Ecovix: No fim de junho, a empresa tinha conseguido aprovar o plano com a maior parte dos seus credores (TMbux/Wikimedia Commons)
André Jankavski
Publicado em 20 de agosto de 2018 às 19h19.
Última atualização em 21 de agosto de 2018 às 19h15.
Após quase dois anos de tentativas, a Ecovix teve o seu plano de recuperação judicial aprovado pela Justiça nesta segunda-feira 20. A empresa, que tem mais de 8 bilhões de reais em dívidas e foi uma das envolvidas na Operação Lava Jato, é ligada ao grupo Engevix e controla o Estaleiro Rio Grande, localizado no Sul do País.
“Agora, a empresa vai focar em sua recuperação. Faremos a limpeza do estaleiro, pegar as sucatas das plataformas que não foram entregues e dar andamento para a continuidade da empresa”, diz o advogado Alexandre Faro, do escritório Freire Assis Sakamoto Violante, que participou do processo. Entre as sucatas estão partes da plataforma P-71, da Petrobras.
No fim de junho, a empresa tinha conseguido aprovar o plano com a maior parte dos seus credores. Ao mesmo tempo, no entanto, as estatais Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal não aprovaram o acordo. Juntas, elas possuem cerca de 1 bilhão de reais para receber da Engevix. O fato gerou estranheza nos negociadores. "Tínhamos dado a opção do próprio BB pilotar todo a recuperação, mas eles recusaram", diz uma fonte com conhecimento do negócio.
As principais atividades do estaleiro eram os reparos em plataformas, atracação de embarcações e movimentação de cargas e processamento de aço para a indústria metal-mecânica. A P-71, uma das maiores plataformas da Petrobras, era uma espécie de cereja do bolo.
Porém, desde o fim de 2016, o estaleiro está praticamente abandonado após a descoberta de irregularidades envolvendo os diretores da Ecovix com os desvios na Petrobras. Na época, o projeto de 10 bilhões de reais, que consistia na construção de oito casos de plataforma, foi cancelado e 3,2 mil de pessoas foram demitidas. A recuperação judicial representou a única saída possível para a empresa ter um futuro. Um ano e oito meses depois, a Ecovix espera conseguir, finalmente, deixar o passado para trás.