Bezoz, da Amazon: na corrida da filantropia, ele continua muito atrás de Bill Gates (David Ryder/Getty Images)
Lucas Amorim
Publicado em 24 de novembro de 2017 às 17h03.
A Black Friday pode ter deixado você mais pobre, mas fez muito bem ao bolso de Jeff Bezos. O fundador da varejista online Amazon chegou a 100 bilhões de dólares de fortuna pessoal nesta sexta-feira. Sua riqueza aumentou 2,4 bilhões de dólares no dia, graças a um avanço de 2% nas ações da Amazon, impulsionadas pela Black Friday.
É a consolidação de um momento histórico não só para Bezos, como para a Amazon. As vendas da varejista, que chegou com os dois pés ao mercado brasileiro há um mês, avançaram 18,4% no ano. O valor de mercado da companhia subiu 50% no ano, para 570 bilhões de dólares. Dono de 17% das ações, Bezos só tem a celebrar.
Ele começou o ano com 68 bilhões de dólares na conta e, 32 bilhões de dólares depois, bateu a emblemática marca de 100 bilhões às 16 horas desta sexta-feira (horário do Brasil). Ele é o primeiro homem a chegar à marca desde 1999, quando Bill Gates rompeu a barreira (hoje, o fundador da Microsoft tem 89 bilhões de dólares).
Bezos passou Bill Gates pela primeira vez em julho, por algumas horas. Depois, passou de vez no final de outubro, depois que a Amazon divulgou um relatório de resultados trimestrais ainda melhor do que as já otimistas expectativas dos investidores. A receita cresceu 34%, para 43,5 bilhões de dólares (a expectativa era de 41,6 bilhões).
E deve crescer ainda mais. A companhia prevê para o quarto trimestre uma receita entre 56 bilhões e 60,5 bilhões de dólares, 38% acima do mesmo período no ano passado – e também ao norte da expectativa dos analistas.
O lucro é minguado em relação a essa montanha de dinheiro: 256 milhões de dólares. Mas este é o modelo de negócios da Amazon, e os investidores parecem satisfeitos com isso.
A Amazon emprega hoje mais de 540.000 pessoas, um acréscimo de assombrosos 77% do pessoal desde o ano passado (incluindo a compra da rede de supermercados Whole Foods). E a empresa ainda está contratando engenheiros de software, representantes de vendas e técnicos de várias áreas para sua divisão de computação em nuvem.
Em outubro, sua companhia de foguetes Blue Origin testou com sucesso seu primeiro motor de foguete, o BE-4. Quase três vezes mais potente que o motor da SpaceX, do bilionário Elon Musk. O bilionário também é dono do jornal The Washington Post, comprado em 2013 por 250 milhões de dólares.
A era Bezos
A inversão de posições marca uma nova era. Bill Gates foi o empresário mais bem-sucedido do mundo durante vários e vários anos, porque capitaneou uma revolução gigantesca, da qual ainda hoje sentimos os efeitos: o nascimento da era dos computadores pessoais, e dos softwares.
Warren Buffett, que também deteve a coroa de pessoa mais rica do mundo, evidenciava outra característica do mundo dos negócios: a volta da importância da visão de longo prazo, da racionalidade pé-no-chão, depois de um período de explosão criativa (e exageros especulativos). Carlos Slim representava a globalização e o crescimento da indústria das telecomunicações.
Ainda não está totalmente clara qual é a natureza, nem a extensão, da revolução da Amazon. Sabe-se que tem a ver com o comércio digital, com a ascensão das companhias que se assumiram como plataformas em vez de produtoras-vendedoras, com a nova perspectiva de que crescimento é mais importante que lucro, com a tendência de, neste mundo novo, erguer e defender impérios que tendem ao monopólio.
Também não está claro qual com que volúpia Bezos, 53 anos, abraçará a filantropia. Gates, 62, teria mais de 150 bilhões de dólares segundo estimativas da agência Bloomber, se não tivesse doado ações e dinheiro para projetos sociais desde 1996. Ainda segundo a Bloomberg, Bezos doou 500 milhões de dólares em ações da Amazon desde 2002.
Nesta corrida ele continua muito atrás do fundador da Microsoft.