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Do meião ao terno: ex-jogador do São Paulo tem negócio de 36 milhões de euros e mira expansão global

Fábio Mello, da FMS, prepara curso de gestão esportiva, lançamento de livro e busca por um sócio para seu projeto de expansão

Fábio Mello, da FMS: "Mesmo agências bilionárias ainda são muito concentradas na figura de seus fundadores. Quero levar uma estrutura empresarial para esse mercado, criando uma empresa verdadeiramente global" (Leandro Fonseca/Exame)

Fábio Mello, da FMS: "Mesmo agências bilionárias ainda são muito concentradas na figura de seus fundadores. Quero levar uma estrutura empresarial para esse mercado, criando uma empresa verdadeiramente global" (Leandro Fonseca/Exame)

Lucas Amorim
Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 9 de abril de 2024 às 10h38.

Última atualização em 9 de abril de 2024 às 21h32.

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O empresário e ex-jogador de futebol Fábio Mello esteve no gramado do Allianz Parque logo após o título paulista do Palmeiras no último domingo. Conhecido por ter usado a camisa 10 do rival São Paulo, nos anos 90, Mello estava lá para acompanhar um de seus clientes, o lateral Mayke, um dos destaques da vitória palmeirense sobre o Santos. Tiraram fotos juntos com as famílias e celebraram mais uma conquista de uma ligação de mais de uma década.

É uma proximidade e um trabalho de longo prazo que mostram a forma como o empresário gosta de atuar no futebol. Em mais de 15 anos como empresário de jogadores de futebol, Mello gerencia a carreira de 40 atletas e sua agência, a FMS, tem valor de mercado estimado em 36 milhões de euros, uma das 20 maiores do Brasil. Agora, ele se organiza para expandir o negócio para além de sua atuação pessoal. É um passo raro no multibilionário mercado da bola.

"Mesmo agências bilionárias ainda são muito concentradas na figura de seus fundadores. Quero levar uma estrutura empresarial para esse mercado, criando uma empresa verdadeiramente global", diz Mello. "Existem os multi-clubes, com presença em vários países, e vejo um caminho para as multi-agências. É um passo para mim especialmente importante porque este mercado não tem muitos ex-jogadores como protagonistas".

Sócios e franquias na mira

Entre os próximos passos da FMS estão a busca ativa por um novo sócio, que pode ser um grupo de entretenimento interessado no mercado esportivo, ou outra empresa de gerenciamento de atletas. O ex-jogador de times como São Paulo, Fluminense e Atlético Mineiro planeja também expandir sua atuação para o marketing, intermediando negociações com patrocinadores dos atletas.

Pretende, num passo seguinte, também abrir franquias para agentes interessados em levar sua forma de gestão mundo afora. “É um modelo de negócios de sucesso em outros mercados, mas que não existe no futebol”, diz. A Matix Advisors, que participou de negócios recentes com clubes como Botafogo e Vasco, e Ana Teresa Ratti, da Vesta Consultoria, estão assessorando nesta expansão.

"Gosto de trabalhos de longo prazo, de sustentar relações ao longo de minha carreira, e gosto de qualificar pessoas", diz. Outra frente de atuação em que ele investe é a de ensino. Durante a pandemia Mello começou a dar aulas de gestão esportiva em instituições como a Confederação Brasileira de Futebol. Agora, associou-se à ESPM para lançar, em maio, um curso focado em formar novos profissionais do esporte.

“O futebol vai ocupar um espaço cada vez maior no PIB brasileiro. E haverá uma grande lacuna de profissionais capacitados”, diz Mello. “O público-alvo da minha frente de ensino são tanto profissionais de outros mercados que querem migrar para o futebol, quanto ex-atletas que buscam recomeço como empresário”. Parte do conteúdo dos cursos está condensada num livro que Mello lançará em maio, “Jogando de Terno”, com prefácio do amigo Kaká.

Em todo o mundo, o mercado de comissões pagas a agentes e empresários de jogadores está em franca expansão. Passou de 549 milhões de dólares em 2018 para 889 milhões de dólares no ano passado, com projeção de chegar a 1,3 bilhão de dólares em 2028, segundo dados da FIFA. Em 2023, foram registradas 3,5 mil transferências de jogadores no mundo, mas apenas 15% delas foram intermediadas por agentes. Na visão de Mello, é uma enorme lacuna a ser explorada.

Do meião ao terno

O ex-jogador vê a nova fase como um terceiro capítulo de sua carreira. Os primeiros 20 anos, da infância aos 30, foram dedicados a jogar futebol. Mello se destacou nas categorias de base do São Paulo, chegou à seleção sub-20 e virou profissional com grandes expectativas. Teve uma carreira de altos e baixos em clubes brasileiros, acumulando amigos como o técnico Muricy Ramalho e o hoje comentarista Caio Ribeiro. Quando completou 30 anos, avaliou que havia mais futuro trocando o meião pelo terno. Era o início do segundo capítulo.

“Parei antes para me preparar primeiro. Como era muito novo, comecei agenciando os jogadores que eram meus companheiros nos clubes onde joguei”, diz. Entre seus primeiros clientes de destaque estavam o zagueiro Réver e o goleiro Vítor, futuros ídolos de clubes como Grêmio e Atlético Mineiro.

Agora, 18 anos depois, vem o terceiro momento, em que a prioridade é profissionalizar um negócio tradicionalmente personalista, em que agentes estrelados fecham negócios bilionários graças ao poder de suas conexões. “Quero criar um ecossistema de serviços para os jogadores, com ofertas para carreira, jurídico, finanças, marketing”, diz Mello. “O objetivo é global, com escritórios e sócios nos principais mercados”. Dos Estados Unidos à Europa, passando pelo mundo árabe, oportunidade não há de faltar.

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