“Quando uma bolsa chega, ela é vendida em minutos", diz a empreendedora Natália Martinhão (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 31 de janeiro de 2023 às 06h06.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2023 às 10h02.
Para algumas pessoas, a oportunidade de empreender surge de forma despretensiosa. A paulistana Natália Martinhão, que nunca tinha empreendido antes, resolveu anunciar algumas roupas e bolsas nas redes sociais, depois de se mudar com o marido de Medellín, na Colômbia, para Teresina, capital do Piauí.
Por conta do clima muito diferente das duas cidades, Natália começou a vender roupas de seu guarda roupa pela redes sociais. Marcas de luxo, como Prada, Louis Vuitton e Chanel estavam entre os itens anunciados.
"Percebi que fazia sucesso e vendia bem. Minhas amigas me pediram ajuda para divulgar suas peças e passei a vendê-las também. Ali nasceu um negócio, mas eu nem me dei conta no começo”, diz a fundadora do brechó 'Desapega que a vida carrega'.
Em 2017, Natália abriu uma loja física de 400 metros quadrados em Teresina e criou o e-commerce da marca. A ideia era vender peças usadas com modelagem diferente e bom preço. Hoje, o brechó com mais de 30 mil itens no acervo tem lojas em São Luís e São Paulo, vende mais de 550 peças por mês e fatura R$ 3,5 milhões.
Em 2020, a empreendedora abriu sua segunda loja física em São Luís, no Maranhão. O espaço de 197 metros quadrados atende melhor a região que carecia de brechós com foco na experiência do cliente, diz a empreendedora.
Com a pandemia, as vendas digitais se fortaleceram ainda mais. Com o aumento das buscas por peças nas redes sociais, a empreendedora teve a ideia de criar grupos no WhatsApp com as clientes interessadas em determinadas marcas.
"Anunciamos as peças primeiro nos grupos, que são criados de acordo com as marcas de interesse das clientes. Hoje temos 26 grupos de marcas de luxo, como Gucci, Chanel e Prada, e temos também grupos voltados para marcas como Farm, ByNV, Cris Barros, entre outras".
O sucesso da empreitada fez com que a empreendedora Natália Martinhão tivesse a ideia de abrir um showroom em São Paulo. “Captamos mais peças para venda na capital paulista, tanto em quantidade quanto em qualidade”.
O preço das peças pode variar de R$ 500 a R$ 130 mil, dependendo da grife e raridade do produto, tendo bolsas, por exemplo, que chegam a custar mais do que uma nova, vendida em lojas, por sua raridade.
O brechó analisa a qualidade das peças, além de avaliar sua originalidade. O empreendimento fica com um percentual entre 30% a 50% do valor da peça.
A logística utilizada pelo brechó é própria, para garantir que o cliente receba o produto em condições ideais – até porque aquele produto é único e precisa de cuidados especiais.
“Quando uma bolsa chega, ela é vendida em minutos. Nosso marketing, nas redes sociais, é muito forte e as clientes sabem que os produtos têm garantia de originalidade e qualidade”, diz a empreendedora.
Hoje, o brechó conta com 300 mil clientes cadastrados, que podem receber as novidades que chegam diariamente – e muitos têm seus vendedores preferidos no radar. São comercializadas mais de 200 grifes pelo brechó.
Para 2023, a expectativa é de novas parcerias e viagens pelo Brasil com o brechó no formato de pop-up stores. A primeira investida neste formato ocorrerá ainda em janeiro, no Rio de Janeiro. O Shopping Recreio receberá uma edição do Desapega que a vida carrega com mais de 3 mil peças. Serão apresentadas apenas peças de luxo, num evento que promete mudar o conceito de moda circular na cidade.
Também faz parte do projeto do brechó inaugurar mais três lojas físicas, todas em capitais do Nordeste. A estratégia permitirá ampliar as vendas na região e melhorar a logística local, já que o brechó já vende muito nos estados nordestinos. Com isso, a empreendedora acredita que dobrará o tamanho de seu empreendimento.
“A moda circular não é apenas uma tendência, é um segmento consolidado e que foi adotado por todas as pessoas que valorizam peças atemporais, luxuosas e de bom gosto. Renovar o guarda-roupa de forma criativa requer conhecimento e a curadoria de moda é uma prestação de serviços utilíssima e inteligente”, diz.