Eike Batista, dono da OGX: tombo na bolsa alcança o patrimônio do bilionário (Marcelo Correa/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2011 às 19h34.
São Paulo - O empresário Eike Batista encerrou esta segunda-feira 6,8 bilhões de reais mais pobre. O motivo foi a reação negativa aos números divulgados pela OGX, a petrolífera de Eike, na última sexta-feira (15/4). As ações ordinárias da empresa (OGXP3, com direito a voto) fecharam a segunda em queda de 17,23%, cotados a 16,26 reais por papel.
Em dólares, as perdas de Eike, hoje, somaram 4,3 bilhões, considerando um câmbio de 1,591 real por dólar. Em março, a revista Forbes avaliou a fortuna de Eike em 30 bilhões de dólares. O montante o colocava como o oitavo homem mais rico do mundo – e o número um no Brasil.
O nono colocado, na lista da Forbes, era o indiano Mukesh Ambani, com 27 bilhões de dólares. Ambani preside o Reliance Industries, o maior conglomerado industrial da Índia.
O Grupo EBX, holding de Eike que controla seus negócios, detém 62% da OGX. A participação está em nome da Centennial Asset Mining Fund Llc. Na sexta-feira, a fatia da OGX atribuída a Eike valia 39,395 bilhões de reais. Com a forte queda desta segunda, essa participação passou a valer 32,598 bilhões de reais.
Mau humor
O mau humor do mercado com a OGX é baseado no relatório de recursos divulgado pela empresa na sexta-feira. O documento foi elaborado pela consultoria independente DeGolyer & MacNaughton (D&M), especializada em petróleo e gás.
A D&M avaliou os recursos potenciais e contingentes da OGX em 10,8 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). O volume é superior aos 6,8 bilhões de boe divulgados em setembro de 2009, com base na mesma consultoria.
O problema, segundo o mercado, é a distribuição dos recursos divulgados na semana passada. Na Bacia de Campos, por exemplo, onde a D&M avaliou 5,7 bilhões de boe, muito do petróleo estimado ainda tem um algo grau de risco.
Na classificação de incerteza da D&M, apenas 100 milhões de boe apresentam um baixo grau de incerteza (classificação 1C). Outros 700 milhões de boe têm nível médio de incerteza (classificação 2C). A grande maioria, porém, foi classificada com um elevado grau de risco (3C). Trata-se de 3 bilhões de boe.
O mercado não gostou, também, de a D&M ter incluído 1,3 bilhão de boe na categoria recursos de delineação, isto é, recursos estimados apenas a partir do limite geológico das camadas que conteriam petróleo – uma categoria com grau ainda maior de incerteza.
Por último, a D&M apontou 1,4 bilhão de boe como recursos prospectivos, isto é, áreas com potencial de óleo, mas ainda não perfuradas e avaliadas com base apenas em análises prévias.
Bombeiro
No sábado, Eike e a direção da OGX promoveram uma teleconferência com analistas para tentar desfazer a má impressão. Na ocasião, o bilionário afirmou que a D&M apresentou um “relatório Benjamin Button”, numa alusão ao filme O curioso caso de Benjamin Button, estrelado por Brad Pitt. “O relatório já nasceu velho”, disse.
O motivo é que a D&M teria desconsiderado 15 poços perfurados após 31 de dezembro para as bacias de Campos e Parnaíba, e 31 de março para a Colômbia. As perfurações já teriam reduzido o grau de incerteza dos poços avaliados pela D&M, segundo a OGX.
“Para a direção da OGX, todos os recursos já são classificados como 2C (médio grau de incerteza), e não como 3C (alto risco)”, afirmou o presidente executivo da OGX, Paulo Mendonça, na teleconferência. “Já é hora de o mercado confiar na equipe da OGX. A direção tem credibilidade”, disse. A empresa corre, agora, para mudar a classificação de risco das jazidas ainda neste ano, embora seu prazo seja março de 2013.