Avião da Malaysia Airlines manobrando no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, na Malásia (Charles Pertwee/Bloomberg/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2014 às 17h34.
A Malaysian Airline System considerará eliminar empregos, revisar pedidos de aviões e substituir seu CEO depois que a companhia aérea nacional sofreu dois desastres neste ano, disseram fontes do setor.
A companhia controladora da linha aérea, o fundo de riqueza soberana Khazanah Nasional, discutirá as propostas amanhã, incluindo também a eliminação de algumas rotas, disse uma fonte que pediu o anonimato porque as discussões são privadas.
A operadora poderia precisar demitir entre 3.000 e 4.000 pessoas, disse outra fonte. A companhia aérea tinha 19.577 funcionários no final do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg.
O Khazanah também falará com até três pessoas como possíveis candidatas para substituírem o CEO da Malaysia Airlines, Ahmad Jauhari Yahya, cujo mandato expirará em meados de setembro, disse uma das fontes.
As medidas de reestruturação e a oferta feita neste mês pelo Khazanah para comprar as posses de acionistas minoritários fazem parte do plano para reviver a companhia aérea com sede em Subang, Malásia.
A operadora, que informará seus lucros em 28 de agosto, está tendo problemas para reduzir perdas e recompor sua imagem depois que a derrubada do voo 17 na Ucrânia no mês passado agravou os infortúnios causados pelo sumiço de um jato em março.
“A linha aérea precisa racionalizar sua frota”, disse K. Ajith, analista da UOB Kay Hian Pte em Cingapura.
“A questão é onde, como e qual tipo de avião. Talvez as rotas europeias de longa distância sejam eliminadas. As rotas europeias têm sido deficitárias para a Malaysia Airlines”.
Medidas duras
A companhia aérea precisa tomar medidas duras em uma reforma completa e o governo e o Khazanah estão nas etapas finais de trabalho no plano de reestruturação, disse em 8 de agosto o primeiro-ministro Najib Razak.
O Khazanah disse que ele compraria a participação de 30,6 por cento que não tinha ainda na companhia a 27 sen por ação, para um total de 1,38 bilhão de ringgit (US$ 436 milhões).
O fundo planeja retirar a empresa da bolsa depois dos dois desastres.
Mesmo antes disso, a Malaysia Airlines tinha acumulado perdas pela criação de cada vez mais companhias aéreas de baixo custo no Sudeste Asiático, que atraíram clientes reduzindo as taxas.
A empresa não cumpriu sua meta de se tornar lucrativa no ano passado pela alta dos custos do combustível, da manutenção e do financiamento.
Voos 17 e 370
O voo 17 foi derrubado na Ucrânia em julho, quatro meses depois que um jato que ia a Pequim de Kuala Lampur desapareceu.
O primeiro incidente colocou a linha aérea sob escrutínio internacional, pondo em perigo sua reputação e causando boicotes na China, país de origem da maioria dos passageiros.
Não foram achados rastros do avião na busca mais prolongada de um avião perdido na história da aviação moderna mundial.
Mesmo antes desse desaparecimento, a Malaysia Airlines tinha acumulado 4,13 bilhões de ringgit em perdas durante os três anos anteriores.
A operadora provavelmente perca mais de 1 bilhão de ringgit em 2014, segundo a média de estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg.
Ahmad Jauhari, veterano do setor de energia de 60 anos, se uniu à companhia aérea em setembro de 2011 e teve problemas para tornar a empresa lucrativa, já que ela foi afetada por rotas inviáveis e pela concorrência de operadoras de baixo custo como a AirAsia Bhd.
Sua carreira também incluiu empregos na Esso Malaysia Bhd., que na época era a unidade varejista de petróleo da Exxon Mobil Corp., e na editora de jornais New Straits Times Press Bhd.
As opções para um plano de ressurreição da linha aérea tinham abrangido de que o Khazanah a tornasse de capital fechado até declarar a falência, e ambas as possibilidades envolviam uma saída da bolsa, disse uma fonte do setor no mês passado, pedindo não ser identificada porque as negociações eram privadas.
Em maio, o diretor de operações comerciais da Malaysia Airlines, Hugh Dunleavy, tinha descartado uma falência.