Segundo pesquisa, 40% já sofreram discriminação por orientação sexual no trabalho (Thinkstock/Jacob Wackerhausen)
Karin Salomão
Publicado em 13 de abril de 2015 às 17h33.
São Paulo - Ampliar o respeito à diversidade sexual no ambiente de trabalho pode ser benéfico até para a própria empresa. É o que discute a pesquisa Demitindo Preconceitos, da consultoria Santo Caos.
Empresas com políticas de diversidade de gênero têm 15% mais de probabilidade de atingir as metas. No Reino Unido, para cada 10% de aumento de diversidade, o lucro cresceu 3,5%, de acordo com levantamento citado pela consultoria.
Outra vantagem é compreender melhor um público forte e com grande poder de compra.
Há mais de 18 milhões de pessoas LGBT no Brasil – 47% nas classes A e B e eles movimentam 150 bilhões de reais por ano só no Brasil, segundo a ABLGBT, Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
Incluir esse segmento da sociedade no quadro de funcionários – e combater o preconceito – pode ajudar as empresas a pensarem diferente, aprenderem a se comunicar e até a vender mais para ele.
Além disso, funcionários satisfeitos e felizes são mais produtivos, aponta a pesquisa.
Os desafios para esse público já começam ao escolher a profissão. Ainda que 74% digam que não há nenhuma influência da orientação sexual na carreira, eles afirmam que há uma cultura forte que os associa a profissões de beleza e estética.
Já no trabalho, apenas 47% declaram sua orientação sexual - 90% contam para os colegas, 32% para algum superior e apenas 2% conversam com o gestor de RH.
Entre os motivos para não se declarar estão o medo de ser demitido ou de ser discriminado.
E com razão: 40% afirmam que já sofreram discriminação por orientação sexual no trabalho. A pesquisa aponta situações como fofocas, piadas sem consentimento, assédio moral e exposição ou afastamento de colegas.
São poucas as pessoas que não te acham inferior porque você é gay, diz uma das entrevistadas.
A consultoria apurou que as empresas ainda fazem pouco para evitar a discriminação. Segundo uma pesquisa da ABRH, 60% delas não difundem o respeito aos LBGT e apenas 10% afirmam que têm ações efetivas contra o preconceito.
Para a Santo Caos, as companhias devem criar um código de ética em que princípios de diversidade estejam explícitos para todo mundo desde o primeiro contato de um novo funcionário.
A consultoria reuniu dados, realizou pesquisas e entrevistou mais de 230 pessoas, entre ativistas, psicólogos, advogados e profissionais que se identificam como LGBT.