Loja Maxxi: estratégia de atacado foi reforçada (Alexandre Battibugli/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 20 de outubro de 2020 às 11h52.
Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 12h55.
O Grupo BIG Brasil, terceiro maior varejista do país no segmento de alimentação, acaba de pedir registro para IPO. A rede de supermercados engrossa a fila de mais de 50 empresas que buscam abrir capital na bolsa de valores - já foram mais de 15 IPOs este ano. Para o BIG, os planos são captar recursos para expansão, conversão e reformas de lojas no país.
A companhia, dona de sete marcas como Sam’s Club, Superbompreço, Maxxi Atacado e Mercadorama, teve receita líquida de 15,7 bilhões de reais nos primeiros nove meses de 2020, alta de 5,36% ante mesma etapa do ano passado, com a margem subindo de 1% para 3,9%. É a terceira maior rede de supermercados no país. No ranking que maiores varejistas, o grupo fica em quarto lugar, atrás da Via Varejo.
A companhia afirmou que pretende usar os recursos da emissão de ações novas para abrir novas lojas de atacado e postos de combustível, converter lojas de unidades de varejo em lojas de atacado, reformar lojas atuais, e investir em sistemas de TI e outros projetos. Na B3, o Grupo terá como concorrentes diretos o Grupo GPA, o Carrefour Brasil e o Grupo Mateus, que fez sua estreia na bolsa no último dia 13.
O grupo - e principalmente a marca BIG - já mudou de mão algumas vezes. Em sua história, passou de controle português para americano para enfim ser controlado pelo fundo internacional de investimentos Advent.
A história do grupo começa em 1995, com a chegada da rede americana Walmart ao Brasil. Inicialmente, o foco da expansão era a região sudeste, com lojas no formato hipermercado. A primeira loja no país foi uma unidade do Sam's Club em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. No mesmo ano, inaugurou um Walmart em Osasco, também na região metropolitana de São Paulo.
Foi só dez anos depois que a rede americana começou a apostar com mais força no mercado brasileiro para, de fato, conseguir competir com as líderes Carrefour e Grupo Pão de Açúcar.
Em 2004, comprou o Bompreço, líder no Nordeste e referência em varejo na região. No ano seguinte, o Walmart concluiu a aquisição da operação brasileira do grupo português Sonae Distribuidora no Sul, com forte presença nos três estados da região. Foram longos meses de negociação até o fechamento da operação entre americanos e portugueses, que estavam no país desde 1990, mas que possibilitou ao Walmart chegar mais perto das líderes ao incorporar as bandeiras BIG, Nacional, Maxxi Atacado e Mercadorama. Os mercados BIG foram relançados sob a marca americana.
Apesar desse salto em 2005, a rede continuou patinando no país. Em julho de 2018, o Fundo de Investimento Advent adquiriu 80% do Walmart Brasil, e os 20% restantes ficaram para o Walmart INC. O fundo não desembolsou um real, mas se comprometeu a investir 2 bilhões de reais na empresa até 2021.
Um ano depois de assumir o negócio veio uma decisão radical: abrir mão da marca Walmart e transformar a empresa em grupo BIG, dono das bandeiras BIG, Bompreço, Maxxi, Sam’s Club, Nacional e TodoDia. A marca mais conhecida do grupo voltaria a ter apelo nacional.
Depois de reforçar sua estratégia de atacado, com a marca Maxxi, e o clube de compras de produtos importados, o Sam's, o Advent também trocou marcas de seus hipermercados e criou equipes regionais de compras.
Outra mudança foi comércio eletrônico. Se ano passado a empresa controlada pelo fundo Advent anunciava a saída do comércio online, na contramão dos concorrentes, este ano a situação se inverteu. A intenção era centrar esforços nas lojas físicas e reerguer a companhia. Mas, nesse meio tempo, eclodiu a pandemia e o projeto de volta ao varejo online teve de ser colocado em pé a toque de caixa. Batizado de “Big em casa”, o projeto inclui dois tipos de delivery e um drive-thru e contempla as bandeiras BIG, Bompreço, BIG Bompreço, Nacional, Mercadorama, MaxxiAtacado e Sam’s Club.
Agora, chegou um novo capítulo na história da empresa, o IPO. Hoje, o Grupo BIG tem uma rede composta por 389 unidades espalhadas por 186 cidades de 18 estados e no Distrito Federal. Ao todo, emprega mais de 50.000 pessoas. A operação de abertura de capital será conduzida por Itaú BBA, Bank of America, BTG Pactual, Credit Suisse, Bradesco BBI e JPMorgan. O negócio servirá também para que os sócios Walmart e o FIP Momentum, da gestora de fundos de private equity Advent International, venderem participação na empresa.