Nissan: objetivo, segundo a empresa, é esclarecer as causas do problema e corrigi-lo (foto/Getty Images)
EFE
Publicado em 17 de novembro de 2017 às 11h54.
Tóquio - Diretores da Nissan anunciaram nesta sexta-feira que devolverão parte do seu salário para assumir a responsabilidade pelo escândalo das inspeções irregulares nas unidades da empresa, que acarretou o recall de mais de um milhão de veículos.
O executivo-chefe do fabricante automobilístico japonês, Hiroto Saikawa, anunciou esta medida em entrevista coletiva convocada para apresentar as conclusões da investigação interna conduzida pela Nissan, com o objetivo de esclarecer as causas do problema e corrigi-lo.
As inspeções de segurança dos veículos produzidos nas suas unidades japonesas foram realizadas por pessoal sem a qualificação necessária durante pelo menos 30 anos, explicou Saikawa, que atribuiu estas irregularidades sistemáticas à carência de pessoal com credenciamento exigido.
A responsabilidade recai principalmente "nos chefes das fábricas e na direção da empresa", disse o executivo-chefe na entrevista coletiva realizada na sede da Nissan em Yokohama, no sul de Tóquio.
Por isso, Saikawa e os outros membros da junta diretiva decidiram "renunciar de forma voluntária a uma parte do seu salário" de outubro deste ano até o próximo mês de março, quando concluirá o ano fiscal em curso.
Saikawa não quis revelar as quantias concretas que os diretores devolverão, e afirmou que a empresa "deve fazer todo o possível para recuperar a confiança dos consumidores".
Depois que o problema foi revelado no final de setembro, a companhia convocou para recall 1,2 milhão de automóveis no Japão e interrompeu a produção dos seus veículos no país durante quase três semanas, o que causou uma queda nas suas vendas domésticas de cerca de 50% em outubro.
Isto já teve um impacto nas contas do segundo maior fabricante japonês do setor - e primeiro do país e do mundo se foram levadas em conta as vendas conjuntas da aliança Nissan-Renault -, cujos lucros líquido e operacional retrocederam durante o primeiro semestre do ano.
Para corrigir as irregularidades, que concerniam apenas à legislação japonesa e só tiveram impacto sobre sua produção nacional, a Nissan modificará suas instalações e procedimentos de inspeção de modo que esta só possa ser realizada por pessoal devidamente qualificado.
O escândalo da Nissan se soma a uma sucessão de infrações similares que afetaram recentemente outras empresas automobilísticas japonesas como Mitsubishi e Subaru, assim como a metalúrgica Kobe Steel, e que minaram a credibilidade do setor privado da terceira maior economia mundial.