Ex-banqueiro e ex-jogador de tênis profissional, considerado um dos melhores empresários do mundo pelo milionário Warren Buffett, o discreto e inflexível Jorge Paulo Lemann domina o setor mundial de alimentos, com ativos de 260 bilhões de dólares.
Depois de ter criado o fundo de investimento 3G Capital com seus sócios Marcel Telles e Alberto Sicupira em 2004, o brasileiro adquiriu as cervejas Budweiser e Stella Artois, a rede de fast-food Burger King e a marca Heinz.
O fundo 3G Capital é dono de forma parcial e total da AB InBev, maior fabricante de cerveja do mundo, da rede de cafés canadense Tim Hortons e das Lojas Americanas.
A companhia Kraft Foods, a última a ser incorporada pelo 3G, deve enfrentar a exigente cultura dos negócios do empresário, onde prevalecem a meritocracia e o corte impiedoso de gastos supérfluos.
Na procura por marcas estáveis, de produtos tradicionais, "sua estratégia consiste em reduzir os custos da companhia e utilizar as economias para reinvesti-los na atividade, através do marketing e da inovação", disse um porta-voz da empresa.
Os "cost killers" do 3G Capital, funcionários formados dentro da companhia e motivados por bônus generosos, perseguem qualquer gasto considerado não produtivo a fim de eliminá-lo. A Heinz despediu 7.000 funcionários desde a sua compra em 2013. Na rede Burger King, os brasileiros proibiram as xerox coloridas e intervieram até na organização das cozinhas.
Meritocracia e competição
Esses métodos conferiram aos três milionários a fama de agressivos.
"Jorge Lemann não é mal educado mas tem seus objetivos. É um empresário que busca o lucro e a eficiência", analisou a economista Maria de Albuquerque David, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
O pragmatismo também se aplica à gerência interna. "Eles são discretos mas são extremamente motivadores para suas equipes. Acreditam na meritocracia, no desafio, todos praticam esporte e estimulam o espírito competitivo", descreve o economista Gilberto Braga.
Apesar de seus 65 anos bem conservados, o ex-jogador da Copa Davis continua praticando a pesca submarina.
"Se concentrar em seus objetivos é uma coisa que ele (Lemann) sempre perseguiu com obstinação (como quando renunciou à sua carreira de jogador de tênis profissional depois de perceber que nunca estaria entre os dez melhores do mundo)", escreveu a jornalista Cristiane Correa em seu livro "Sonho grande", publicado em 2013.
Um punhado de investidores riquíssimos
Brasileiro filho de pais suíços, Lemann, que estudou em Havard, investiu em primeiro lugar em um pequeno banco, o Garantia, em 1971. Em 1998, o revendeu por 675 milhões de dólares ao Crédit Suisse, após fortes prejuízos na época da crise asiática.
"Na realidade, somos copiadores. Grande parte do trabalho nós pegamos do Jack Welch, da General Electric e do Wal-Mart. Fizemos isso de forma coerente, de alguna forma", disse Jorge Paulo Lemann em uma rara entrevista, em 2013, à revista Fortune.
Para concluir as compras desejadas, os sócios observam seus alvos por meses e depois se dirigem a investidores riquíssimos.
Lemann é admirado por Warren Buffett, que o conheceu no conselho de administração da Gillette, em 1998, e o acompanha na maioria de suas aquisições. "Eu sabia que eram formidáveis desde a compra da Heinz. Em todos as áreas de concorrência, mas também na integridade, o 3G é um sócio perfeito", assegurou na quarta-feira o milionário americano à rede CNBC.
Questionado sobre o futuro, o economista Gilberto Braga opina: "Acho que ele não vai parar nunca. É a sua razão de viver".
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1. O mais rico do Brasil
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1/15 (Sergio Lima/FolhaPress/Veja)
O discreto
Jorge Paulo Lemann, dono de empresas como AB Inbev e
Burger King, não teve como passar despercebido nessa semana. Isso porque, o empresário foi apontado pela Forbes como o
homem mais rico do Brasil, com fortuna avaliada em 17,8 bilhões de dólares. No ranking global, o brasileiro ocupa agora o 33º lugar. De um ano para cá, Lemann aumentou seu patrimônio em 4,5 bilhões de dólares e ganhou 36 posições na lista da
Forbes. Veja, a seguir, um pouco mais sobre a trajetória do homem mais rico do Brasil:
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2. Investindo em cerveja
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2/15 (Divulgação)
Junto com os sócios Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, Lemann comprou, no final dos anos 80, a quase falida cervejaria Brahma – o negócio marcou a entrada do empresário no setor de bebidas. Uma década depois, o trio comprou a Antarctica, dando origem à
AmBev .
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3. Maior cervejaria do mundo
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3/15 (REGIS FILHO)
Em 2004, outro grande negócio foi fechado por Lemann: a união das operações da AmBev e da belga Interbrew, criando a Inbev. Foi neste mesmo ano, que o empresário fundou com seus sócios o private equity 3G Capital. Em 2008, o empresário liderou a compra, por 52 bilhões de dólares, da americana Anheuser-Bush, dona da tradicional cerveja Budweiser. O negócio criou a maior cervejaria do mundo, a AB Inbev, com pelo menos 200 marcas em seu portfólio e faturamento de mais de 130 bilhões de dólares. window.onload = function(){window.parent.CKEDITOR._["contentDomReadypicture_body"]( window );}
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4. Outro grande negócio
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4/15 (Getty Images)
Depois de criar a maior cervejaria do mundo, Lemann deu outro grande passo no mundo dos negócios e comprou, por meio do 3G Capital, 100% das ações do Burger King – a segunda maior rede de hambúrgueres do mundo. O negócio foi fechado por 3,2 bilhões de dólares.
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5. Lojas Americanas
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5/15 (Raul Junior)
Bem antes de criar a maior cervejaria do mundo e de comprar o Burger King, Lemann e seus sócios compraram, no início da década de 80, a Lojas Americanas. Para administrar a rede, o empresário adotou o modelo da maior varejista do mundo: o Walmart. Desde a aquisição, a Lojas Americanas cresceu organicamente e também por meio de outras compras. Em janeiro de 2007, por exemplo, a rede anunciou a aquisição da BWU – empresa detentora da marca Blockbuster no Brasil – e somou mais 127 lojas ao seu portfólio.
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6. Sócios
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6/15 (Paulo Jares/Veja)
Carlos Alberto Sicupira é parceiro de Lemann desde o início da década de 70, quando junto também de Marcel Telles, os três fundaram o banco Garantia, primeiro banco de investimento considerado moderno no Brasil. Anos depois, a instituição foi vendida para o Credit Suisse por 675 milhões de dólares. Ao lado, Sicupira na sede do Garantia.
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7. Outro parceiro
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7/15
Marcel Telles é outro grande parceiro de Lemann. Assim como Sicupira, o empresário também participou da criação do Garantia e das outras grandes operações fechadas por Lemann.
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8. Sociedade recente
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8/15 (Getty Images)
O sócio mais recente de Lemann é ninguém menos que o americano Warren Buffett. Juntos, eles lideraram a compra da companhia de alimentos Heinz por 23 bilhões de dólares. A operação foi considerada uma das maiores do setor.
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9. Em busca de sossego
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9/15 (Sergio Tomisaki/Veja)
Em 1999, Lemann passou por um momento bastante delicado, quando três dos seus cinco filhos sofreram uma tentativa de sequestro e foram salvos graças à blindagem do carro onde estavam. O fatídico episódio motivou a mudança do empresário do país. Atualmente, Lemann vive com a família na Suíça.
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10. Avesso a fotos
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10/15 (Oscar Cabral/Veja)
Apesar de figurar como um dos homens mais importantes do mundo dos negócios no mundo, são poucas as vezes em que Lemann foi fotografado. Ao lado, ele foi clicado no Camarote da Brahma, no carnaval de 1997.
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11. Dupla nacionalidade
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11/15 (Divulgação)
Lemann é filho de imigrantes suíços. O faro para os negócios foi herdado do pai que, no Brasil, fundou a fábrica de laticínios Leco – abreviatura de Lemann Company. Por ser filho de pais estrangeiros, o empresário é considerado também suíço. Por isso, figura também como segundo mais rico daquele país.
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12. Eterno banqueiro
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12/15 (Marcos Guiao/Exame)
Lemann é formado em Economia pela universidade americana de Harvard. Durante alguns anos, trabalhou para o Banco Credit Suisse, antes de criar seu próprio banco – o Garantia. Pela fama no setor, o empresário é considerado um banqueiro pelo Forbes.
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13. Paixão por esportes
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13/15 (Agêncio O Globo/Exame)
Além de liderar grandes negócios, Lemann cultiva outra grande paixão: os esportes. Na juventude, foi tenista e surfista, tendo representado a Suíça na Copa Davis de 1962 e o Brasil em 1973. Foi pentacampeão brasileiro de tênis.
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14. Lado social
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14/15 (Bel Pedrosa)
Lemann é fundador da Fundação Lemann, uma organização sem fins lucrativos criada em 2002, que tem como objetivo melhorar a qualidade da educação pública no Brasil.
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15. Agora, veja as 25 pessoas<br>mais ricas do mundo em 2013
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15/15 (Mark Wilson/Getty Images)