Adriana Barbosa, CEO da Pretahub (esquerda) e Egnalda Côrtes, fundadora e CEO da Côrtes Assessoria (direita): impacto social deve ser incômodo positivo para inovação nas empresas (Marcelo/ Green Fotografias/Divulgação)
* De Florianópolis, Santa Catarina
Empreender não é um mar de rosas. Pelo contrário. Recorrer ao empreendedorismo pode ser, muitas vezes, uma maneira de driblar situações econômicas e sociais adversas em busca de alguma independência financeira.
O cenário por si só é desafiador, e pode ser ainda mais complicado caso o empreendedor por trás do negócio faça parte de algum grupo subrepresentado socialmente, como mulheres e pessoas negras, por exemplo. Um indicador que revela bem essas premissas é o de negócios liderados por pessoas mulheres durante a pandemia: de acordo com a RME, mais de 80% deles fecharam as portas parcial ou definitivamente.
O contexto desafiador do empreendedorismo feminino e negro e a geração de impacto de negócios desse tipo foram pauta no segundo dia do RD Summit, evento de tecnologia que acontece esta semana em Florianópolis (SC).
Para discutir o assunto, uma palestra reuniu Adriana Barbosa, CEO da PretaHub; Preto Zezé, presidente na Central Única das Favelas (CUFA); Egnalda Côrtes, fundadora e CEO da Côrtes Assessoria e Carlos Pignatari, diretor de impacto social da Ambev.
Para Côrtes, o ponto de partida na discussão sobre o empreendedorismo social (aqui, classificado pelos palestrantes como todo tipo de iniciativa empresarial que contribua com o desenvolvimento econômico de classes subrepresentadas) é relacionar o tema à necessidade de inovação, e não apenas dentro desses pequenos negócios. "Inovação boa é aquela que incomoda. Falar de empreendedorismo social e representatividade hoje está gerando esse incômodo positivo em muitas organizações".
Pignatari afirma que de fato a pauta já chegou às grandes empresas, agora cientes de seu papel como fomentadoras de uma economia pautada na geração de impacto, e não apenas de lucro financeiro. "É uma questão de entender como podemos ajudar em um crescimento conjunto", disse.
Após detalharem suas experiências com o tema — a CUFA, por exemplo, criou recentemente a Escola de Negócios da Favela para desenvolver empreendedores de favelas em todo o país — os palestrantes reuniram dicas para que a agenda do impacto social avance.
Para Adriana Barbosa, do Pretahub, a necessidade é por maior encorajamento a empreendedores sociais Brasil adentro. Diante disso, ela recomenda uma boa dose de coragem para quem deseja empreender com impacto, especialmente empreendedores negros. "Vai ser difícil. Por isso, além de acompanhar o que acontece no mundo, você precisa tambem desenvolver uma boa musculatura emocional para não desistir ao lidar com os desafios e o racismo", diz.
Além disso, ela indica a proximidade com diferentes redes de apoio a pequenos negócios (como o próprio hub de capacitação da Pretahub). Em terceiro lugar, reforça a importância de acompanhar de perto o que há de mais novo no universo do empreendedorismo. "Você precisa saber o que está sendo dito, para saber também saber questionar", diz.
* A jornalista viajou a convite da RD Station
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