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Do interior de Goiás, este fundo de FDICs apostou no agro e já movimentou R$ 700 milhões

A Audax Capital registrou um salto de 162% no volume de crédito transacionado e quase triplicou o patrimônio líquido em 2024

Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital: 60% da carteira do fundo vem do agronegócio

Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital: 60% da carteira do fundo vem do agronegócio

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 09h52.

Última atualização em 29 de janeiro de 2025 às 12h34.

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Os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) ganharam espaço no Brasil nos últimos anos. Com os bancos mais seletivos na hora de conceder crédito e muitas empresas precisando de capital, esses fundos se tornaram uma alternativa eficiente para financiar negócios e, ao mesmo tempo, gerar boas oportunidades para investidores.

O resultado? Em novembro de 2024, o país já tinha 3.030 fundos ativos, um crescimento de 33% em relação ao ano anterior. O patrimônio líquido desses fundos chegou a R$ 693,7 bilhões — ultrapassando, inclusive, os fundos de ações.

Com regras mais acessíveis e tecnologia ajudando a agilizar as operações, os FIDCs já são considerados um dos segmentos mais promissores do mercado financeiro. Um fundo no interior de Goiás é um dos exemplos de sucesso do setor: a Audax Capital.

Fundada em 2015, o fundo goiano registrou um salto de 162% no volume de crédito transacionado em 2024, atingindo a marca de R$ 707 milhões. O patrimônio líquido quase triplicou, chegando a R$ 224 milhões, e o lucro cresceu de R$ 15 milhões para R$ 26 milhões.

“Foi o melhor ano da nossa história”, afirma Pedro Da Matta, presidente da Audax. “Apostamos em estratégias inovadoras, investimos pesado em tecnologia e, acima de tudo, mantivemos uma inadimplência extremamente baixa.”

Uma chance no interior

Natural de Goiânia, mas criado no interior de Goiás, Pedro Da Matta teve sua primeira experiência nos negócios aos 16 anos, organizando festas. Depois, abriu lojas de roupa e até um e-commerce, mas um fascínio pelo setor bancário o fez decidir se aprofundar no mercado financeiro em 2015. “Desde os 18 anos, eu lia balanços de bancos por hobby. Foi aí que percebi o potencial do crédito e decidi empreender nesse setor”, conta.

A escolha de manter a empresa no interior, e não em um grande centro financeiro, foi estratégica — mas não sem desafios. “São Luís de Montes Belos tem só 50 mil habitantes e fica a cerca de 130 km de Goiânia. No começo, muita gente achava que eu estava louco por não levar a empresa para a capital ou para São Paulo. Mas eu acreditava que dava para construir algo sólido sem sair daqui”, explica.

Parte do crescimento da Audax vem do agronegócio, setor que representa 60% da carteira do fundo. O agronegócio tem dinâmicas próprias e prazos mais longos, o que exige uma análise de crédito minuciosa.

Além dos riscos naturais da atividade, como variações no preço das commodities e safras imprevisíveis, os produtores costumam operar com maior alavancagem, o que torna a concessão de crédito mais complexa.

Para Pedro Da Matta, que cresceu com a família inserida no agronegócio, esse conhecimento prático virou um diferencial. “Eu cresci vendo as dificuldades do setor, os ciclos de alta e baixa, e sabia que muitos fundos tinham dificuldade em operar nesse ambiente”, diz o goiano.

Hoje, a Audax usa essa expertise para conceder crédito a produtores em mais de 20 estados, mantendo uma inadimplência extremamente baixa. “Muitos fundos evitam o agro porque não entendem seus ciclos. Nós sabemos exatamente como medir o risco e operar com segurança”, afirma.

A Audax planeja crescer mais 120% em 2025 e vê o momento como uma grande oportunidade. Com o aumento dos pedidos de recuperação judicial e a restrição de crédito nos bancos, mais empresas estão recorrendo aos FIDCs. “Sempre se falou da desbancarização do crédito, e agora estamos vendo isso acontecer de verdade. Empresas que nunca descontaram recebíveis fora dos bancos estão vindo para nós”, diz Da Matta.

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