiro e descontos em mais de 20 instituições de ensino.
Com mais de 30 clientes e 15.000 membros na base, o Boon projeta ter 50.000 membros até 2025.
Segundo a executiva, os dados do Boon já mostram uma redução de sinistralidade e absenteísmo que varia entre 10% e 15%.
Atualmente, a startup representa 22% do faturamento da Amarq, que em 2023 teve uma receita operacional líquida de 15,2 milhões de reais, alta de 26% em 12 meses.
O resultado financeiro colocou a Amarq no ranking EXAME Negócios em Expansão, o maior anuário do empreendedorismo do Brasil.
A Amarq ficou em 106º lugar entre as empresas brasileiras que mais cresceram em 2023 na categoria entre 5 a 30 milhões de reais.
Para 2024, a projeção é crescer mais 40% e chegar a um faturamento de 23 milhões de reais.
Boa parte da expansão será puxada pelo Boon. "A projeção é que a fatia vinda do Boon chegue a 41% das receitas da Amarq até 2026", diz Marques.
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.
Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas brasileiras que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023.
A análise considerou os negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais. Após uma análise detalhada das demonstrações contábeis das empresas inscritas, a edição de 2024 do ranking foi lançada no dia 24 de julho.
São 371 empresas de 23 estados brasileiros que criam produtos e soluções inovadoras, conquistam mercados e empregam milhares de brasileiros.