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E-commerce e Assaí: como o Grupo Pão de Açúcar pode crescer ainda mais

A alta foi impulsionada principalmente pela divisão de atacarejo do grupo de supermercados, o Assaí, que viu as vendas crescerem 33,4% no trimestre

Para o GPA, há ainda um outro fator que pode impulsionar a valorização da empresa: a listagem separada do Assaí e GPA na bolsa (Germano Lüders/Exame)

Para o GPA, há ainda um outro fator que pode impulsionar a valorização da empresa: a listagem separada do Assaí e GPA na bolsa (Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 17h00.

Comércio eletrônico e atacarejo: o crescimento dessas duas divisões podem impulsionar os resultados do Grupo Pão de Açúcar e o valor das ações. O Grupo apresentou crescimento de 20% nas receitas no terceiro trimestre do ano, com margens de 7,9%. O resultado foi acima do esperado pelos analistas, uma vez que o consenso da Bloomberg era de alta de 14%.

A alta foi impulsionada principalmente pela divisão de atacarejo do grupo, o Assaí, que viu as vendas crescerem 33,4% no trimestre em relação ao ano anterior. A marca já é responsável por 43% de todas as vendas do grupo. De acordo com a companhia, parte desse crescimento vem de uma recuperação de seus clientes de food service, ou seja, lanchonetes e restaurantes que se abastecem nos mercados da empresa. Na divisão de multivarejo, que concentra os mercados, supermercados e lojas de proximidade das marcas Pão de Açúcar e Extra, a alta das vendas foi de 7,6%.

"Ainda vemos o Grupo Pão de Açúcar se beneficiando de maiores gastos com alimentação em casa pelos consumidores, maior inflação de alimentos no país e venda de ativos não essenciais, bem como o valor gerado pela potencial cisão das divisões Assaí e Multivarejo", escreve o analista Bruno Lima, da EXAME Research.

"Semelhante ao Grupo Carrefour Brasil, a gestão destacou a contribuição positiva da recuperação da demanda dos clientes de food service, mas também uma maior participação dos clientes individuais, bem como o efeito positivo da abertura de novas lojas e do aumento da inflação alimentar nas categorias de commodities", escreveu o Goldman Sachs em relatório. 

No Carrefour, a bandeira de atacarejo foi um destaque. As vendas do Carrefour cresceram quase 30%, para 19,3 bilhões de reais. O Atacadão, modelo de atacarejo da rede, cresceu 31,3% e é responsável por 70% das vendas. O Carrefour divulgou uma prévia das suas vendas no dia 27 de outubro. Já os resultados completos serão apresentados no dia 10 de novembro, após o fechamento do mercado. 

O comércio eletrônico também segue forte, com alta de 240% nas vendas no Grupo Pão de Açúcar e de 202% no Carrefour. Para o GPA, as vendas digitais já representam 6% do total no multivarejo e quase o dobro ao olhar somente a marca Pão de Açúcar.

Valorização da ação

A ação do GPA, hoje em 63 reais, está longe do valor máximo de 93 reais, em fevereiro. Para o Credit Suisse, o preço-alvo da ação é de 112 reais - ou seja, há espaço para praticamente dobrar de valor. Já para o BTG, o preço-alvo para o GPA é de 99 reais. EXAME Research, braço de análise da EXAME, recomenda compra para o Grupo Pão de Açúcar a um preço-alvo de 101 reais para o final de 2021. Já o Carrefour, com valor da ação de 18,6 reais, teve o pico em janeiro, com ação a 24 reais. 

Separação do Assaí

Para o GPA, há ainda um outro fator que pode impulsionar a valorização da empresa: a listagem separada do Assaí e GPA na bolsa, que está atualmente sendo estudada pela varejista. O objetivo, segundo a empresa, é ampliar as possibilidades de acesso a capital das duas companhias. 

"Ainda vemos o Grupo Pão de Açúcar se beneficiando de maiores gastos com alimentação em casa pelos consumidores, maior inflação de alimentos no país e venda de ativos não essenciais, bem como o valor gerado pela potencial cisão das divisões Assaí e Multivarejo", escreve o analista Bruno Lima, da EXAME Research, em relatório.

Para o Credit Suisse, a operação escancara um problema com o valor de mercado do GPA: ele “não faz sentido” e deveria ser muito maior. “Quanto você estaria disposto a pagar por um negócio de varejo alimentar que está crescendo a uma taxa de 28% de forma consistente nos últimos cinco anos?” escreve o banco em relatório do mês passado. O banco analisa os múltiplos entre receita e valor de mercado de concorrentes e avalia que apenas a divisão de atacarejo Assaí poderia ter valor de mercado de 17 bilhões de reais, se fossem aplicados os mesmos múltiplos. 

Para analistas, o desempenho do Carrefour e do Grupo Pão de Açúcar no terceiro trimestre reforça a importância do varejo de alimentos nesse momento - ainda mais com o risco cada vez maior de uma segunda onda de contaminação pelo coronavírus. 

 

 

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