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Dívida da Avianca dá "salto" e agora é de R$ 2,7 bilhões

No fim de 2018, documento apresentado à Justiça citava débitos na ordem de R$ 495 milhões

Avianca: empresa negociou parte de ativos com a Azul, mas ainda aguarda aval de credores e governo para concretizar o negócio (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Avianca: empresa negociou parte de ativos com a Azul, mas ainda aguarda aval de credores e governo para concretizar o negócio (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de março de 2019 às 10h59.

Brasília — Em recuperação judicial, a companhia aérea Avianca Brasil admitiu ontem, 22, que sua dívida é maior do que a divulgada inicialmente. Sem considerar os arrendadores de suas aeronaves - que não entram no processo de recuperação e para os quais deve o equivalente a R$ 585 milhões -, os débitos da empresa somam R$ 2,7 bilhões. Em dezembro, o documento apresentado à Justiça citava R$ 495 milhões. Com assembleia de credores marcada para a próxima sexta-feira, 30, a empresa perdeu sua assessora financeira, a Galeazzi, após divergências.

A alteração no valor da dívida ocorreu em dois momentos. Em janeiro, a companhia atualizou a primeira lista para R$ 1,3 bilhão por conta própria. Protocolada ontem na Justiça, a segunda modificação, para R$ 2,7 bilhões, veio depois de pedido dos credores. A principal diferença é o débito da gestora americana Elliott Management, que praticamente dobrou e chegou a US$ 515 milhões (cerca de R$ 2 bilhões).

Credor em outros negócios dos irmãos José e Germán Efromovich - os donos da Avianca -, o Elliott é conhecido por ser um fundo abutre, que investe em empresas em dificuldades. No início do processo de recuperação da Avianca, o Elliott chegou a negociar um aporte de US$ 75 milhões com a companhia aérea, mas as conversas foram abortadas, apurou o Estado.

A empresa, no entanto, conseguiu fechar um acordo de venda para a Azul, que pretende ficar com parte da frota e das autorizações de pousos e decolagens (slots, no jargão do setor) da Avianca. Como sinal, a Azul já pagou R$ 31 milhões, mas o negócio ainda precisa do aval dos credores, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e das arrendadoras das aeronaves.

No processo de negociação entre as duas aéreas, a Galeazzi acabou desistindo de assessorar a Avianca. O Estado apurou que, logo após a Azul fazer o anúncio de intenção de compra, os representantes da Galeazzi passaram a não ser chamados para as reuniões nas quais o futuro da Avianca era debatido. Especializada em reestruturação de empresas e conhecida por realizar cortes drásticos de custos, a consultoria deixou de assessorar a companhia aérea no dia 14 de março.

Posse de aviões

Nesta semana, a briga pela posse dos aviões utilizados pela Avianca teve novos capítulos. Após a aérea voltar a atrasar pagamentos, as arrendadoras GE e Constitution conseguiram liminares para retomar a posse de suas aeronaves - dez jatos de cada uma. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, porém, suspendeu as liminares.

Os aviões das duas empresas de arrendamento correspondem a quase 50% da frota da Avianca e, segundo Noronha, a reintegração de posse deles comprometeria a recuperação da companhia.

Procuradas, Avianca e Galeazzi não quiseram se pronunciar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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