Abilio Diniz, sócio da BRF e do Carrefour, durante EXAME Fórum (Flavio Santana/Biofoto/EXAME.com)
Tatiana Vaz
Publicado em 4 de setembro de 2015 às 16h11.
São Paulo – Para os chineses, crise significa perigo e oportunidade. E é assim que eu gosto de ver a crise.
Foi com essa frase que o empresário Abilio Diniz, sócio da BRF e Carrefour, começou sua palestra sobre como sair da crise no evento EXAME Fórum, que acontece nesta segunda-feira no Hotel Unique, em São Paulo.
O vice-presidente Michel Temer, o juiz Sérgio Moro e o ministro da Fazenda Joaquim Levy também participam.
“O Brasil é mais forte que suas crises e seus governos”, disse o empresário. “Já vivi tanta coisa e sei que esta não é nem de longe a pior crise do país”.
Para Abilio, a crise no Brasil é política e não econômica.
“Está na hora dos políticos se entenderem. Tem que jogar em uma sala todos os maiores políticos desse país, Lula, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, trancá-la e não deixar que eles saiam de lá sem um acordo”, afirmou o empresário.
Além disso, o Brasil tem alguns nós estruturais, como o da aposentaria, que precisam ser resolvidos, acredita ele.
“Precisamos reformar a política e a imensa teia de aranha que é o sistema tributário brasileiro”, afirmou. “É preciso reorganizar o país, mas isso só vai acontecer se os políticos se entenderem”.
Questionado pela plateia sobre qual seria sua reação se um líder chegasse com déficit em uma de suas empresas, o empresário foi enfático:
“Minha vontade seria mandá-lo embora. Mas, como presidente do conselho, também é minha obrigação questioná-lo, estimulá-lo, ajudá-lo a corrigir”, afirmou. “De novo: não há nada mais para sugerir ao país do que uma reforma política”.
Olhar o espelho
O empresário acredita ainda que não adianta colocar a culpa da situação das empresas na presidente ou ministros.
“Todos estão em um fogo cruzado, sem conseguir colocar na prática o que pretendem e precisam fazer”, disse ele. “Mas, em vez de olhar a janela, é preciso olhar o espelho e ver no que posso melhorar meu negócio”.
Se as empresas não se tornarem competitivas, elas só darão espaço para os concorrentes que estão de fora, acredita o empresário.
“E garanto, quando o país voltar a crescer, crescerá muito”, disse.
Para ele, é preciso que as corporações e pessoas, assim como o governo, entendam que é preciso produzir mais – sem deixar de acreditar no país.
Investimento, liderança e capacitação seriam as armas para que o país seja viável, em todos os aspectos, assim como nas corporações.
Outras três diretrizes que o empresário diz ter aprendido com os desafios são: corte, concentre e simplifique.
Dar atenção ao caixa e compartilhar informações, com outras empresas, e até com outros setores, também é fundamental.
“Não tomar decisões antes do tempo e nem no escuro, com uma negociação clara e informações bem analisadas, é outra regra”, disse ele.
O empresário terminou a palestra agradecendo a todos pelo carinho e aplausos. "Isso me empurra para frente", disse ele.