"Depende muito da necessidade de cada empresa, mas o ideal é que os líderes montem estruturas para que todos assistam os jogos juntos", aconselha pesquisadora (Darren Staples/Reuters)
Karin Salomão
Publicado em 21 de junho de 2018 às 08h00.
Última atualização em 21 de junho de 2018 às 09h41.
São Paulo - Está difícil trabalhar na Copa do Mundo 2018? Você não é o único. Com cerca de três jogos por dia, bolões e festas, o rendimento dos funcionários brasileiros tende a cair durante o campeonato esportivo, principalmente nos dias de jogo do Brasil, que joga contra a Costa Rica, amanhã às 9h.
De acordo com uma pesquisa da Robert Half, empresa de recrutamento especializado, o rendimento irá cair para 46% dos entrevistados nos dias em que o Brasil estará em campo. Para 51%, o rendimento irá se manter e, para 3%, irá melhor.
A pesquisa entrevistou 387 profissionais responsáveis pelo recrutamento dentro das empresas e 387 profissionais qualificados.
Nos dias em que a seleção brasileira irá jogar, o número de faltas também deve aumentar para 19% dos entrevistados. Para 77% irá se manter e, para 5%, irá diminuir.
A torcida pela Copa é nacional. Não há diferença em relação à queda de desempenho entre as regiões brasileiras, afirma Maria Sartori, gerente sênior de recrutamento da Robert Half.
O impacto é ainda maior por conta do horário dos jogos da Seleção Brasileira, que coincidem com os turnos de trabalho da maior parte dos funcionários. A próxima partida, contra a Costa Rica, está marcada para amanhã, às 9h. Já a disputa com a Sérvia ocorrerá no dia 27, às 15h.
"O funcionário já vai trabalhar sabendo que irá parar no meio do dia por conta do jogo e perde o foco no restante do dia", diz Sartori.
Essa pausa impacta muito mais que o tradicional café da tarde ou mesmo um intervalo para descontração, jogos e videogame, promovido por algumas empresas mais descoladas. Isso porque a cabeça dos funcionários já estará focada no jogo durante todo o dia, de acordo com a gerente.
Diante da queda de foco e desempenho nos dias de jogo, qual é a melhor saída para a companhia? Sartori afirma que proibir que os colaboradores de acompanhem as partidas não é a melhor saída.
"Depende muito da necessidade de cada empresa, mas o ideal é que os líderes montem estruturas para que todos assistam aos jogos juntos", aconselha.
Para ela, quando todos torcem juntos, melhora o senso de trabalho em equipe. Além disso, a pessoa não perde tempo com o deslocamento, como ocorre quando a empresa decide liberar o trabalho no horário da partida.
A maioria, 41% dos entrevistados, irá liberar os funcionários no horário do jogo, para que eles assistam à partida fora da empresa, mas o expediente acontece normalmente nos outros períodos.
Cerca de 30% das empresas terá uma televisão para que todos assistam aos jogos e 6% dispensaram os colaboradores totalmente nos dias de jogo. Os 23% restantes não irão parar a operação.
Nas regiões mais industrializadas, como Campinas ou o ABC paulista, a programação é diferente, afirma. Mais empresas irão instalar televisões ou programar uma festa coletiva no horário do jogo em vez de liberar os funcionários, pois a presença deles no local é imprescindível para o trabalho.