Danielle Miranda, da AlugaMais: "Nossa percepção é que as imobiliárias conseguem um aumento mensal de 35% no número de locações com o nosso auxílio" (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 24 de abril de 2023 às 14h35.
Última atualização em 24 de abril de 2023 às 15h01.
A empreendedora gaúcha Danielle Miranda tomou uma atitude na mente de muita gente que bate ponto numa empresa: desbravar num negócio próprio partindo de uma oportunidade mapeada no dia a dia do trabalho com carteira assinada.
Miranda é fundadora da AlugaMais, uma startup de Passo Fundo, no norte gaúcho, cuja aspiração é resolver tarefas comuns a corretores de imóveis ou imobiliárias, como:
As tarefas estão num software na nuvem criado por Miranda e um time de desenvolvedores contratados por ela ainda quando batia ponto num cargo executivo de uma das principais imobiliárias de Passo Fundo.
O olhar atento do time de Miranda sobre o dia a dia de um corretor de imóveis encontrou oportunidades para ganhos de eficiência no fluxo de trabalho típico desse profissional.
Um exemplo foi a análise de dados de potenciais locatários. Em muitas imobiliárias, essa etapa ainda é feita da consulta a diversas bases de dados ligadas ao CPF de um indivíduo — o cadastro do birô de crédito Serasa sobre endividados costuma ser um dos mais utilizados nessas horas.
A ideia de Miranda foi concentrar dentro da ferramenta da AlugaMais uma porção de informações vindas de diversas fontes, inclusive de alguns birôs de crédito.
Tudo isso foi sistematizado no Sama, acrônimo para Sistema Aluga Mais de Avaliação, e que pretende dar uma certa garantia à gestão da imobiliária sobre a qualidade de crédito de quem está interessado em alugar um imóvel.
Em função do Sama, a AlugaMais garante às imobiliárias de 12 a 30 vezes o valor de um aluguel em caso de inadimplência e ainda fica responsável por todo o processo de cobrança e despejo.
Para ser aprovado no Sama, o inquilino não precisa dispor de cartão de crédito, bastando apenas apresentar CPF.
"Um processo de locação que, normalmente, demoraria dias, hoje não passa de 24 horas e isso faz toda a diferença no negócio", diz Miranda.
"Nossa percepção é que as imobiliárias conseguem um aumento mensal de 35% no número de locações com o nosso auxílio."
Em imobiliárias do interior do país, muitas comandadas numa estrutura familiar e com capital limitado para investimentos parrudos em tecnologia, boa parte desse dia a dia da operação é ainda tocada de maneira rudimentar — via planilhas de Excel espalhadas nos computadores dos corretores de imóveis ou, pior ainda, na mão.
"Todas elas eram dificuldades do meu dia a dia na gestão da compra e venda de imóveis", diz Miranda. "Em conversas com meus concorrentes, percebia que não estava sozinha."
O chacoalhão na maneira de tocar uma imobiliária ficou ainda urgente nos últimos anos com o surgimento de concorrentes 100% digitais, como os unicórnios Loft e Quinto Andar, com milhões de reais aportados por fundos globais interessados em ganhar escala de uma hora para a outra — e justamente em cima do público até então atendido por imobiliárias de pequeno e médio porte.
"O setor precisou acordar rapidamente", diz Miranda.
A AlugaMais passou a operar de fato no início de 2021.
Atualmente, a startup atende 1,14 mil imobiliárias nas 27 unidades da federação.
A maior parte está em São Paulo, onde tem funcionários dedicados ao mercado local.
E o mercado é vasto: segundo o órgão nacional do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci), são mais de 50 mil imobiliárias no Brasil.
Do total, 73% delas atuam com locação e apenas 13% com processos digitais.
"O objetivo da AlugaMais é tirar processos burocráticos da mão do inquilino e de expandir o faturamento da imobiliária", diz.
Em 2022, o negócio dobrou de tamanho — o faturamento ficou em R$ 1,2 milhão — e a perspectiva é de uma nova expansão de dois dígitos em 2023.