Rodovia da CCR: a companhia é parcialmente controlada pela mulher mais rica do país, Dirce Camargo (Valéria Gonçalves/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2013 às 22h35.
Duas herdeiras brasileiras entraram para o seleto grupo de bilionários graças a seu pai, Pelerson Soares Penido, que morreu no ano passado aos 93 anos. Penido ajudou na construção de Brasília nos anos 50, assim como na implantação de várias estradas que atravessam o País. Depois, ele vendeu ativos para ficar com uma participação na CCR SA, hoje a maior operadora brasileira de rodovias pedagiadas por valor de mercado.
Ana Maria Marcondes Penido Sant’Anna, filha de Penido, detém 12 por cento da CCR, uma participação avaliada em US$ 2,1 bilhões. Após a contabilidade de dividendos e de desempenho do mercado, ela provavelmente controla uma carteira de investimentos de pelo menos U$$ 400 milhões, de acordo com o ranking da Bloomberg.
Sua irmã Rosa Evangelina tem 5,3 por cento da CCR, equivalente a cerca de US$ 910 milhões, mais aproximadamente US$ 180 milhões em dividendos. Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, as irmãs não quiseram fazer comentários sobre seu patrimônio.
Elas são duas das oito pessoas de perfil discreto da América Latina e da Espanha cujas fortunas na casa de bilhões foram reveladas em informações sobre participações em empresas de capital aberto. Nenhuma delas aparece em listas internacionais de patrimônio.
A CCR é controlada em parte por Dirce Camargo, mulher mais rica do País. Dirce tem uma fortuna de US$ 13,9 bilhões, segundo o índice, o que representa uma alta de 3,7 por cento este ano.
Salto nas ações
Pouco depois que Juan Gallardo Thurlow comprou as operações de engarrafamento e distribuição da PepsiCo Inc. no México em 2011, as ações de sua empresa de bebidas, a Organización Cultiba SAB, superaram os 28 pesos -- tornando-o um bilionário.
Com 72 por cento da Cultiba, sediada na Cidade do México, Gallardo Thurlow tem patrimônio de pelo menos US$ 1,4 bilhão, segundo o Índice Bloomberg de Bilionários.
“Você vê essas pessoas andando em Nova York e quase ninguém sabe quem são”, disse Eric Saucedo, sócio da Tricap Partners & Co, de Nova York. “Na América Latina, a realidade é que ainda há questões de segurança.”
Gallardo Thurlow conseguiu a licença para engarrafar produtos da Pepsi em 1986. Com a onda de privatizações que veio no México nos anos seguintes, ele comprou plantações de açúcar do governo local para expandir suas operações. No início dos anos 90, ele foi convocado para ajudar nas negociações que criaram o Nafta, o tratado de livre comércio da América do Norte, e trabalhou nos bastidores como representante do setor privado do México.
Desde então, ele expandiu a Cultiba, que gera US$ 2,4 bilhões em receita anual e se prepara para levantar mais de US$ 300 milhões em uma oferta de ações. Sua participação foi publicada no ultimo relatório anual da empresa. Carlos Orozco, diretor financeiro da companhia, não respondeu a telefonemas e e-mails com pedidos de comentários.
Bilionários chilenos
No Chile, a família Yarur comanda o Banco de Credito & Inversiones, terceira maior instituição financeira do país por valor de mercado, por mais de meio século. Segundo um relatório de 2006 da Fitch Ratings, o presidente do conselho do banco, Luis Enrique Yarur -- acionista da terceira geração -- detém 42 por cento das Empresas Juan Yarur SAC, que é dona de mais da metade do banco. Junto com participação direta de 1 por cento no BCI, o patrimônio dele é estimado em mais de US$ 2 bilhões.
A assessoria de imprensa do BCI, sediado em Santiago, não quis comentar ao ser contatada por telefone e e-mail.
Patricia Angelini Rossi também herdou sua fortuna no Chile. Seu falecido tio Anacleto, que não tinha filhos, deixou para ela e para seu irmão Roberto a maior parte de suas ações na companhia aberta Antarchile SA, holding que investe em florestas, energia, pesca e navegação.
A fatia de 22 por cento de Patricia -- que inclui ações em nome de seus filhos, segundo o último relatório anual da empresa -- é avaliada em US$ 1,7 bilhão. Seu irmão Roberto, presidente do conselho da empresa, controla 26 por cento da Antarchile. A assessoria de imprensa da holding familiar não quis fazer comentários sobre o patrimônio de Patricia Angelini.
Patrimônio em infraestrutura
Um império de infrasestrutura criou três bilionários espanhóis. Rafael del Pino y Moreno, que morreu em 2008 aos 87 anos, começou a importar da Alemanha equipamento para manutenção de estradas de ferro há seis décadas. Hoje, a empresa que ele criou, Ferrovial SA, gera 7,5 bilhões de euros (US$ 9,9 bilhões) em receita anual com a construção de aeroportos, estradas e outros projetos de infraestrutura na Europa.
Os cinco filhos de Del Pino controlam 44,3 por cento da Ferrovial por meio da holding Portman Baela SL, que por sua vez tem como donos a Karlovy SL, sediada em Madri, e uma segunda entidade na Holanda. Segundo documentos enviados às autoridades espanholas, Rafael Del Pino y Calvo-Sotelo, presidente do conselho da Ferrovial, detém 45,2 por cento da Karlovy, uma participação avaliada em US$ 2,2 bilhões.
Seu irmão Leopoldo é dono de 20,3 por cento da Karlovy, o que vale US$ 1 bilhão. Maria del Pino y Calvo-Sotelo detém 20 por cento da holding, o equivalente a US$ 980 milhões, segundo o ranking da Bloomberg. Juntos, os três herdeiros receberam mais de 525 milhões de euros em dividendos desde 2008. A assessoria de imprensa da Ferrovial disse que a família nunca faz comentários sobre sua fortuna.
Dois outros irmãos, Joaquin e Fernando del Pino, não são bilionários, com base nas suas participações públicas.
O Índice Bloomberg de Bilionários apresenta as pessoas mais ricas do mundo a partir de alterações econômicas e de mercado e das notícias da Bloomberg News. Cada dado individual é atualizado todos os dias úteis às 17:30, hora de Nova York. Os valores são apresentados em dólares.