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Dona da Subway no Brasil inclui cadeia de fast food em recuperação judicial com dívidas de R$ 482 mi

Empresa também controla a Starbucks no Brasil — rede de cafeteria é outra em recuperação judicial

Subway: a Cacau Show chegou a se interessar pelas operações no Brasil (Andre Porto/Divulgação)

Subway: a Cacau Show chegou a se interessar pelas operações no Brasil (Andre Porto/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 13 de março de 2024 às 18h31.

Última atualização em 14 de março de 2024 às 11h40.

Responsável pela marca da Starbucks no Brasil, a SouthRock pediu recuperação judicial para outra importante marca no país: a Subway, de sanduíches. A dívida alegada pela empresa é de R$ 482,7 milhões.

Até então, a marca não estava no mesmo processo de reestruturação da SouthRock, que inclui a Starbucks no país, porque, segundo a empresa, havia uma colaboração de parte relevante dos credores da Subway para manter a operação. Esse compromisso, aliás, foi o que fez a detendora da marca Subway mundialmente permitir que a SouthRock continuasse a exercer, durante um período determinado e até que houvesse uma transição organizada, a função de franqueadora master da marca no Brasil.

Segundo os advogados da SouthRock, porém, um pequeno grupo de credores decidiu interromper as negociações e conversas que vinham sendo mantidas e passou a cobrar as dívidas imediatamente.

Isso fez com que o grupo americano decidisse por romper o chamado “forbearance agreement”, que permitia à SouthRock continuar sendo master franqueadora da Subway no Brasil nesse período de tempo.

"É, portanto, com a constante preocupação de assegurar a manutenção de suas atividades, como forma de continuar gerando receitas para a continuidade da sua operação e a recuperação da confiança do mercado, que o presente pedido é apresentado", diz trecho do pedido de recuperação judicial.

Em nota, a SouthRock disse que, "nesta semana, deu início ao processo de Recuperação Judicial do grupo de CNPJs que até recentemente era responsável pela gestão das franquias Subway no Brasil, devido a, entre outras circunstâncias, o cancelamento da sua licença de operação".

Também afirmou que "sua atividade enquanto gestora das franquias não se confunde com aquela exercida pelos franqueados da marca e operadores das lojas, não abrangidos pelo processo".

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"A noticiada rescisão, pela proprietária da marca Subway, do contrato que permitia a operação das franquias no Brasil é um aspecto que adiciona complexidade ao pedido de recuperação judicial da Subway, pois impacta a principal fonte de receita das recuperandas", diz Cinthia de Lamare, sócia da área de Reestruturação e Insolvência do Cescon Barrieu.

"Como o pedido de recuperação judicial da Subway foi feito perante o mesmo juízo responsável pela recuperação do Starbucks, outra marca operada pelo grupo SouthRock no Brasil, é possível que ambos os processos se beneficiem de informações comuns, como aquelas informações de que dispõe o administrador judicial, que já atua no caso Starbucks. Contudo, a marcha dos processos poderá ser distinta, de modo a evitar que haja maiores atrasos no processamento da recuperação judicial do Starbucks, evitando-se que atos já praticados tenham que ser repetidos, como no caso da publicação de listas de credores e dos prazos para apresentação de incidentes de crédito".

Qual é a estrutura da Subway no Brasil

A Subway entrou no grupo de empresas controladas pela SouthRock no Brasil em 2022. Por aqui, conta com cerca de 1,6 mil unidades, o que a coloca entre as principais franqueadas de alimentos e bebidas do país.

No final do ano passado, conforme a EXAME Insight antecipou com exclusividade, a Cacau Show chegou a se interessar pela aquisição da franqueadora no país. As negociações, porém, não avançaram.

Qual é a crise da SouthRock

A Starbucks no Brasil faz parte do grupo SouthRock, que é dono também do restaurante TGI Friday's e de lojas em aeroportos.

No ano passado, a empresa entrou em recuperação judicial alegando dívidas de R$ 1,8 bilhão. Segundo a companhia, a crise econômica no Brasil resultante da pandemia, a inflação e a permanência de taxas de juro elevadas agravaram os desafios do negócio.

"Neste cenário, a SouthRock segue comprometida a defender a sua missão e seus valores, enquanto entra em uma nova fase de desafios, que exige a reestruturação de seus negócios para continuar protegendo as marcas das quais tem orgulho de representar no Brasil, os seus Partners [colaboradores], consumidores e as operações de suas lojas", disse em nota.

Quais são os credores da SouthRock

O pedido de recuperação judicial da SouthRock, dona da Starbucks, envolve uma dívida de R$ 1,8 bilhão. Os credores estão divididos entre as empresas do grupo que entraram no processo de reestruturação, como a Starbucks e a Brazil Airport Restaurantes. Na lista de empresas que a SouthRock está com dívidas pendentes estão indústrias de alimentos, bancos e gráficas.

A relação, de 153 páginas, demonstra uma situação comum para empresas de varejo e serviços, como é o caso da Starbucks: há centenas de credores, cada um com uma cobrança relativamente pequena para a companhia.

Há cerca de R$ 76 milhões só com o Banco do Brasil via Starbucks. No consolidado da SouthRock, as dívidas com o Banco do Brasil estão em R$ 311 milhões. Com a securitizadora Travessia são outros R$ 469 milhões em dívidas.

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