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Dono da rede Ipiranga deve anunciar compra da Liquigás

Apontado como favorito para levar o negócio, o Ultra também é dono da Ultragaz, que é líder em venda de botijão de gás no País

Liquigás: com a transação, Ultra passará a deter 45% do segmento (Divulgação)

Liquigás: com a transação, Ultra passará a deter 45% do segmento (Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de novembro de 2016 às 08h27.

São Paulo - A Petrobrás deve anunciar ainda nesta semana a venda da sua divisão de gás de cozinha, a Liquigás, para o grupo Ultra, dono da rede de postos Ipiranga, segundo apurou o Estadão. A operação é avaliada em até R$ 2,8 bilhões. Em outubro, as duas companhias informaram ao mercado que estavam em conversas adiantadas para um acordo.

Apontado como favorito para levar o negócio, o Ultra também é dono da Ultragaz, que é líder em venda de botijão de gás no País. Com a transação, Ultra passará a deter 45% do segmento.

A empresa disputou o ativo com concorrentes como a holandesa Supergasbras (SHV); a Nacional Gás, do grupo nordestino Edson Queiroz; e a Copagaz, do empresário Ueze Zahran. Também tiveram interesse pelo negócio investidores de fora, como a turca Aygaz. Nos últimos meses, a Nacional Gás e a Copagaz chegaram a fazer proposta conjunta pelo ativo.

Fontes afirmaram que as conversas entre as duas empresas avançaram nas últimas semanas e dependiam de acertos contratuais. Procurada, a Ultrapar, holding do grupo Ultra, não comentou. A Petrobrás não retornou os pedidos de entrevista. A transação está sendo costurada pelo Itaú BBA, que também não se manifestou.

O clima é de incerteza dentro da Liquigás, que teme corte de pessoal com a chegada do novo dono, apurou o Estadão.

O mercado nacional de gás de cozinha está concentrado nas mãos da Ultragaz, maior deste segmento, com 23,11% de participação. A companhia da Petrobrás é a segunda, com 22,61%; seguida da Supergasbras, com 20,42%. A Nacional Gás é quarta maior empresa, e a Copagaz está na quinta posição.

A transação dependerá do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Fontes afirmaram ao Estadão que o órgão antitruste poderá apontar sobreposições em Estados onde haverá maior concentração, como Bahia (61%), Santa Catarina (51%), Rio Grande do Sul (57%) e São Paulo (57%), conforme dados levantados pela Ecostrat Consultores.

Os riscos de concentração relativos à aquisição já tinham sido apontados pela Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg-BR), uma vez que, com a incorporação da companhia, o Ultra terá 45% de domínio no País.

O Ultra, contudo, estaria disposto a negociar os ativos com sobreposição de mercado. Na sexta-feira passada, durante teleconferência com analistas, após divulgação de resultados, Thilo Mannhardt, diretor presidente da Ultrapar, disse que, caso o negócio seja fechado, o fiel da balança será o Conselho Administrativo de Defesa Econômica. "É muito óbvio que esse caso vai demandar muita atenção do Cade", disse.

Gigante nacional.

Com faturamento de R$ 75,7 bilhões em 2015, o grupo Ultra está mais agressivo em aquisições este ano. Em junho, o conglomerado, anunciou a compra da rede de postos de combustíveis Ale, por R$ 2,17 bilhões, reforçando a Ipiranga. Com essa transação, tornou-se o vice-líder em distribuição de combustíveis, atrás da BR Distribuidora, da Petrobrás, que também está à venda.

Fontes afirmam que a Extrafarma (rede de farmácias que o grupo adquiriu em 2013) poderá comprar a bandeira Big Ben, que pertence à empresa de varejo farmacêutico da BR Pharma, do BTG, que atualmente enfrenta dificuldades financeiras. Ambas as empresas têm forte atuação no Estado do Pará.

Ainda na mesma conferência, Mannhardt disse que o plano de expansão da empresa é baseado no crescimento orgânico e também em aquisições. "A compra da Ale e outras aquisições que estão por vir buscam o reforço da estratégia de cada um dos negócios."

No terceiro trimestre, o Ultra encerrou com receita líquida de R$ 19,45 bilhões, alta de 1% sobre o mesmo período de 2015. O lucro líquido ficou em R$ 376,8 milhões, aumento de 27,3% em relação a julho e setembro de 2015. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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