Carlos Ghosn (Patrícia de Melo Moreira/AFP)
AFP
Publicado em 22 de novembro de 2018 às 06h59.
Última atualização em 22 de novembro de 2018 às 07h01.
O conselho de administração da Nissan se reúne nesta quinta-feira para demitir seu emblemático presidente Carlos Ghson, detido em Tóquio por suspeita de sonegação e fraude fiscal, uma situação inimaginável há alguns dias para o homem que salvou a montadora japonesa.
A reunião acontecerá na sede do grupo, em Yokohama, com duração prevista de duas horas.
A portas fechadas, seis homens e uma mulher decidirão o destino do até agora CEO da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors, que foi detido na segunda-feira em Tóquio.
Desde então, Ghosn permanece em silêncio em uma cela de um centro de detenção da capital japonesa.
A Nissan, onde o executivo começou a construir seu império em 1999, se prepara para demiti-lo do cargo de presidente do conselho de administração.
De acordo com uma fonte próxima à diretoria do grupo, qualquer outro cenário é improvável. "A proposta não seria submetida à votação se existisse qualquer dúvida", declarou.
Hiroto Saikawa, diretor executivo da montadora desde abril de 2017, coordenará os debates. A decisão será tomada com os braços erguidos e quatro votos serão suficientes para destituir Ghosn.
A princípio um substituto interino será designado, provavelmente Saikawa, que já foi o braço direito de Ghosn, mas que criticou o executivo duramente na segunda-feira.
Além disso, a Procuradoria deve conceder uma entrevista coletiva. As revelações sobre as atividades do executivo de 64 anos não param de ser divulgadas pela imprensa nipônica.
Oficialmente, o franco-brasileiro de origem libanesa é acusado de ter, ao lado de cúmplices, "minimizado seus rendimentos em cinco oportunidades entre junho de 2011 e junho de 2015", declarando ao fisco uma renda de 4,9 bilhões de ienes (37 milhões de euros), ao invés de quase 10 bilhões de ienes.
Também é suspeito de abuso de bens sociais, de acordo com uma investigação interna da Nissan nos últimos meses.
Na quarta-feira, um tribunal distrital de Tóquio prorrogou por 10 dias a detenção para permitir a continuidade das investigações. O período pode voltar a ser ampliado, de acordo com as regras do sistema judicial japonês.
A Mitsubishi Motors (MMC) também prevê a demissão de Ghosn em um conselho na próxima semana.
Na Renault prevalece a prudência. O conselho de administração pediu a Nissan que transmita o "conjunto das informações que possui no âmbito das investigações internas contra Ghosn".
A montadora francesa nomeou Thierry Bolloré, número dois da empresa, para assumir o posto de Ghosn de forma interina.