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Devolução de áreas de petróleo esvazia ativos da OGX

Companhia de Eike Batista deverá devolver ao governo brasileiro mais três campos de petróleo


	Funcionário da OGX em plataforma de exploração de petróleo: provável devolução dos campos, originários do bloco BM-C-41, significará mais uma perda no portfólio da OGX
 (Divulgação)

Funcionário da OGX em plataforma de exploração de petróleo: provável devolução dos campos, originários do bloco BM-C-41, significará mais uma perda no portfólio da OGX (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2013 às 20h20.

Rio de Janeiro - A OGX deverá devolver ao governo brasileiro mais três campos de petróleo, em um movimento que se soma a uma série de devoluções anteriores e reduz a base de ativos da endividada petroleira de Eike Batista que está à beira do default.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) rejeitou pedido da OGX para que a companhia mantenha áreas de petróleo onde investimentos foram suspensos, em decisão que deverá forçar a petroleira a devolver novas áreas exploratórias à União.

A OGX solicitou à reguladora a suspensão das atividades nos campos Tubarão Tigre, Tubarão Areia e Tubarão Gato, por um prazo de até cinco anos, alegando falta de tecnologia existente, mas a agência negou e exigiu a apresentação de planos de desenvolvimento para os campos, afirmou o diretor da reguladora, Florival Carvalho.

"A OGX não nos convenceu de que não há tecnologia para desenvolver aqueles campos", disse o diretor da ANP à Reuters nesta segunda-feira, por telefone.

A provável devolução dos campos, originários do bloco BM-C-41, significará mais uma perda no portfólio da OGX, num momento em que a companhia cogita a venda de ativos como forma de geração de caixa e sobrevivência.

Recentemente, a OGX devolveu as áreas de Tambora e Tupungato, do mesmo bloco BM-C-41, bem como as acumulações de Cozumel e Cancun, do bloco BM-C-37, todas da Bacia de Campos.

Áreas das bacias de Santos e Espírito Santo também foram devolvidas pela petroleira, mesmo após o anúncio de importantes volumes estimados de petróleo.


Procurada, a OGX não comentou imediatamente o assunto nem se vai apresentar um recurso à ANP.

Promessas Não Cumpridas

A OGX devolveu em março para a União um bloco na Bacia de Santos sobre o qual havia anunciado a existência de reservatórios no pré-sal em águas rasas que representavam "um marco para a indústria". Em janeiro de 2012, a empresa afirmara que o bloco BM-S-57 possuía coluna com hidrocarbonetos de mil metros, com boas condições de porosidade e alta pressão, o que significava uma excelente descoberta.

Na ocasião, a revista Veja publicou em seu site que a área possuía 2 bilhões de barris de petróleo, com repercussão de outros veículos de comunicação em seguida.

A devolução do bloco sem um comunicado ou fato relevante ao mercado para informar o ocorrido despertou críticas de alguns investidores, acusando a OGX de ter superestimado informações e tentado ofuscar fracassos ao longo de sua trajetória.

"Um detalhe muito importante a ser notado é que no dia 16 de janeiro de 2012 (dia do fato relevante com notícia positiva sobre o BM-S-57), ocorria vencimento de opções... esta notícia nos pareceu muito bem plantada, casuisticamente no dia do vencimento de opções", disse o economista Aurélio Valporto, representante de um grupo de 70 acionistas da OGX.

No mesmo fato relevante, sobre a descoberta chamada de Fortaleza, a OGX informara que mantinha estimativas de 1,8 bilhão de barris de óleo equivalente para a Bacia de Santos, mas que testes complementares e perfuração de poços de delimitação poderiam superar aquelas estimativas.


"O fato estarrecedor é que, na verdade, este petróleo jamais existiu, nunca mais se falou no campo", acrescentou Valporto.

A informação sobre a devolução do bloco consta no relatório de resultados da OGX referente ao último trimestre de 2012, o que, para o investidor, foi insuficiente porque tratou a área como outra qualquer, sem especificar que a devolução significaria o fim do que seria um grande marco.

O mesmo BM-S-57 apresentara anteriormente resultado não comercial no poço OGX 12, conhecido como Niterói, em julho de 2010.

Para especialistas do setor, a OGX alardeou descobertas e comunicou volumes que poderiam ter tido mais estudos para baseá-los.

A mesma crítica é direcionada à declaração de comercialidade de Tubarão Areia, Tubarão Gato e Tubarão Tigre, considerada prematura pelos mesmos críticos.

823 mi barris "suspensos"

A empresa informou a suspensão do desenvolvimento das áreas de Tubarão Areia, Tubarão Gato e Tubarão Tigre poucos meses depois de declarar sua comercialidade, com volume total estimado em 823 milhões de barris de petróleo para os três campos na ocasião.

A dúvida da ANP, compartilhada por críticos da OGX, é por que a empresa declarou comercialidade, atestando a viabilidade comercial dos campos, e em seguida mudou o posicionamento, alegando falta de tecnologia.


Se a OGX não apresentar à ANP planos de desenvolvimento para as áreas, poderá ter o contrato de concessão extinto e os três campos, originários do bloco BM-C-41, devolvidos à reguladora, explicou o diretor. A petroleira ainda pode recorrer da decisão da agência, acrescentou Carvalho.

A OGX tenta ficar com as áreas mesmo sem desenvolvê-las com base em regra que assegura os direitos dos concessionários em situações extraordinárias, que neste caso, seria a falta de tecnologia.

A companhia informou em julho ter concluído que "não existe, no momento, tecnologia capaz de tornar economicamente viável o desenvolvimento dos campos de Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia".

Além dos três campos do bloco BM-C-41 que poderá ter de devolver, das duas áreas do BM-C-37 e o bloco BM-S-57, em Santos, a OGX devolveu o bloco BM-S-29, na mesma bacia, este no ano passado.

Em março de 2013, a OGX decidiu devolver à ANP o bloco BM-ES-37, no qual a OGX detinha uma participação de 50 por cento. Em outubro de 2012, a companhia também devolveu o bloco BM-ES-38 à ANP.

Por outro lado, a OGX conseguiu anteriormente aprovação de planos para outras áreas localizadas na Bacia de Campos e Santos.

Essas áreas tinham prazo exploratório vencendo neste ano, mas com o aval da agência a empresa terá mais tempo para ficar com as concessões. Ficarão com a OGX, por exemplo, Vezúvio, Itacoatiara e Tulum, na Bacia de Campos. Na Bacia de Santos, a ANP aprovou planos de avaliação de descoberta para Natal e Curitiba.

A ação da OGX fechou em baixa de 13 por cento nesta segunda-feira, enquanto o Ibovespa caiu 0,8 por cento.

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