Clark Hunt, CEO do Kansas City Chiefs e sua família: dinastia Hunt é uma das mais ricas dos EUA (David Eulitt/Getty Images)
Repórter de Negócios
Publicado em 8 de fevereiro de 2025 às 10h21.
No próximo domingo, o Kansas City Chiefs entrará em campo para disputar mais um Super Bowl, consolidando uma das maiores dinastias recentes da NFL.
Mas, por trás do sucesso esportivo, há outra dinastia ainda mais poderosa: a da família Hunt.
Com uma fortuna estimada em 24,8 bilhões de dólares, os Hunts não são apenas donos dos Chiefs, mas também de uma história que começa muito antes do futebol americano.
A trajetória da família é marcada por petróleo, escândalos financeiros e decisões ousadas no mundo dos esportes. O patriarca, H.L. Hunt, construiu um império no setor de energia, mas foi seu filho, Lamar Hunt, quem transformou o nome da família em sinônimo de futebol americano.
Agora, Clark Hunt, neto de H.L. e presidente do Kansas City Chiefs, lidera a franquia na busca por um terceiro título consecutivo, algo que nenhum time conquistou na era moderna da NFL. "Meu pai ficaria absolutamente encantado de ver onde chegamos. Ele estaria sem palavras", disse Clark em entrevista recente.
Com uma influência que vai do futebol americano ao futebol europeu, passando pelo basquete e pelo mercado imobiliário, os Hunt são um caso raro de bilionários que conseguiram transformar um legado industrial em um império esportivo.
A história da fortuna dos Hunt começa com Haroldson Lafayette Hunt, mais conhecido como H.L. Hunt. Nascido no Texas, ele fez fortuna apostando em campos de petróleo ainda inexplorados. Diz a lenda que ele usou ganhos do pôquer para financiar suas primeiras perfurações nos anos 1930. O resultado? Um dos maiores impérios petrolíferos dos Estados Unidos.
No auge, a Hunt Oil Company extraía petróleo e gás em 12 estados americanos, e o patrimônio da família já superava 700 milhões de dólares em 1964 (o equivalente a 7 bilhões de dólares hoje). Mas H.L. não parou por aí: diversificou seus negócios, investindo em cosméticos, editoras e até plantações de nozes.
O lado pessoal de H.L., porém, foi tão expansivo quanto seus negócios. Ele teve 15 filhos com três mulheres diferentes, organizando sua fortuna em múltiplos trustes para evitar disputas. Apesar dos esforços, brigas e escândalos financeiros marcaram a sucessão familiar.
Se H.L. Hunt construiu um império no petróleo, seu filho Lamar Hunt foi responsável por colocar a família na história do esporte. Nos anos 1950, ele tentou comprar uma franquia da NFL para Dallas, mas foi rejeitado. A resposta? Criar uma liga rival.
Em 1959, Lamar fundou a American Football League (AFL), que logo se tornou forte o suficiente para rivalizar com a NFL. Ele também fundou o Dallas Texans, que depois se mudaria para Kansas City e se tornaria o Chiefs.
A AFL acabou se fundindo com a NFL em 1970, consolidando Lamar Hunt como uma das figuras mais influentes da história do futebol americano.
Foi ele, inclusive, quem cunhou o termo "Super Bowl". A inspiração veio de um brinquedo infantil chamado "Super Ball", que seus filhos adoravam. A ideia pegou e virou o nome oficial do jogo mais importante do esporte nos EUA.
Além do futebol americano, Lamar também foi pioneiro no futebol nos EUA. Criou o time Dallas Tornado e investiu na Major League Soccer (MLS), sendo responsável pelo primeiro estádio exclusivo para a modalidade no país. Hoje, a família ainda controla o FC Dallas e tem uma participação no Chicago Bulls, da NBA.
Após a morte de Lamar em 2006, seu filho Clark Hunt assumiu a presidência dos Chiefs. Ao contrário de outros donos bilionários da NFL, Clark adota um perfil discreto e familiar. Sua esposa, Tavia Hunt, e sua filha, Gracie Hunt, são figuras públicas, mas ele prefere manter o foco no time.
Clark tomou decisões fundamentais para o sucesso atual da equipe. Ele contratou Andy Reid como técnico em 2013 e deu ao time um novo rosto ao draftar Patrick Mahomes em 2017. O resultado? Três títulos do Super Bowl em cinco anos e uma dinastia que pode se tornar a maior da era moderna.
Além do sucesso no esporte, os Chiefs se tornaram uma potência financeira. A franquia vale hoje 4,3 bilhões de dólares, segundo a Forbes, e representa a maior fatia do império esportivo dos Hunt, avaliado em 5,8 bilhões de dólares.
Nos últimos anos, os Chiefs ultrapassaram os limites do esporte e se tornaram parte da cultura pop. A presença de Taylor Swift nos jogos, acompanhando seu namorado Travis Kelce, uma das estrelas do time, fez a franquia ganhar ainda mais visibilidade.
A presença da cantora gerou um impacto econômico imediato, movimentando vendas de ingressos, audiência e até o mercado publicitário da NFL.
Mas nem tudo são holofotes positivos. A família Hunt já esteve envolvida em polêmicas, especialmente ligadas a posicionamentos políticos e religiosos. A matriarca Tavia Hunt defendeu publicamente declarações conservadoras do kicker Harrison Butker, enquanto Gracie Hunt já foi criticada por comentários sobre o papel das mulheres na sociedade.
Com Patrick Mahomes no comando e Andy Reid no banco, os Chiefs parecem preparados para continuar vencendo. E com Clark Hunt na liderança, a família deve seguir como uma das mais influentes do esporte americano.
Mas a grande questão é: os Hunt vão conseguir manter o império por mais uma geração? Gracie Hunt, atualmente trabalhando no departamento de relações públicas do time, pode ser a sucessora natural de Clark. Será que ela vai querer assumir o posto, ou os Hunt seguirão o caminho de outras dinastias bilionárias, dividindo e vendendo seus ativos ao longo do tempo?
Independentemente do futuro, uma coisa é certa: a influência da família Hunt no futebol americano e nos negócios esportivos está longe de acabar.